'Mais Médicos' é arrojado e inovador
Por Fernando Brito
Reproduzo um trecho, (...) na esperança de que se cure o "complexo de vira-latas" de luxo que se tem em relação à saúde brasileira. Ela tem estruturas precárias, filas, carências de toda a espécie.
Mas é a única política social que, neste país, evolui sem recuos nos últimos 25 anos, desde a criação do SUS e da universalização do direito de acesso aos serviços de saúde, para uma população imensa, carente e com dispersões geográficas gigantescas.
Coisas que, estamos vendo, não são realidade em muitos países avançados economicamente, como os Estados Unidos, que só enxergam a medicina como um negócio privado.
Graças, aliás, aos profissionais médicos dedicados à saúde pública e não transtornados com uma ideia corporativa mesquinha, que os afasta dos próprios objetivos da profissão e que está causando danos irreparáveis à imagem da categoria.
Que bom se os médicos brasileiros pudessem ser vistos como o que são: protagonistas de uma história dos progressivos sucessos de um país na luta contra a pobreza e o abandono do ser humano.
O BRASIL NÃO ESTÁ SÓ
Por Carissa Etienne
(…) "A Opas/OMS tem apoiado seus países-membros em suas iniciativas para fortalecer os recursos humanos em saúde. A mais recente destas iniciativas foi o arrojado e inovador programa Mais Médicos, do Brasil.
Como a maioria dos países em nossa região, o Brasil sofre com a falta de profissionais de saúde em áreas remotas e de baixa renda. O projeto se insere em nossa longa história de cooperação com o Brasil que se associou à Opas em 1929 e se baseia em princípios fundamentais para nossa organização: solidariedade pan-americana e igualdade na saúde.
A Opas e o Ministério da Saúde identificam um conjunto de soluções para essa escassez. Ela presta cooperação técnica para fortalecer os serviços de atenção básica de saúde e facilita a cooperação Sul-Sul entre Brasil e Cuba para mobilizar médicos para trabalharem em áreas com cobertura insuficiente. Além disso, proporcionamos a cooperação técnica em várias áreas e participamos do monitoramento e avaliação do programa.
Cada país tem que encontrar seu próprio caminho para alcançar a cobertura universal em saúde, conforme sua própria conjuntura histórica, social e econômica. Como um todo, a região das Américas está avançando relativamente rápido nessa direção.
Dezenove países já garantem saúde para todos em suas constituições. Os sistemas de saúde do Canadá e de El Salvador e o SUS do Brasil apesar de seus muitos desafios se tornaram referências mundiais. Com a entrada em vigor das principais disposições do "Affordable Care Act" na terça-feira, os Estados Unidos se tomaram o país mais recente a se voltar nesta direção.
É compreensível que as discussões acaloradas que surgiram logo após o lançamento do programa Mais Médicos às vezes tenham ocorrido fora do contexto maior dos desafios para o fortalecimento dos recursos humanos em saúde. Agora, há uma boa oportunidade para ampliar este debate. Em novembro, o "Terceiro Fórum Global de Recursos Humanos" em Saúde será realizado no Recife, reunindo 1.500 formuladores de políticas e peritos internacionais na área.
O Brasil, que já é reconhecido como líder global em saúde pública, se encontrará em uma posição privilegiada para compartilhar informações a respeito dos seus programas nacionais e sua cooperação internacional na área de saúde."
PS: Aqui você pode saber um pouco mais sobre a Dra. Carissa e entender por que o elitismo brasileiro a desconsidera. (Fonte: aqui).
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1. O Brasil desenvolve, com o SUS (e suas qualidades e deficiências), certamente uma das mais importantes iniciativas entre os países com mais de 100 milhões de habitantes;
2. Para se ter uma ideia da magnitude do SUS, basta ver o que está acontecendo nos EUA, onde o Obamacare, recém implantado, sofre pressão terrível por parte do Partido Republicano, inconformado com o fato de os custos correrem a expensas do governo. A 'inflexibilidade' de Obama quanto ao assunto faz a oposição ameaçar deflagrar o calote mundial americano, mediante a recusa em aprovar a elevação do teto da dívida pública dos EUA;
3. No Brasil, o governo, para alcançar a conciliação com as entidades médicas e assim tornar viável a aprovação da medida provisória do Mais Médicos, assumiu o compromisso de, num futuro próximo, elaborar plano de carreira do serviço público federal da área de saúde. A providência é salutar.
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