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Aposentadorias "retidas" subiam, mas só explodiram no fim do ano para fazer caixa
Governo institui novo salário-mínimo em percentual inferior à inflação observada. Estava propenso a deixar assim, mas tomou ciência de que os políticos não aprovariam a MP. Resolveu então 'normalizar' o assunto, porém dando-lhe uma roupagem eleitoral, no que foi atendido pela mídia. Em outra vertente, verifica-se que o caos previdenciário decorre de atitudes deliberadas, com vistas na obtenção de melhor fluxo de caixa. E, pior, as 'medidas saneadoras' talvez só venham a ser implementadas a partir de março, com o término do treinamento dos militares da reserva a serem mobilizados no trabalho de desencalhe dos processos. Ao que se revela lícito concluir que a busca de uma imagem 'positiva' vale mais do que mil artifícios.
Por Fernando Brito
(Ante)Ontem à noite afirmou-se aqui que o represamento das concessões de aposentadorias era uma “pedalada” do ministério da Economia para ajudar a melhorar seu fluxo de caixa.
Hoje, trago os números que sustentam esta afirmação, contidos na publicação oficial do INSS, o Boletim Estatístico da Previdência Social. Todos eles podem ser vistos aqui.
Em janeiro de 2019, quando o governo Bolsonaro assumiu, havia um total de 682,5 mil processos pendentes no INSS, divididos “meio a meio” entre os dependentes de análise e os que esperavam complementação documental.
Em outubro passado, este número havia subido para 904,7 mil, já agora quase 90% deles por conta de análise e pouco mais de 10% por documentação pendente.
Aceitemos que essa ampliação de 32,5% do estoque de processos (+ 220 mil), em dez meses, seja o resultado dos problemas operacionais causados pela falta de funcionários.
Mas como, então, aceitar, que em apenas dois meses – novembro e dezembro – o atraso tenha saltado mais de 100% e chegado a dois milhões de processos em atraso?
Como, se com as mesmas deficiências, de setembro para outubro o número de processos encalhados foi de pouco mais de 30 mil e, nos dois seguintes, teria subido, em cada um, mais de 500 mil?
Em dois meses, o nível de represamento subiu em mais de um milhão de processos, levando em conta que os pedidos, em novembro e dezembro, foram supostamente menores, porque quem tinha direito não esperou estes dois meses em que já vigia a “nova previdência”, já alongando o tempo de serviço e a idade necessárias ao pedido.
Só há uma maneira de isso ter sido possível: com uma orientação para não liberar os benefícios no final do ano, como forma de fazer caixa com os recursos previdenciários.
Não é “falha no sistema”, é falha de caráter. - (Fonte: Tijolaço - Aqui).
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