segunda-feira, 19 de agosto de 2019

POR FALAR EM PROCURADORES-GERAIS


Como Janot foi envolvido pelas milícias da Lava Jato

Por Luis Nassif

De um colega brasiliense, com convivência profissional intensa com o ex-Procurador Geral Rodrigo Janot.
Assim que assumiu a PGR, Janot montou um pacto eficiente com as diversas forças que compõem o Ministério Público Federal, armando cada área, e as assessorias, com procuradores de peso, rigorosamente selecionados.
No início da Lava Jato tanto ele quanto Wladimir Aras, coordenador da cooperação internacional, eram bastante críticos em relação aos colegas curitibanos.
À medida em que a operação foi avançando, foi sendo progressivamente intimidado pelas manifestações de rua açuladas especialmente por Deltan Dallagnol. Sem liderança maior, sem dimensão pública, acabou cedendo e indo a reboque da Lava Jato. Tentou um último mea culpa na operação da JBS, em que o alvo era Michel Temer.
Hoje em dia, de volta a Brasilia, isolou-se de todos os colegas, praticamente não aparece em lugares públicos, deixou crescer uma barbicha. E perde apenas para sua sucessora Raquel Dodge o posto de PGR que mais comprometeu a história do MPF.  -  (Aqui).

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"Hoje em dia, de volta a Brasilia, isolou-se de todos os colegas, praticamente não aparece em lugares públicos, deixou crescer uma barbicha."
.Mas ele está aposentado. Pode até estar um tanto inquieto em face do conteúdo inédito do dossiê Intercept, é verdade, mas os aposentados usualmente devem de certa forma 'sumir'.

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E eis que é chegado o tempo de acirrarem-se as expectativas e discussões sobre o disputado cargo de procurador-geral da República. Lista tríplice? Coisa anacrônica, exclamam. Mas... quem? A ver. Enquanto isso, a procuradora-geral, em evento desta data, discorre com apuro acerca do papel cabível ao Ministério Público no concerto das relações republicanas, presentes as diretrizes da Constituição Federal de 1988. Palavras das mais edificantes, porém diametralmente opostas às práticas exercitadas pela força-tarefa da Lava Jato desde o início, em março de 2014, práticas, aliás, sobejamente denunciadas mas que nunca obtiveram eco, convindo lembrar que MP e juiz de base deram causa a algo como 50 (cinquenta) reclamações junto ao Conselho Nacional de Justiça, a maioria das quais arquivadas (com base em 'critérios internos') e as 'incontornáveis' - ao que consta, 11 - jamais julgadas. Isso mesmo. Aparentemente, nem as estarrecedoras revelações do The Intercept Brasil - ainda em curso - lograrão fazer alguém da cúpula piscar.

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