domingo, 17 de setembro de 2017

PESOS, MEDIDAS E CRITÉRIOS JORNALÍSTICOS


"Quando veio a público a gravação de Temer em um encontro espúrio com um empresário investigado na calada da noite, a Folha correu para desqualificar o áudio.

Contratou um perito mequetrefe e decretou na machete do site: a prova estava editada e era inútil. A matéria escorou o combalido Temer e foi usada como justificativa por ele para resistir. A PF desmentiu o jornal e o perito, mas a forcinha já havia sido dada.

Agora, repete-se o expediente. A Folha crava: “a nova denúncia contra Temer sofre de gigantismo, falta de investigação“ e, para espanto de quem acompanha a Lava-Jato, "escolhe caminho arriscado" ao se apoiar em delatores.



Perceba: delatores. Agora, nada valem.

Retroaja uma semana e procure essa "análise" em qualquer denúncia contra Lula, Dilma ou um único filiado a um partido contrário ao governo. Tente se recordar se ela virou manchete.

Procure qualquer "análise" em manchete sobre "pacto de sangue" citado pelo 'delator' Palocci. Não há. Ou em relação à denúncia do tríplex, apoiada unicamente na palavra de... delatores. Não há.

Vá mais longe e investigue se houve a manchete "Análise: Impeachment de Dilma carece de crime de responsabilidade" - àquela altura, o próprio Ministério Público já havia rechaçado isso. Mas não há.

A manipulação não está apenas na distorção do ângulo das matérias - prática recorrente. Ela mora nos detalhes entre destacar e omitir, analisar e se esquivar, valorizar ou não delatores.

Essa seletividade é a coveira da razão.

P.S.: horas depois de promover a manchete com a análise sobre a "falta de fundamento" da denúncia contra Temer, a Folha manchetou supostos repasses em dinheiro vivo de Palocci a Lula. Pergunte-se se houve "análise" ou apenas a palavra de quem sequer é delator...".





(De Tiago Barbosa, post intitulado "Análise jornalística é um benefício apenas para a turma de Temer", divulgado aqui

Parafraseando um mote explorado por um velho amigo blogueiro curitibano, seria o caso de o jornal contrapor: "O arbítrio de estabelecer o que é 'irrelevante' ou 'prioritário' é meu, e eu faço com o meu arbítrio o que quiser!"

Arrematando: Se alguém se der ao trabalho de listar o que há de 'discutível' nos critérios adotados por redações/aquários e bastidores judiciais de certas 'repúblicas', vai ter muito o que registrar. O que, claro, não virá ao caso. Afinal, todos têm o direito de informar, independentemente do trâmite processual, que já formaram convicção de culpa, como se viu em recente interrogatório).

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