Um dos cinco indicados ao Oscar de filme internacional, Druk percorre um caminho tortuoso para fugir ao conto moral sobre os males do alcoolismo.
Por Carlos Alberto Mattos
Se submetermos a cultura da Dinamarca a um bafômetro, ela talvez seja recolhida a uma clínica de reabilitação. Beber por lá é uma forma de quebrar o retraimento e a frieza social dominantes. O consumo começa bem cedo, como se vê na sequência de abertura de Druk – Mais uma Rodada (Druk), uma competição de jovens estudantes para ver quem bebe mais cerveja e vomita menos correndo em torno de um lago.
Movidos pelo estado meio depressivo de Martin (Mads Mikkelsen), que lhe vem causando problemas na escola e em casa, ele e três colegas professores resolvem testar a teoria do psicanalista norueguês (real) Finn Skårderud, para quem o ser humano nasce com um déficit de 0,05% de álcool no sangue. Iniciam um programa de embebedamento controlado e clandestino, preparando relatórios sobre os "efeitos psicológicos e psicorretóricos". As coisas começam a dar resultado. Na escola, a performance deles melhora, assim como Martin se reaproxima da mulher. Embora estejam decididos teoricamente a não chegar ao alcoolismo, eles se sentem encorajados a ir aumentando as doses e o teor alcoólico.
Para não dar spoiler, limito-me a dizer que o excesso leva a super porres e à autodestruição, ainda que Thomas Vinterberg providencie um final relativamente feliz. É quando Mads Mikkelsen explode numa dança acrobática e catártica que encerra o filme e se tornou o seu ponto mais comentado.
Um dos cinco indicados ao Oscar de filme internacional, Druk percorre um caminho tortuoso para fugir ao conto moral sobre os males do alcoolismo. Vinterberg perdeu a filha de 19 anos num acidente de carro logo no início das filmagens. O roteiro escrito a quatro mãos com seu colaborador habitual Tobias Lindholm pode ter sido influenciado por essa tragédia. A armadilha do vício está colocada, mas Druk não se rende à parábola do farrapo humano. Mostra a conexão social e o estímulo positivo provocado pelo consumo moderado e "terapêutico", como no aluno incentivado pelo professor a beber para vencer o medo do exame. Não se pode tirar qualquer tipo de mensagem retilínea dessa montanha russa de comportamentos e situações.
Vinterberg dirige com a verve costumeira, usando todos os elementos de linguagem para situar as transições entre euforia e prostração, entre a camaradagem meio infantil do quarteto e os reflexos de suas ações no seu entorno social. O filme respira pelo pulmão dos excelentes atores, como é de praxe no cinema dinamarquês desde o Dogma 95. A estética daquele movimento ficou para trás, mas a qualidade da mise-en-scène se mantém no mesmo alto nível.
Um ótimo momento de comédia é um clipe com grandes líderes políticos se pronunciando bêbados, entre eles o clássico Boris Yeltsin, além de Brejnev, Sarkozy e o hilário político belga Michel Daerden. - (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).
Movidos pelo estado meio depressivo de Martin (Mads Mikkelsen), que lhe vem causando problemas na escola e em casa, ele e três colegas professores resolvem testar a teoria do psicanalista norueguês (real) Finn Skårderud, para quem o ser humano nasce com um déficit de 0,05% de álcool no sangue. Iniciam um programa de embebedamento controlado e clandestino, preparando relatórios sobre os "efeitos psicológicos e psicorretóricos". As coisas começam a dar resultado. Na escola, a performance deles melhora, assim como Martin se reaproxima da mulher. Embora estejam decididos teoricamente a não chegar ao alcoolismo, eles se sentem encorajados a ir aumentando as doses e o teor alcoólico.
Para não dar spoiler, limito-me a dizer que o excesso leva a super porres e à autodestruição, ainda que Thomas Vinterberg providencie um final relativamente feliz. É quando Mads Mikkelsen explode numa dança acrobática e catártica que encerra o filme e se tornou o seu ponto mais comentado.
Um dos cinco indicados ao Oscar de filme internacional, Druk percorre um caminho tortuoso para fugir ao conto moral sobre os males do alcoolismo. Vinterberg perdeu a filha de 19 anos num acidente de carro logo no início das filmagens. O roteiro escrito a quatro mãos com seu colaborador habitual Tobias Lindholm pode ter sido influenciado por essa tragédia. A armadilha do vício está colocada, mas Druk não se rende à parábola do farrapo humano. Mostra a conexão social e o estímulo positivo provocado pelo consumo moderado e "terapêutico", como no aluno incentivado pelo professor a beber para vencer o medo do exame. Não se pode tirar qualquer tipo de mensagem retilínea dessa montanha russa de comportamentos e situações.
Vinterberg dirige com a verve costumeira, usando todos os elementos de linguagem para situar as transições entre euforia e prostração, entre a camaradagem meio infantil do quarteto e os reflexos de suas ações no seu entorno social. O filme respira pelo pulmão dos excelentes atores, como é de praxe no cinema dinamarquês desde o Dogma 95. A estética daquele movimento ficou para trás, mas a qualidade da mise-en-scène se mantém no mesmo alto nível.
Um ótimo momento de comédia é um clipe com grandes líderes políticos se pronunciando bêbados, entre eles o clássico Boris Yeltsin, além de Brejnev, Sarkozy e o hilário político belga Michel Daerden. - (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).
>> Druk – Mais uma Rodada está nas plataformas NOW, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes
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