sexta-feira, 30 de abril de 2021

A CONJUNTURA BRASIL E A CPI DA PANDEMIA


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Compromisso com a verdade, com a transparência e a ciência. Responsabilidade com a vida de mais de 210 milhões de brasileiros. Esse precisa ser o norte da CPI da Pandemia, que promete ser uma das mais marcantes da nossa história.

O que diferencia esta comissão parlamentar de inquérito de todas as anteriores é que não vamos nos debruçar apenas sobre fatos passados, mas também sobre o presente e até mesmo sobre o futuro. Muito mais do que apontar culpas, temos, a partir do trabalho desta comissão, a oportunidade de apontar caminhos que levarão a salvar milhares de vidas.

Ao investigar erros e omissões do governo federal –e eventualmente de governos estaduais e municipais, na administração de recursos repassados pela União–, temos a chance de corrigir as decisões e os rumos adotados até agora no enfrentamento da pandemia. Decisões e rumos tão equivocados que impuseram ao país um rastro dramático de medo, de perdas e sofrimento. Na saúde, na economia, na área social.

O legado da falta de planejamento e da falta de vontade política na luta contra a covid-19 pode ser medido, dia após dia, pelo agravamento da crise que fecha as portas de tantas empresas e empurra uma multidão de brasileiros para a fome e para o desemprego. Pode ser mensurado, também a cada dia, pela escalada galopante de vidas perdidas para o coronavírus.

A ausência de estratégia e coordenação nacional multiplicou a dor e a angústia dos profissionais de saúde, os heróis dessa pandemia, que travam uma luta muitas vezes inglória, diante da insuficiência de leitos, de remédios e insumos básicos nos hospitais. Basta lembrar a crise de abastecimento de oxigênio no Amazonas, quando acompanhamos, horrorizados, milhares de pessoas morrendo asfixiadas, em desespero.

A CPI da Pandemia é uma resposta a todos os amazonenses que sofreram os dois meses mais negros da nossa história. Uma resposta a todas as famílias que perderam seus entes queridos para a covid-19.

Faltaram recursos? Não foi o caso. Aprovamos um Orçamento de guerra e garantimos todos os meios necessários, do ponto de vista financeiro e orçamentário, para o enfrentamento da pandemia. Fomos surpreendidos com problemas inesperados? Também não foi o caso, decididamente.

A tragédia que vivemos hoje no Brasil é uma tragédia mais que anunciada. Não faltaram alertas –inclusive de minha parte– de que o caos sanitário que assolou o Amazonas iria se repetir país afora.

Não há justificativa para a falta de medicamentos e insumos, para a crise de abastecimento dos kits de intubação. Por que não tratamos de prevenir o problema, usando aviões da FAB para trazer e distribuir esses kits?

Mas nada se compara ao erro primário da falta de programação, de disposição e espírito público na compra das vacinas.

No mundo inteiro, a notícia da descoberta da vacina fez com que o medo desse lugar à esperança. Mas no Brasil, onde a ciência foi tantas vezes atropelada pela desinformação, pelo negacionismo e pela irresponsabilidade, o governo se negou a planejar e a negociar  antecipadamente a compra de imunizantes, quando eles ainda estavam disponíveis no mercado global.

Estamos colhendo o que plantamos. Temos uma vacinação a conta-gotas e um abismo assustador entre o número de imunizados e o percentual mínimo necessário para frear o contágio.

A CPI não pode ignorar os tropeços da nossa diplomacia, hoje mais do que nunca fundamental nas negociações para a aquisição das vacinas. Nem pode fechar os olhos para a perda de foco, de tempo e energia com disputas federativas e conflitos políticos completamente inoportunos, alimentados ao longo da pandemia.

A falta de transparência tem sido outro pecado imperdoável. Inúmeras informações sobre o avanço da pandemia ou sobre ações desencadeadas pelo governo simplesmente não vêm a público. Pior: somos bombardeados, a todo tempo, com dados desencontrados por parte das autoridades sanitárias. Previsões sobre a chegada e a distribuição das vacinas mudam a cada dia.

O povo se vê perdido em meio à inexistência de coordenação e de estratégia no combate à pandemia. Hospitais e profissionais de saúde também se encontram desnorteados, sem uma orientação clara de ação, até mesmo em termos de protocolo de tratamento da doença.

Resta salientar que a CPI não tem nem pode ter, de forma alguma, o objetivo de servir de palco político e partidário a quem quer que seja. Vida e esperança são valores que nos unem a todos, independentemente de coloração partidária, classe econômica, raça. São esses valores que precisamos honrar na comissão, ao longo dos próximos meses." 




(Eduardo Braga, MDB-AM, integrante da CPI da Pandemia, é Senador da República. "CPI da Pandemia é a resposta que o Brasil precisa" - Poder 360 - Aqui.

Presentemente, enquanto o mandatário-mor continua se dizendo 'tranquilo' e garantindo que não está nem um pouco incomodado diante dos acontecimentos e perspectivas, ao menos o atual Ministro da Saúde falou amistosamente à Organização Mundial da Saúde, ainda que tentando dourar a pílula, como se dizia no século passado. E silenciando quanto à ultrapassagem da marca de 400 mil mortos por covid19).

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