Os textos abaixo guardam relação com o suplício e morte, em 02.10.17, de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, à época reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. O assunto foi tratado em longa série de postagens publicadas/reproduzidas neste blog, entre as quais a seguinte: "A Morte do Reitor Cancellier: esquecimento, não" / 'PF não tem provas e não explica como indicou ex-reitor como 'sustentador' de 'quadrilha' - Aqui.
Por Luis Nassif (No GGN)
A informação de que o Ministro da Justiça Sérgio Moro e o da Educação, Ricardo Vélez, assinaram um protocolo de intenções destinado a apurar indícios de corrupção no MEC e suas autarquias é o dado mais sério, até agora, sobre a implantação do estado policial.
Já havia sinais dessa ofensiva nas invasões da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em cima de pequenas irregularidades montaram um circo, com condução coercitiva de reitores e professores, humilhação pública, levando ao suicídio o reitor da UFSC.
Vélez é reconhecidamente um centurião na luta contra o “marxismo cultural”, seja lá o que isso significa. Moro, um ex-juiz politica e ideologicamente alinhado. E as universidades são um dos últimos resquícios de pensamento independente no país.
Às invasões das duas universidades seguiu-se uma explosão de interferências de procuradores em outras universidades, obrigando o STF a uma posição clara contra essas interferências.
Espera-se que a Procuradoria Geral da República, o STF e os setores racionais da opinião pública impeçam essa razia, que certamente pretenderá criminalizar qualquer pequena irregularidade administrativa, por razões ideológicas.
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O anúncio da Lava Jato na Educação é a inauguração oficial do estado policial no país. Não há fato definido, não há crime relatado. A própria denominação é o indício mais evidente de que haverá uma movimentação política na área.
A estratégia é óbvia.
Nos anos de governo PT, os dois setores mais beneficiados foram as empreiteiras, devido à volta das grandes obras, e a educação, devido às políticas implementadas, desde a expansão das universidades federais ao estímulo ao setor privado através do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
Em relação às universidades federais, a fórmula já foi dada no caso da Universidade Federal de Santa Catarina.
A CGU (Controladoria Geral da União) identifica qualquer irregularidade. Com base nisso, a Polícia Federal consegue autorização para condução coercitiva com humilhação pública das pessoas envolvidas. Nem será necessário identificar dolo ou crime. Basta um juiz e um procurador politicamente alinhados. Até hoje não se sabe qual o crime cometido pelo reitor da UFSC, levado ao suicídio.
Em relação aos grupos privados, a fórmula também é óbvia:
- Todos os grandes grupos educacionais foram beneficiados pelo FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
- Basta identificar algum tipo de contribuição ao PT para – dentro do padrão Lava Jato – estabelecer a ligação, sem a menor preocupação em identificar o chamado ato de ofício – isto é, a comprovação fática da ligação entre a contribuição e um ato de corrupção. Pouco importará se o grupo contribuiu para vários partidos.
Como são grandes sociedades anônimas, qualquer movimento afetará o preço das ações no mercado.
Sendo efetiva ou não, a mera ameaça já funcionará como fator de inibição de qualquer crítica das universidades ao Ministro da Educação Ricardo Vélez, ou da Justiça, Sérgio Moro. Aliás, vem da área acadêmica as maiores críticas ao tal projeto de lei anticrime e ao amadorismo da nova equipe do MEC.
Não foi por outro motivo que a Universidade Federal Fluminense montou um grupo de estudos para sugerir parcerias com as Forças Armadas.
Com a operação, desvia-se o foco do abandono das políticas educacionais e volta-se a usar o álibi fácil da luta anticorrupção. - (Aqui).
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