O governo (ainda governando) venezuelano argumenta que cerca de 200 observadores internacionais acompanharam a eleição de maio 2018 que elegeu Maduro presidente, sem que tenham surgido reparos graves ao processo eleitoral posto em prática. Também argumenta que a expressiva abstenção observada decorreu fundamentalmente do fato de a oposição, por iniciativa própria, haver resolvido boicotar a eleição, deixando de concorrer (tendo sido também a oposição a autora do pedido de que dita eleição tivesse sua realização antecipada - AQUI). Finalmente, admite que há enorme insatisfação popular, mas alega que isso se dá em face da prolongada política de desabastecimento intentada pelas classes empresariais, iniciativa estimulada por lideranças norte-americanas interessadas em assenhorar-se das reservas petrolíferas venezuelanas, riqueza que alça a Venezuela ao topo do ranking mundial (300 bilhões de barris) e à qual Tio Sam não está tendo o acesso desejado.
Enquanto segue o sobressalto, o mundo aguarda o desfecho - com muitos torcendo para que o Papa Francisco venha a funcionar como intermediador e possa tentar estabelecer algum entendimento entre governo e 'governo'.
Enquanto segue o sobressalto, o mundo aguarda o desfecho - com muitos torcendo para que o Papa Francisco venha a funcionar como intermediador e possa tentar estabelecer algum entendimento entre governo e 'governo'.
(Colagem: GGN).
Venezuela: O bobo da corte sentado no trono
Por Pasqualina Cursio
- Passem, senhoras e senhores! Para iluminação do público presente e bom exemplo para as gerações futuras! Venham ver o mundo de cabeça para baixo!
Venham ver quem, autoproclamando-se presidente da República, sem sequer ter sido candidato, muito menos ter obtido um voto, dizer ser democrata e chamar de usurpador e ditador quem, na disputa eleitoral, em que participaram mais de 9 milhões de eleitores, ganhou com 67%.
Passem e olhem para o Parlamento Europeu reconhecendo o bufão e ignorando o presidente eleito da Venezuela. Afirmam que não tem legitimidade.
Em uma atitude intervencionista, eles lhe dão um ultimato para convocar eleições presidenciais em 8 dias. Eles o chamam de ditador, mas exigem que ele viole a Carta Magna: na Venezuela, o Executivo Nacional não tem poderes para convocar eleições presidenciais.
Entrem e vejam Trump tentando convencer o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o mundo de que há uma crise humanitária na Venezuela. Clama: “Precisamos intervir e salvar o povo! Venezuelanos, estamos com você!” Enquanto isso, em um ato de pirataria e pilhagem bloqueia 20 bilhões de dólares de propriedade de todos os venezuelanos. Valor que equivale à importação de medicamentos e alimentos por 10 anos.
Passem e vejam aqueles venezuelanos que se dizem democratas, mas que fazem um chamado aberto às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas para que apoiem um golpe de estado.
Vejam como desrespeitosamente distribuem panfletos de anistia nos quartéis e chantageiam soldados para que quebrem seu juramento bolivariano de defender a Constituição, a soberania e o país.
Venham ver quem vergonhosamente, com passaporte venezuelano, viaja pelo mundo e visita os falcões para implorar mais bloqueios e embargos contra o povo bolivariano. Eles se ajoelham e rogam por uma intervenção militar, por uma guerra em terras venezuelanas.
Venham ver nossos países vizinhos que, como colônias sujeitas ao império dos EUA, emprestam seus territórios para a eventual intervenção militar na Venezuela, colocando em risco a paz de todo o continente.
Das guerras sabe-se quando começam, não quando terminam.
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Baseado em “De pernas pro ar: a escola do mundo ao contrário”, de Eduardo Galeano. (Originalmente publicado em: http://bit.ly/2HNFtOb).
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