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O futuro era logo ali
"A forte pressão dos mercados internacionais, o aprofundamento da condição periférica, a destruição da indústria nacional e a forte onda de privatizações de setores estratégicos do estado relegam o país cada vez mais à condição de mera 'potência primário-exportadora...'".
Por Maister F. da Silva
As duas primeiras décadas do Séc. XXI foram marcadas por extremos, a primeira pela expansão econômica mundial, que estimulou a integração da América do Sul, à época com governos populares e desenvolvimentistas, todavia, sem rupturas revolucionárias. A segunda, marcada por forte interferência externa, golpes violentos e o retorno das forças militares ao cenário político, sobretudo no Brasil, país mais influente da região. Há vários fatores que podem ser apontados como determinantes em ter nos levado a vivenciar essa virada drástica em um cenário que parecia estabilizado; vou me ater aqui a dois que considero os principais: a crise econômica de 2008 e a expansão da presença militar americana, com comentários ligeiramente rápidos.
Em primeiro lugar, passados doze anos da eclosão da crise seus efeitos continuam sendo desastrosos aos países que não foram agraciados com o convite ao “desenvolvimento consentido”. A forte pressão dos mercados internacionais, o aprofundamento da condição periférica, a destruição da indústria nacional e a forte onda de privatizações de setores estratégicos do estado relegam o país cada vez mais à condição de mera “potência” primário-exportadora, ou seja, não lhe é permitido ser dono de seu próprio destino, tampouco controlar sua política macroeconômica, um anão no cenário econômico mundial, mesmo sendo detentor de uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
Em segundo lugar, do ponto de vista político e militar, o aumento da presença militar americana na América do Sul serve para alertar que a América está “protegida”, mesmo a contragosto do povo. As elites brasileiras – civis e militares - preguiçosas em imbuir-se da grandeza de construir um projeto sul-americanista capaz de aprofundar as transformações sociais, combater as desigualdades nacionais e potencializar a construção de uma política regional mais alinhada aos interesses do continente, abdicaram de construir um sistema autônomo de segurança regional e optaram por viver sob a “proteção” tutelada norte-americana, no plano militar, político e econômico.
O Brasil, que está à mercê de interesses econômicos e geopolíticos alheios, hoje não luta por integração, nem por hegemonia no continente sul americano. Venceram as forças internas contrárias, que em nome do “cosmopolitismo de mercado”, que oferece lucro imediato, abandonaram o futuro generoso de projeção de poder e liderança internacional brasileiro. A partir da narrativa mentirosa do combate a corrupção, conseguiram incutir no povo brasileiro que o sistema político, a sociedade e a intelectualidade brasileira ainda não estavam preparados para tal empreitada. - (Fonte: Jornal GGN - Aqui).
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