sexta-feira, 28 de outubro de 2016
O MERCHAN GLOBAL E O JORNALISMO DE GUERRA
Globo está usando até novela em seu jornalismo de guerra
Por Paulo Nogueira
Já não bastassem telejornais, jornais, rádios, revistas e sites, a Globo agora está usando mais uma arma em seu jornalismo de guerra.
Novela.
Você com certeza conhece o merchandising. A Globo o utiliza largamente em suas novelas.
Mas, até aqui, sempre com finalidades comerciais. Os personagens bebem cerveja, por exemplo, como se isso fizesse parte da trama. Ou entram num carro cuja marca está muito bem colocada, à vista do espectador.
Nada é ao acaso.Tudo é feito para vender. A tabela comercial nos merchans, como são informalmente conhecidos, é mais alta que a publicidade convencional.
Pois agora a Globo deu um novo passo em seu merchan: conteúdo ideológico. Vi isso num texto de André Pasti, na Carta Capital.
Foi um capítulo recente de A Lei do Amor. Um jornalista investigativo se vê ameaçado pela regulamentação da mídia. É uma coisa ruim que põe em risco a liberdade de expressão. Como notou o autor do artigo, o paradoxo é que ao mesmo tempo que abre fogo contra a regulamentação em seu entretenimento, a Globo não trata do assunto editorialmente em nenhuma de suas mídias. O nome do jornalista é Elio, provavelmente uma duvidosa honraria para o Elio verdadeiro, o Gaspari, colunista do Globo e da Folha.
É um fato novo e relevante na história da imprensa, e surpreende que, fora a Carta, ninguém tenha tocado no assunto.
Provavelmente o merchan político esteja em experimento na Globo. À moda da casa: longe das holofotes, sob completa discrição.
Mas e se pega?
Você imagina o que os personagens das novelas poderiam dizer sobre Lula, o PT e os culpados de sempre?
O merchan é mais caro, para o anunciante, porque muita gente não se dá conta de que é publicidade. É feito para ludibriar, para enganar. Para você achar que aquele ator ou atriz acendeu um cigarro porque isso faz parte do enredo, e não porque um fabricante tenha enchido a Globo de dinheiro.
O alerta foi dado pela Carta, e os riscos não são pequenos.
É a Globo aprimorando seu jornalismo de guerra.
(Diário do Centro do Mundo - AQUI).
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