"1º) Um ponto de vista, é a vista de um ponto!" O Conselho Permanente da CNBB emitiu esta Nota consciente de que é preciso alertar a Nação para os males da PEC 241. Procurou colocar-se, pois, do ponto de vista dos mais necessitados e que mais sofrerão suas consequências. Se a PEC 241 é tão boa assim, por que seu conteúdo não foi colocado para a sociedade discutir? Por que foi aprovada pela Câmara Federal tão rapidamente? (Alguém se lembra de outra Proposta de Emenda à Constituição aprovada em tão pouco tempo?...). Afinal, não se trata de uma Proposta qualquer, mas de uma proposta de emenda àquele que é o nosso texto principal: a Constituição.
2º) Com a PEC 241 haverá limites para o investimento em saúde, educação etc., mas não foi colocado limite algum para o pagamento dos juros da dívida pública. Aliás, por que o Governo não faz uma auditoria da dívida pública? Não fazendo, apenas repete o comportamento do Governo anterior que, antes de ser eleito, falou muito da necessidade de fazer essa auditoria; ficou no Governo 14 anos e nada fez. Vamos continuar assim, simplesmente pagando juros?
3º) Para o capital mundial, esta PEC é tudo o que ele gostaria de ver aprovado. Os Bancos, que já ganharam muito nos últimos anos, vão ganhar ainda mais. Sobrará dinheiro para investirem na Imprensa, dizendo que esse sacrifício é mesmo necessário para o bem "do Brasil".
4º) Chamar de marxista quem pensa diferente de nós é o mesmo que condenar Jesus por ter dito aos apóstolos, diante da fome da multidão: "Dai-lhes vós mesmos de comer!" Se pensar nos pobres e nos que mais serão afetados pela PEC 241 for um gesto marxista, perguntemo-nos: O que fazer com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, dele consequente?
5º) Cada qual tem direito de pensar diferente; a própria Nota incentiva o diálogo, que não tem havido. Peço apenas, aos que pensam diferente do que está na referida Nota, que a guardem e a releiam daqui a 3 ou 4 anos...
Quem viver, verá."
(De Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, sobre a PEC 55 - ex-PEC 241 -, objeto de abordagem por parte da CNBB em NOTA do dia 27.
Num site que reproduz a nota de Dom Krieger - AQUI -, tive a curiosidade de ler alguns dos comentários suscitados. Selecionei dois deles:
1. Comentário de Sheila Prass:
"Com a PEC fazemos um ajuste gradual ao longo de 20 anos com os gastos crescendo até a inflação e priorizando Saúde e Educação. Sem ela, cortamos todos os gastos agressivamente e jogamos a economia brasileira na mais grave crise da História. Escolha."
2. Ao que L. L. Vanderlei contrapôs:
"Fiquei interessado em sua defesa da PEC. Poderia explicar um pouco mais? Que acha de anexar a pec na íntegra e compartilhar seus argumentos aos pontos mais delicados? Apresente análises econômicas e projeções que corroborem seu ponto de vista. Sabe se algum outro país já tentou congelar praticamente todos os gastos por vinte anos? Se sim, qual o resultado? Qual a estratégia para manter educação, saúde e assistência social em níveis minimamente dignos para os próximos vinte anos? Poderia nos explicar por que não diminuir a taxa de juros, cuja parcela da despesa pública é muito, muito maior do que o que se pode economizar em educação e saúde com a pec 241? E quanto à ideia de taxar grandes fortunas? O que você acha? E os salários milionários de muitos juízes e procuradores? Por que ninguém cogita reduzi-los? Como vai ficar a indústria nacional com um Estado não investindo praticamente mais nada?"
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Uma singela observação deste blog: A última das indagações acima - sobre a indústria nacional desamparada em face da redução/cessação de investimentos públicos suficientes -: uma parte da 'explicação' tem tudo para ser a seguinte: A ideia é, sob o argumento de que é preciso preservar investimentos, entregar o patrimônio público aos investidores externos e anunciar que o 'apurado' será aplicado em 'setores estratégicos').
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