sábado, 10 de abril de 2021

MÉDICOS DE 3 PLANOS RECEITAM TRATAMENTO PRECOCE ANTES MESMO DE EXAME DE COVID


Por Gabriella Soares (No Poder 360)

A distribuição do chamado “kit covid” se tornou o procedimento comum de atendimento em ao menos 3 planos de saúde: Prevent SeniorUnimed Rio e Hapvida. Pacientes com sintomas gripais saem de consultas presenciais ou por telefone com um coquetel de até 8 medicamentos. O “tratamento” começa antes mesmo de o teste de covid-19 ser realizado.

Com presença em 14 Estados, as 3 operadoras atendem, juntas, cerca de 5,3 milhões de pessoas, segundo as próprias empresas. Os atendimentos têm pequenas diferenças, mas os profissionais das 3 redes prescrevem medicamentos que não têm eficácia cientificamente comprovada contra o coronavírus. Além disso, os medicamentos do kit podem ter efeitos colaterais sérios para a saúde dos pacientes.

Poder360 conversou com 12 médicos, pacientes ou familiares de pacientes que receberam uma receita ou o “kit covid” das operadoras de saúde. Todos relataram que os medicamentos foram oferecidos antes da realização do teste.    

O chamado “tratamento precoce” contra a covid-19 é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. “Não desistam do tratamento precoce, não desistam. A vacina é para quem não pegou [covid-19] ainda”disse o chefe do Executivo federal em 18 de janeiro. “Por que não pode ter um tratamento imediato? Olha a questão do ‘off label’, fora da bula. Isso é um direito, dever do médico. Ele tem que buscar uma alternativa”reforçou Bolsonaro na última 4ª feira (7.abr).    

A mãe de Andreia Cristina dos Santos foi atendida na unidade da Prevent Senior em Santana, na zona norte de São Paulo, em 21 de março. Com 65 anos e hipertensa, a mulher recebeu um kit com 8 medicamentos para tomar por 5 dias. O teste para a covid-19 foi realizado apenas no dia seguinte, mas o médico pediu que ela começasse a tomar os remédios imediatamente, antes mesmo do resultado.

O kit fornecido pela Prevent Senior, pelas receitas e protocolos entregues aos pacientes, inclui hidroxicloroquina, azitromicina, prednisona, vitaminas C, D e zinco, colecalciferol (tipo de vitamina D), ivermectina e colchicina. Além disso, também são receitados suplementos alimentares.

Abaixo, a 1ª imagem mostra a receita entregue à paciente em 21 de março. A 2ª imagem é a reprodução do resultado do teste de coronavírus, informado às 9h45 de 22 de março. (...)

(Para continuar a leitura e conferir os argumentos oferecidos pelas direções dos planos envolvidos para a adoção dos procedimentos acima alinhados, clique Aqui).

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Enquanto isso, repercute o fato de que, no mês de março, pela primeira vez ao longo da pandemia registrou-se a prevalência de pacientes de até 49 anos nas Unidades de Tratamento Intensivo no Brasil. Lockdown? Não se fale nisso, como diz o Ministro da Saúde. Vacinação rápida e maciça? O bonde começou a passar em agosto/2020 (com a oferta de 70 milhões de doses por empresa fabricante, a serem entregues em dezembro passado), mas o governo federal deixou passar. Agradeçamos, pois, ao governador de São Paulo, por ter agido por conta própria lá atrás, negociando diretamente com empresa chinesa a aquisição de vacinas (e ingredientes para o Butantan), e torçamos para que não surja(m) variante(s) resistente(s) às vacinas em uso no País.   

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