EM POST DO DIA 12 REPRODUZIMOS NESTE BLOG O ARTIGO 'DESVENDANDO MORO' - AQUI -, DE AUTORIA DO CIENTISTA ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE:
"O húngaro George Pólya, um matemático sensato, o que é uma raridade, nos sugere ataques alternativos quando um problema parece insolúvel.
Um deles consiste em buscar exemplos semelhantes paralelos de problemas já resolvidos e usar suas soluções como primeira aproximação. Pois bem, a história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sérgio Moro e seus sequazes da Promotoria pública.
Dentre os exemplos se destaca o dominicano Girolamo Savanarola, representante tardio do puritanismo medieval. É notável o fato que Savanarola e Leonardo da Vinci tenham nascido no mesmo ano. Morria a Idade Média estrebuchando e nascia fulgurantemente o Renascimento.
Educado por seu avô, empedernido do moralista, o jovem Savanarola agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da Igreja. Para ele ter existido era absolutamente necessário o campo fértil da corrupção que permeou o início do Renascimento.
Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida. Todavia existe uma diferença essencial, apesar de muitas conformidades, entre o fanático dominicano e o juiz do Paraná - não há indícios de parcialidade nos registros históricos da exuberante vida de Savanarola, como aliás aponta o jovem Maquiavel, o mais fecundo pensador do Renascimento italiano.
É preciso, portanto, adicionar um outro componente à constituição da personalidade de Moro - o sentimento aristocrático, isto é, a sensação, inconsciente por vezes, de que se é superior ao resto da humanidade e de que lhe é destinado um lugar de dominância sobre os demais, o que poderíamos chamar de "síndrome do escolhido".
Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB.
A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT.
Savanarola, após ter abalado o poder dos Médici em Florença, é atraído ardilosamente a Roma pelo papa Alexandre 6º, o Borgia, corrupto e libertino, que se beneficiara com o enfraquecimento da ameaçadora Florença.
Em Roma, Savanarola foi queimado. Cuidado Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes.
Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB.
A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT.
Savanarola, após ter abalado o poder dos Médici em Florença, é atraído ardilosamente a Roma pelo papa Alexandre 6º, o Borgia, corrupto e libertino, que se beneficiara com o enfraquecimento da ameaçadora Florença.
Em Roma, Savanarola foi queimado. Cuidado Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes.
Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não."
AO QUE O JUIZ MORO SE MANIFESTOU, EM MENSAGEM À FOLHA, NOS SEGUINTES TERMOS:
"Lamentável que um respeitado jornal como a Folha conceda espaço para a publicação de artigo como o 'Desvendando Moro', e mais ainda surpreendente que o autor do artigo seja membro do Conselho Editorial da publicação. Sem qualquer base empírica, o autor desfila estereótipos e rancor contra os trabalhos judiciais na assim denominada Operação Lava Jato, realizando equiparações inapropriadas com fanático religioso e chegando a sugerir atos de violência contra o ora magistrado. A essa altura, salvo por cegueira ideológica, parece claro que o objeto dos processos em curso consiste em crimes de corrupção e não de opinião. Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha."
....
EIS QUE O CIENTISTA ROGÉRIO CEZAR OCUPA ESPAÇO DE LEITORES DA FOLHA NESSE SÁBADO, 15, COM A SEGUINTE NOTA:
"Respondo aqui ao juiz Sergio Moro, embora ele não tenha se rebaixado a responder a um simples plebeu, preferindo incitar Folha a censurar meus artigos. Acusa-me o juiz de promover atos de violência. O fogo a que me refiro é o fogo da história. Intelectos condicionados por princípios de intolerância não percebem a diferença entre metáforas e ações concretas. O juiz ainda se esquiva de responder à principal acusação que lhe faço, a de que é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes." (AQUI). ...
E NESTE DOMINGO...
"O colunista Elio Gaspari entrou na polêmica entre o juiz Sergio Moro e o físico Rogério Cezar Cerqueira Leite (saiba mais aqui) e avalia que a resposta do magistrado confirmou uma inclinação autoritária.
"Moro tem todo o direito de achar que o professor atacou-o com 'estereótipos e rancor', mas foi com estereótipos e rancor que respondeu. Cerqueira Leite fez um paralelo histórico e Moro não discutiu uma só virgula do artigo. Lamentou que o jornal publique coisas desse tipo e, pior, que mantenha o professor no seu conselho editorial. Despediu-se ensinando: 'A publicação de opiniões panfletárias-partidárias [...] deveriam ser evitadas'. Como? Savonarola publicava seus sermões e queimava os dos outros", diz o jornalista.
E NESTE DOMINGO...
"O colunista Elio Gaspari entrou na polêmica entre o juiz Sergio Moro e o físico Rogério Cezar Cerqueira Leite (saiba mais aqui) e avalia que a resposta do magistrado confirmou uma inclinação autoritária.
"Moro tem todo o direito de achar que o professor atacou-o com 'estereótipos e rancor', mas foi com estereótipos e rancor que respondeu. Cerqueira Leite fez um paralelo histórico e Moro não discutiu uma só virgula do artigo. Lamentou que o jornal publique coisas desse tipo e, pior, que mantenha o professor no seu conselho editorial. Despediu-se ensinando: 'A publicação de opiniões panfletárias-partidárias [...] deveriam ser evitadas'. Como? Savonarola publicava seus sermões e queimava os dos outros", diz o jornalista.
"Moro viu demônios quando disse que Cerqueira Leite chegou 'a sugerir atos de violência contra o ora magistrado'. O papismo dizia que Savonarola era doido, mas o professor não sugeriu que se enforque o 'ora' magistrado. Moro se queixa de que a comparação com Savonarola não teve 'base empírica'. O que isso quer dizer, não se sabe. O artigo de Cerqueira Leite foi mais uma opinião no grande debate aberto pela Operação Lava Jato. A contrariedade de Moro produziu uma surpresa: há algo de Savonarola no seu sistema." - (AQUI).
................
Duas observações:
1) O juiz Moro afirmou em sua nota que 'A publicação de opiniões panfletárias-partidárias [...] deveriam ser evitadas'. Sem querer ser antipático, mas sendo: "Deveriam", assim, no plural?!
2) Gaspari diz que "O artigo de Cerqueira Leite foi mais uma opinião no grande debate aberto pela Operação Lava Jato. A contrariedade de Moro produziu uma surpresa: há algo de Savonarola no seu sistema." Produziu uma surpresa?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário