Por que foi importante derrotar a Lava Jato no concurso do prêmio Allard
Por Eugênio Aragão
Não nos iludamos. O Prêmio Allard da Universidade de British Columbia, no Canadá, é um instrumento ideológico da economia global, que busca colocar países emergentes sob o denominador das economias centrais.
O tal “Combate à Corrupção” é mais um cavalo de batalha do imperialismo mercantil. Podem as economias centrais ver, no caso delas, a corrupção como comportamento desviante que enfraquece o standing das grandes corporações do capital em suas complexas sociedades. Mas o que elas insistem em ignorar é que a corrupção, entre nós, é consequência de uma sociedade profundamente desigual e que seu enfrentamento longe do esforço de inclusão social e do reforço às regras do devido processo legal e do julgamento justo só aprofunda a desigualdade e acirra o autoritarismo, destruindo empregos e a democracia.
Ainda assim é importante jogar com as contradições do discurso ideológico. Ao mostrar que a Operação Lava Jato representa a destruição de direitos civilizatórios, como a presunção de inocência, o respeito à verdade provada e a imparcialidade do julgador, tão proclamados como contribuição dos países centrais ao mundo, o recuo na jogação de confete a Deltan Dallagnol et caterva era inevitável. Tentaram salvar a face compartindo o prêmio entre os finalistas, mas a ganhadora foi uma jornalista do Azerbaijão.
Nos bastidores já se dava a vitória da Lava Jato como certa. Havia um jogo duplo até por parceiros progressistas, com medo de perda de reputação e espaço, mas a atuação incisiva de poucos estudantes e juristas fez a diferença e mostrou como o destemor de enfrentar os inimigos do progresso, da soberania nacional e da democracia vale a pena.
Esclarecer os desvios do moralismo tupiniquim é fundamental para mostrar ao mundo que o chamado “Combate à corrupção” não pode ser uma guerra sem regras de engajamento e sem respeito às leis. Vamos colocando os pingos nos ii. - (Fonte: Jornal GGN - aqui).
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O prêmio Allard foi para a jornalista investigativa Khadija Ismayilova, do Azerbaijão, que também ganhou 100 mil dólares canadenses (R$ 256 mil).
A premiação visa a reconhecer "esforços no combate à corrupção e na promoção dos direitos humanos". Direitos humanos guardam íntima relação com a Constituição Federal, e nesse particular a força-tarefa praticou vários atos questionáveis, para não dizer flagrantemente colidentes com garantias asseguradas pela Carta Magna, o que explica a atuação incisiva de estudantes e juristas contra a premiação da Lava Jato - aqui.
No palco, ao agradecer a menção honrosa recebida, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa e cortejado pelo Podemos para disputar cargo eletivo nas eleições 2018, afirmou, conforme se lê aqui:
"Você pode, outros cidadãos podem e nós, juntos, podemos, qual seja a boa causa, encarar injustiças e manter a esperança de criar um futuro melhor e um mundo melhor".
Boa exortação para animar eleitores.
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