terça-feira, 21 de janeiro de 2020

OS 'CABEÇAS DE BAGRE' DOS INSTITUTOS LIBERAIS

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Enquanto o Ministério da Educação segue entalado na incompetência revelada na condução do exame do Enem (com material gráfico preparado/fornecido por empresa notoriamente inexperiente no ramo), a namoradinha aplica um drible desconcertante na Globo (aproveitando para brindar o Presidente com a expressão 'santo homem') e anuncia que poderá entrar em campo como estrela capaz de deixar o paparicado Moro (um pouco, vá lá) escanteado e, finalmente, a mídia silencia ante o desfecho de auditoria realizada em operações celebradas pelo BNDES - na era PT, evidentemente - (nenhuma irregularidade detectada - a não ser um significativo indício de bizarrice, para não dizer falcatrua: o fato de a tal auditoria ter custado R$ 48 milhões, monumental custo que parece estar a recomendar rigorosa auditoria na auditoria), permitimo-nos sugerir a leitura do artigo abaixo, de André Araújo:
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"O pensamento econômico é um misto de política e arte mais alguma coisa de ciência econômica, faz parte do mundo cultural e não de seitas religiosas."


Os 'cabeças de bagre' dos institutos liberais
Por André Araújo

Na esteira do discurso de Margaret Thatcher no fim dos anos 70, a “Dama de Ferro” hoje demonizada no Reino Unido, sua revisão biográfica não deixa pedra sobre pedra ao descrever um caráter horrendo, frio, desumano, não solidário, desagregador, só é admirada nos “institutos liberais” mundo afora, centros propagadores de uma ideologia de ultradireita próxima do fascismo que, por fata de estudo, ainda  encanta  essas almas penadas que precisam de muletas.
O pensamento econômico é um misto de política e arte mais alguma coisa de ciência econômica, faz parte do mundo cultural e não de seitas religiosas. PENSAMENTO ECONÔMICO NÃO PODE SER DOGMÁTICO, é um subproduto dos tempos e das circunstâncias, dos ciclos históricos e do clima social.
Só completos idiotas CRISTALIZAM uma doutrina com o neoliberalismo, tal qual pastores semianalfabetos acreditam na Bíblia literal e imutável sem interpretação, sem compreensão, sem reflexão, não tem a cultura prévia para entender sentidos figurados e parábolas, é o que está escrito e ponto.
DOUTRINAS ECONÔMICAS são ferramentas para gerir a economia com máxima eficiência, para melhorar as condições de vida das populações, portanto não pode ser “crença” sectária, como se a economia fosse um mundo estático e imutável. DOUTRINAS ECONÔMICAS devem ser operadas de acordo com o momento de um País e não como ideologia, é medicamento que varia de acordo com a doença, portanto desfraldar a bandeira do “neoliberalismo” dos anos 70 como algo que serve em 2020 é algo de uma estupidez única, mas é isso que os “institutos” fazem.
O DESASTRE THATCHER
A Dama de Ferro lançou a doutrina neoliberal para o mundo, pascácios de várias plumagens e reduzido QI tomaram esses dogmas como verdades eternas, esquecendo que o LIBERALISMO DE MERCADO provocou a maior crise econômica, social e política do Século XX, a CRISE DE 1929, só resolvida quando um governo inteligente abandonou o dogma liberal de Hoover e Andrew Mellon e trouxe o ESTADO PARA RESOLVER A CRISE, o New Deal de Roosevelt.
CRISES SÃO CIRCUNSTÂNCIAIS e não existe receita pronta para sair delas, é preciso CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA, crises de guerra, de pós-guerra, de depressão, de fome, de desemprego perigosamente desestabilizador, só podem ser RESOLVIDAS PELO ESTADO, o único ente que tem os recursos totais do País sob controle. O MERCADO JAMAIS PODERÁ RESOLVER GRANDES CRISES, aliás ele é o causador das grandes crises, como a de 2008 nos EUA, RESOLVIDA PELO ESTADO com um mega cheque do Tesouro de U$708 bilhões.
O fracasso do MERCADO LIBERAL em 1929 e seu desdobramento para a Europa foi a causa preparatória da Segunda Guerra Mundial, um fracasso histórico a ser colocado na conta do “mercado liberal” que só enxerga um palmo.
Se são as circunstâncias históricas que regem o pensamento econômico como é possível algumas cabeças acreditarem que um “modelo” serve para todo o sempre em qualquer circunstância, crise, desastre, miséria, país rico ou pais emergente? Esse dogmatismo dos neoliberais é essencialmente burro.
OS ‘INSTITUTOS” NEOLIBERAIS
Nos EUA são dois, o AMERICAN HERITAGE FOUNDATION e o AMERICAN ENTERPRISE INSTITUTTE, ambos em Washington, think tanks + lobby mas não propõe privatizações. Nos EUA, ao contrário do que dizem os neoliberais cariocas, há uma ENORME participação estatal na economia, que eles condenam no Brasil.
Grande parte da economia americana é gerenciada pelo ESTADO, que não confia nos mercados como solução para tudo, exemplos:
1.INFRAESTRUTURA – Rodovias, aeroportos, portos, água e esgoto, metrôs, ônibus coletivos nas cidades, energia hidroelétrica, tudo é ESTATAL nos EUA.
2.SUBSIDIOS E POLÍTICAS PÚBLICAS para TODA a agricultura, o ETANOL DE MILHO não é viável sem subsídio federal, que já custou, desde 2000, US$145 bilhões, o “fracking”, petróleo de xisto é POLÍTICA PÚBLICA com todo tipo de proteção e desoneração fiscal, CONSTRUÇÃO NAVAL tem subsídio pela Maritime Commission, as encomendas militares são a base da indústria aeronáutica, aeroespacial  e naval, tudo POLÍTICA PÚBLICA NA VEIA, dinheiro do Estado.
No Brasil na esteira do Plano Real nasceram vários “institutos” liberais como Casa das Garças, Instituto Millenium, Instituto Liberal,  Instituto von Mises, mas já antes houveram tentativas de criação desses centros, um deles, o CELE – Centro de Estudos da Livre Empresa, sob o patrocínio do International Republican Institute, braço externo do Partido Republicano, que organizou em 1995 uma Conferência Interamericana de Institutos Liberais, sob a presidência de Roberto na Confederação Nacional do Comércio em Brasília, participando entre outras a Fundacion Mediterranea, do então Ministro Domingo Cavallo, da Argentina, sendo este articulista o organizador e anfitrião, na qualidade de fundador e presidente do CELE. Fomos pioneiros nesse campo dos “institutos”, mas foi uma época, uma fase que passou, a fila anda, o mundo anda, esse neoliberalismo acabou em 2008, suas viúvas mais expressivas estão no Brasil de hoje.
UM PAÍS SEM POLÍTICAS PÚBLICAS
O Brasil, país emergente com 180 milhões de pobres, se desenvolveu de País essencialmente agrícola de monocultura, de 1930 a 1980, por POLÍTICAS PÚBLICAS, políticas de Estado, puxada por grandes empresas estatais, Banco do Brasil, BNDES, PETROBRAS, ELETROBRAS. Todo o sistema de políticas públicas foi desmontado a partir da Era Lava Jato e hoje o único eixo da economia brasileira é o “mercado” que, sozinho, JAMAIS terá o poder de fazer o País crescer, porque não é essa sua função, vocação ou obrigação.
O “mercado” tem um espaço na vida nacional, MAS não pode ser o único espaço. O mercado cuida de quem já tem dinheiro, mas não coloca dinheiro na mão de miseráveis e nem financia obra pública que não dá alto lucro, como o mundo inteiro, inclusive os EUA, sabe. INFRAESTRUTURA PÚBLICA é a chave do arranque do crescimento no Brasil, ESTE NÃO VIRÁ DO MERCADO. Privatizações e concessões como motor do crescimento é uma piada de mau gosto, os novos donos vão é despedir gente e aumentar tarifas, nada que traz crescimento, vão querer pagar seu investimento o mais rápido possível e para isso vão cortas gastos, folhas e maximizar dividendos.
NEOLIBERALISMO E FASCISMO
Um mercado exuberante, o “festão da XP” em um País de pobres, muito pobres e miseráveis SÓ FUNCIONA COM ESTADO REPRESSOR e aí esse tipo de “mercado só bom pra nós” vai ter que enfrentar resistências, mais cedo ou mais tarde, que virão pelas ruas, como no Chile, Equador e Colômbia.
O “mercado” pressentindo esse risco, FAZ ALIANÇA COM O FASCISMO, que é o Estado repressor antidemocrático de ultradireita, o que já acontece no Brasil.
O atual “mercado” no Brasil não tem nenhuma solução, NENHUMA, para o desempregado que não tem dinheiro sequer para condução para procurar emprego. Para isso é preciso ESTADO, o mesmo que extinguiu o MINISTÉRIO DO TRABALHO, que existe em todos os países civilizados do mundo, a começar pelos EUA, que tem um imenso DEPARTMENT OF LABOR, com 17.500 funcionários e orçamento de US$12 bilhões.
Não há pais sério, responsável, solidário com os que dependem do trabalho para viver, que não tenha um Ministério do Trabalho, EXTINTO NO BRASIL E OS ESCOMBROS ENTREGUES A NEOLIBERALISMO da pior espécie, rasteiro, boçal, vulgar, insensível ao que está em redor,  o empregado ficou sem um ente do Estado. CRIADO em 1940, para CUIDAR DO EMPREGO, com políticas de emprego, como tem no mundo inteiro, os Ministérios do Trabalho, a importância POLÍTICA da pasta é fundamental em um Estado democrático. Alguém DESLIGADO dos índices da Bolsa precisa pensar nos 100 milhões que dependem do Trabalho para comer.
Nem é preciso demonizar os “mercados” ELES NÃO TÊM FUNÇÃO DE PENSAR NO DESEMPREGO, seu objetivo único é lucro a curto prazo, não é o País, o pobre, a educação, a família, o futuro de 30 milhões de jovens que hoje sobrevivem entregando pizza ou (os mais afortunados) como motoristas de Uber, SÃO 4 MILHÕES DE FORMADOS NO ENSINO SUPERIOR DESEMPREGADOS, qual o plano dos  “institutos liberais” para eles?
Esses “institutos”, no meio da estagnação da economia, por falta de Estado VÃO ESCORREGANDO PARA O FASCISMO como falange de proteção de seus ganhos, um Arminio Fraga, fundador da Casa das Garças já pereceu isso e está do outro lado da trincheira, outros neoliberais matriculados como André Lara Rezende, Monica de Bolle, Zeina Latif (ex-XP) também perceberam sem serem de modo algum “progressistas”, trata-se de percepção da realidade que permite a pessoas inteligentes REVEREM posições anteriores, Keynes foi ortodoxo antes de ser heterodoxo,  assim como Schacht.
Hoje os “institutos” são mocós de fanáticos insensíveis ao mundo a seu redor, sequer percebem o que acontece globalmente, se aferram à sua prancha intelectual de baixo conteúdo, que aprenderam com algum guru ou até em cursos no exterior, péssimos para quem não tem cultura humanística anterior e absorvem o “curso” como seita de pastor fajuto. Muitos desses estão hoje no Governo despejando seus dogmas não digeridos. Que esses institutos tenham o fim dos cemitérios. Aliás, na Inglaterra, onde nasceu o neoliberalismo, não teriam fregueses, eles andam para a frente e não empacam.  -  (Fonte: Aqui).

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