terça-feira, 23 de julho de 2019

O NEGÓCIO DA LAVA JATO COM A INDÚSTRIA DA ANTICORRUPÇÃO (E OUTROS NEGÓCIOS)

(GGN)
O negócio da Lava Jato com a indústria da anticorrupção
Por Luis Nassif (No GGN)
Assim que cair a ficha da opinião pública, se constatará que o maior assalto cometido contra a Petrobras – em termos de valores – não foi o das empreiteiras, mas o da Lava Jato em cumplicidade com a direção (da Petrobras) indicada por Michel Temer.
O jogo já está desvendado.
  1. O Procurador Geral da República Rodrigo Janot vai aos Estados Unidos com a equipe da Lava Jato entregar provas contra a Petrobras ao Departamento de Justiça (DoJ) americano. Com essa manobra, tiraram a Petrobras da condição de vítima, para a de ré. Alertei, na época, que essa jogada ainda irá levar Janot a um tribunal civil, para que responda pelo crime de lesa-pátria.
  2. Na nova condição, a Petrobras ficou exposta não apenas a multas bilionárias, como impedida de atuar em novos mercados, vetados pelos Estados Unidos.
  3. O dinheiro da multa foi dividido com a Lava Jato, que efetivamente recebeu e depositou em uma agência da Caixa Econômica Federal aguardando a criação da tal fundação destinada a bancar campanhas, palestras e cursos sobre compliance.
  4. Os principais integrantes da Lava Jato montaram empresas de evento ou se aposentaram para montar escritórios de advocacia especializados em compliance. Dentre eles, o ex-PGR Rodrigo Janot, a esposa do ex-juiz Sérgio Moro, os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Deltan Dallagnol e Roberto Pozzobon.
  5. Ao mesmo tempo, a parceria com a nova diretoria da Petrobras abriu espaço para a contratação milionária de escritórios de advocacia americano para trabalhos de compliance, não apenas na Petrobras como na Eletrobras, por centenas de milhões de dólares.
  6. A principal beneficiária da indústria do compliance é Ellen Gracie, ex-Ministra da Supremo Tribunal Federal (STF). Coube a ela ser a interface da Petrobras com a Lava Jato. Nessa condição, procurou pessoalmente a PGR Raquel Dodge, tentando incluir no acordo um edifício da Petrobras em Curitiba – o escritório da Liquigás – para abrigar a Lava Jato. Dodge negou peremptoriamente autorização para a jogada.
No momento, Dodge se empenha em lutar, junto à Justiça americana, para que a Petrobras seja reconhecida como vítima, não como autora.
Provavelmente no dossiê Intercept haverá menções a autoridades na ativa que impulsionaram os escritórios dos quais se licenciaram na indústria do compliance ou das grandes causas.
Aliás, pelo bem da transparência pública, os Ministros Luiz Edson Fachin e Luis Roberto Barroso deveriam abrir informações sobre a carteira de clientes de seus escritórios que ficaram em nome de familiares.
Antes de ser nomeado para o STF e se tornado um juiz vingador, Fachin tinha um escritório acanhado que rapidamente cresceu a ponto de se tornar um dos maiores do Paraná.
Barroso e Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato do Rio, chegaram a ir aos Estados Unidos, em uma turnê sobre compliance, visitando grandes escritórios de advocacia interessados (clique aqui) em entrar no mercado brasileiro.
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O leitor Sérgio Vianna escreveu: 

"A memória histórica dos fatos é um privilégio de poucos. Com a memória histórica e a compreensão política por trás dos fatos o jornalista percebe melhor e mais rápido onde estão as conexões que dão profundidade às revelações e conformam os ilícitos cometidos pela gangue da Lava Jato e seus cúmplices. Parabéns pela observação, Aníbal Vilela – de fato, se Nassif pudesse ajudar na análise do material entregue ao The Intercept Brasil, mais revelações e mais comprovações já estariam à disposição da população."

De fato, Luis Nassif ofereceria imensurável contribuição na análise e concatenação dos fatos contidos no alentado material posto à disposição do The Intercept Brasil. Nassif, aliás, atuou por longo tempo como (principal) colunista de Economia do jornal Folha de S Paulo, ora aliado do Intercept. 
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E já que se está a falar em esperteza e obsessão em levar vantagem em tudo, com foco no poder e muito mais no vil metal, eis que apresentamos a seguinte dica de leitura:

Reportagens revelam envolvimento de família Dallagnol com grilagem e desmatamento de terras na Amazônia

Depois da Vaza Jato, que tem muitos capítulos e temporadas aguardadas pela frente, chega agora aos noticiários do país a série “Os Latifúndios dos Dallagnol na Amazônia“.
O portal De Olho Nos Ruralistas – Observatório do Agronegócio no Brasil lançou neste final de semana uma série de reportagens apontando o envolvimento da família do procurador e coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, em conflitos agrários, desmatamentos, latifúndios, desapropriações, loteamentos ilegais, grilagem e disputas em terras do município Nova Bandeirante, do noroeste do Mato Grosso.
A família Dallagnol começou adquirir terras alí nos anos 1980. O avô do procurador, Sabino Dallagnol, e os filhos, assim como muitos gaúchos e paranaenses, receberam apoio na ditadura militar para comprar grandes extensões de terras em áreas da Amazônia Legal a preços módicos.
O primeiro capítulo da série de reportagens mostra que, em maio deste ano, o Conselho Diretor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) instaurou um procedimento para investigar irregularidades na desapropriação de imóveis da Fazenda Japuranã, em Nova Bandeirante, situada em região de floresta na Amazônia Legal.
Desde meados dos anos 1990 os proprietários da gleba Japuranã aguardavam do governo federal indenização e desmembramento de parte do território onde passaram a viver 425 famílias que, até hoje, lutam pelo reconhecimento formal de permanecer na terra. Finalmente, em dezembro de 2016, no governo Temer, o Incra acertou a desapropriação de pelo menos 37 mil hectares, para fins de reforma agrária, indenizando os antigos proprietários em R$ 41 milhões.
Pelo menos 14 parentes de Deltan Dallagnol, incluindo o pai, Agenor Dallagnol, tios e primos, foram beneficiados com o recebimento de R$ 36,9 milhões. Números que chamaram a atenção do Conselho Diretor do Incra, presidido pelo general João Carlos de Jesus Corrêa que, no dia 10 de maio, definiu em uma resolução o bloqueio dos bens depositados e apontou “indícios de irregularidades nos atos praticados por servidores públicos”.  -  (Para continuar a leitura, clique Aqui). 

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ADENDO EM 24.07.19:

"A família do procurador e coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol chegou a ser proprietária, nos anos 1970, de 400 mil hectares de terras em Nova Bandeirantes, município da região noroeste do estado do Mato Grosso, na região da Amazônia Legal.

O perímetro é equivalente a cerca de dois terços do Distrito Federal ou do tamanho de Cabo Verde, além de ser praticamente metade de Nova Bandeirantes, com área total de 953 mil hectares. Estes dados estão na segunda matéria da série de reportagensOs Latifúndios dos Dallagnol na Amazônia“, produzida pelo site De olho nos ruralistas.
As informações foram possíveis graças a um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre a situação fundiária no Mato Grosso. O trabalho, coordenado pelo professor Bastiaan Philip Reydon, descobriu também que a família Dallagnol chegou à região de Nova Bandeirantes antes mesmo do processo oficial de colonização do município, iniciado na década de 1980 pela Colonizadora Bandeirantes (Coban).  -  (Para continuar a leitura de "Clã Dallagnol obteve metade do município de MT em área equivalente a Cabo Verde", clique Aqui).

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