quinta-feira, 15 de setembro de 2016
A LAVA JATO E O DELENDA LULA
- O MPF declarou que o ex-presidente Lula foi o 'comandante máximo' das falcatruas na Petrobras.
- É verdade. E é óbvio que o MPF não se precipitaria em apresentar denúncia tão categórica sem dispor de provas documentais e factuais altamente concretas e eloquentes, além, claro, de conversar previamente com o juiz da primeira instância.
- Isso aí. E se o juiz agir conforme prevê o script, terão sido favas contadas, uma vez que a segunda instância muito dificilmente alterará a sentença.
- De fato, de fato. Porém, em minha modesta opinião, algumas indagações parecem oportunas.
- Manda ver.
- Pedro Barusco, corrupto confesso, ex-gerente executivo de engenharia da Petrobras, afirmou - AQUI - que o esquema de propinas de que participou teve início em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso.
- Procede.
- O corrupto confesso Paulo Roberto Costa, funcionário da Petrobras desde 1978, "começou a assumir cargos de direção a partir de 1995, ainda no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo sido diretor da Braspetro (subsidiária da Petrobras) de 1997 a 2000" - aqui -, quando começou a fazer das suas.
- Procede.
- Nestor Cerveró, notório corrupto confesso, atuou na Petrobras como parceiro de Delcídio do Amaral, quando este exerceu o cargo de diretor de Gás e Energia, no período de 2000/2001, em pleno governo FHC - AQUI -! Posteriormente, Cerveró foi...
- Chega, basta! Afinal, cara, o que tudo isso tem a ver com o fato de o MPF ter classificado Lula como 'comandante máximo' das falcatruas?
- Simples: se alguns dos ex-dirigentes/altos executivos da Petrobras encalacrados na Lava Jato começaram a se locupletar ainda no governo FHC, como sustentar que o ex-presidente Lula foi 'comandante máximo' dos malfeitores? Por que o governo FHC 'deixou passar' esses meliantes? Quem comandava os facínoras naquela época?
- Mas acontece que...
- Há próceres de partidos diversos implicados na Lava Jato. Até de partidos do outro lado, como Aécio Neves e José Serra, mas isso, claro, não vem ao caso.
- Mais alguma dúvida? Falta mais alguma coisa?
- Falta, sim: o acesso às provas monumentais apresentadas pelo MPF.
- Essas tais provas monumentais são até dispensáveis, diante da engenhosidade do 'organograma' apresentado pelo MPF.
- Nada disso. Em direito penal, tudo tem de ser preto no branco: o ato praticado tem obrigatoriamente de se enquadrar no tipo penal específico alinhado no código. Se a tipificação der errado, problema do acusador, cuja acusação terá o efeito de mera opinião.
- Pô, cara, que xaropada essa tua!
- Pois é, amigo, e tem mais xaropada: se não existirem provas robustas, estarão confirmadas as impressões de muitos: a 'sangria' da Lava Jato estaria próxima do fim, e não seria, digamos, de bom tom vê-la acabar deixando em aberto a 'encomenda', o objetivo máximo da Operação, a acusação contra o ex-presidente, mesmo que desprovida de consistência. Mas, claro, não é isso o que acontece: o impoluto e destemido procurador porta-voz expressou-se de forma contundente, típica de quem está estribado em provas para lá de concretas! Resta-nos aguardá-las.
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