segunda-feira, 26 de abril de 2021

OSCAR 2021: HOPKINS, O MELHOR ATOR


Anthony Hopkins ganha o Oscar de melhor ator por 'Meu Pai'
O Oscar de melhor ator é de Anthony Hopkins por "Meu Pai". Interpretando um idoso com demência, o ator britânico de 83 anos superou o favorito Chadwick Boseman, já que a maioria das apostas dava como certa a vitória póstuma para o ator de "A Voz Suprema do Blues", que morreu no ano passado aos 43 anos.
Além de Boseman, Hopkins também supera Riz Ahmed ("O Som do Silêncio"), Chadwick Boseman ("A Voz Suprema do Blues"), Gary Oldman ("Mank") e Steven Yeun ("Minari"). (...).
 - Aqui.
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Post publicado neste Blog no dia 7:

O filme britânico 'Meu Pai' é um dos grandes candidatos ao Oscar, com seis indicações.
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Um ancião (Anthony Hopkins) "lamentando um pouco a possibilidade de não estar podendo recolher as folhas caindo das árvores que eram da sua infância, lá fora, na praça...".


Por 
Léa Maria Aarão Reis

The father passará à história do cinema como uma pequena joia. É um filme curto, extraordinário, de 97 minutos, do britânico Christopher Hampton com roteiro de sua autoria em colaboração com o autor da peça teatral, Florian Zeller. O jovem escritor e dramaturgo francês encontrou inspiração para encenar a história no próprio ator Anthony Hopkins. Relatou no palco os anos finais do seu personagem, o velho pai da personagem Anne, que aos 81 anos, cambaleando entre a racionalidade e a fantasia antes de cair no vazio da demência senil não está mais apto a viver sozinho.

Meu pai - um título mais comercial encontrado para o português, mas que não oferece a mesma a carga dramática do original - estreia no próximo dia 9 deste mês nas plataformas digitais Now, Itunes (Apple TV) e Google Play e é um dos grandes cartazes disputando o Oscar deste ano com seis indicações. Melhor ator, melhor filme, atriz coadjuvante (a excepcional Olívia Colman, e sem falar de Hopkins, como sempre brilhante), montagem precisa, a fascinante direção de arte e o roteiro adaptado.

tour de force de interpretação de Hopkins, Colman, Mark Gatiss, Imogen Poots, Rufus Sewell e Olivia Williams, admiráveis atores vindos da poderosa tradição teatral inglesa, é resultado da marcação meticulosa do diretor ao narrar a situação delicada de um velho engenheiro aposentado e bem sucedido, que mora sozinho (sozinho?) no seu apartamento em Londres. Ele começa a se insurgir contra a antiga cuidadora que há tempos o acompanha e com seu comportamento passa a indicar para a filha Anne que não pode mais morar sozinho, com segurança, sem uma assistência permanente. Apresenta dificuldades em se manter na linha da realidade.


A memória imediata falha cada vez mais e o velho pai está mergulhando na confusão mental entre fantasia, delírio, fatos concretos, retorno a lembranças originais e na paranoia acompanhada de agressão e irritabilidade. A necessidade de levar o pai a viver numa instituição para idosos passa a ser uma possibilidade imediata quando Anne decide mudar para Paris e deixar de estar com o pai diariamente.


No início do filme há a sensação de estar diante de uma obra de teatro filmada como tão bem os ingleses sabem produzir. Logo a impressão se desvanece com o talento de Hampton, que no passado adaptou o roteiro da festejada versão cinematográfica dirigida por Stephen Frears de Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos, e agora transformou a peça de teatro de Zeller, seu amigo, em fino produto de cinema.

Presente, o humor britânico rascante, como na conversa da filha com o pai anunciando que precisa mudar para Paris onde vai viver com o novo marido, e em duas ocasiões ele protesta ''... mas em Paris não sabem falar inglês!'' Presente também a frieza das relações familiares saxônicas, aqui com a afeição, a generosidade e o acolhimento firmes da filha que afinal nunca foi a preferida do pai - ao contrário; sempre foi preterida pela talentosa irmã caçula.

Mas um dos aspectos mais admiráveis nessa sonata que vai levando os personagens embalados pelo belo som do piano de Ludovico Einaudi a se reposicionarem diante da decomposição mental do velho Anthony - fora, repetimos, a precisão do trabalho do pequeno elenco e a segurança da montagem cirúrgica - é a direção de arte desse filme.

Os ambientes dos apartamentos (ou será um único apartamento?) onde mora Anthony como que sublinham a casa vazia em que vai se transformando seu cérebro, seu coração e sua alma. E é exato o quase lusco-fusco da iluminação que remete a sombras cinza azuladas - não depressivas, mas simplesmente tristes - que vão pousando sobre até as mínimas e cotidianas operações mentais do protagonista.

O pequeno quadro da sequência final de The father vale o belo filme. Um Anthony lamentando um pouco a possibilidade de não estar podendo recolher as folhas caindo das árvores que eram da sua infância, lá fora, na praça, e a enfermeira/médica (atriz Olivia Williams, de precisão notável entre o profissionalismo e a delicadeza de uma pietá) embalando e consolando a criatura humana - afinal, apenas uma criança que sofre. Para conferir os ganhadores do Oscar 2021, clique Aqui.

Um filme necessário.  -  (FonteBoletim Carta Maior - Aqui). 

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.Nota
Para conferir os ganhadores do Oscar 2021, clique Aqui.

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