sábado, 24 de março de 2018

O MUNDO DAS FAKE NEWS (E DAS IMPOSSIBLE TAMBÉM)


Consta que, no Rio de Janeiro, um jovem chamado Joel Silveira foi pedir emprego a Assis Chateaubriand, a lendária raposa proprietária dos Diários Associados, que perguntou: "O que você faz?" E Joel: "Escrevo". Chatô: "Então vai ali e escreve sobre Deus". Joel teria se dirigido à mesa, posto o papel na máquina de datilografia e escrito, no topo, a palavra Deus. Instantes após, como não ouvisse o tic-tac da Remington, Chatô disparou: "O que está esperando, rapaz? Escreva!" E Joel: "O senhor não definiu a diretriz: contra ou a favor?". Resultado: empregado. 

Mas, calma, eu falei "Consta que..."; na verdade, esse lance nunca existiu: a história é outra (AQUI), e resultou na construção de monumental trabalho jornalístico-literário pelo notável Silveira.

No mundo movediço das fake news da nova era, o jogo nada tem de, digamos, romântico: 'puxar a brasa' para a sardinha certa continua a ser a tônica - entendido que a sardinha certa pertence ao grupo que o patrão representa -, admitidos todos os despautérios de um universo desprovido de qualquer resquício de boa fé jornalística. Joel Silveira, que, vejam só!, ostentava o cognome de "Víbora" (AQUI), dado por Chatô, soaria nessa nova era como mero amador.
   
O drama, porém, não se resume às fake news, mas alcança também as impossible news, aquelas notícias que NÃO podem de forma alguma ser divulgadas. Aliás, é atribuída a um patriarca de grande conglomerado de comunicação a máxima segundo a qual o importante não é o que o seu principal Jornal mostra, mas o que não mostra. 

O fato é que, no tempo presente, a ausência de certas notícias virou rotina, embora continue causando um 'barulho ensurdecedor' para aqueles leitores que têm tempo de recorrer a fontes diversas e assim "detectar a ausência" de 'news' sonegadas ao público. 

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