terça-feira, 27 de março de 2018

ECOS DO MECANISMO

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É como diz um velho amigo: Na infância, acostumei-me a curtir gibis em que heróis do Velho Oeste americano se esmeravam na "arte" de exterminar índios e búfalos aos borbotões, a vibrar diante da 'usurpação diplomática' de áreas pertencentes ao México (aqui), a reagir com indiferença 'diante' de chineses e outros asiáticos submetidos a trabalho escravo nas minas de ouro e prata e nos fronts de construção de estradas de ferro do Oeste Selvagem... E a despeito de tudo isso escapei!  
O velho amigo diz isso, mas admite o óbvio: Nos dias correntes, 'graças' ao furor geopolítico-cultural de Tio Sam, o buraco é muito mais embaixo! Os tentáculos nem remotamente lembram os 'inocentes' gibis de antigamente.
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Nota: Há quem - com razoáveis argumentos - considere ser o caso de parar de dar bolas ao tal O Mecanismo e à própria Netflix. Veja, a propósito,  o que dizem AQUI Wellington Calasans e Romulus Maya, titulares do Duplo Expresso, a partir de 1h:17.


O mecanismo da dominação

Por Carlos Motta

Cancelar a assinatura da Netflix, como fiz, por causa da canalhice produzida por eles sob o disfarce de uma série televisiva, é apenas uma atitude simbólica - mesmo que outros milhares façam como eu, a Netflix continuará a existir, a faturar bilhões de dólares e a produzir obras de propaganda do american way of life, pois afinal, ela existe para isso.
Num chute por alto, 80% de que exibe, seja séries de televisão, dramas, comédias, ficção científica, policiais etc etc, faz parte do que se chama de "soft war", guerra suave, ou seja, é instrumento de dominação dos Estados Unidos, o grande império contemporâneo, sobre os outros povos e culturas.
Os americanos fazem isso desde que o cinema foi inventado, desde que se iniciou o processo de gravações musicais, desde sempre. 
Hollywood é uma fantástica fábrica de ilusões - nela se fabricam os sonhos de que somente os Estados Unidos são capazes de proporcionar às pessoas a liberdade, o luxo, a riqueza, a felicidade, os carrões ultravelozes, as mulheres de tirar o fôlego, a vida esplendorosa, enfim, que todos almejam.
O trabalho de Hollywood e da indústria de entretenimento dos EUA é incomparável. 
Sem disparar um tiro real, subjugou nações inteiras, bilhões de almas e corações, para a ideologia que evidencia o self made man, a "meritocracia", o egoísmo, a democracia representada por dois partidos quase gêmeos, a supremacia do homem branco sobre os de outra cor de pele, o destino inexorável de ser o dono do planeta.
E transformou, a bel prazer, quem nada contra a corrente, em inimigos desprezíveis, abjetos, monstruosos - alguém já viu, por exemplo, um russo que não seja mafioso, violento, um verdadeiro facínora, nessas produções hollywoodianas?
A série sobre a "corrupção" brasileira, que mereceu forte investimento publicitária em seu lançamento, nada mais é do que uma peça desse enorme mecanismo de dominação cultural - e econômica, é bom lembrar - americana.
Os seus autores apenas trocaram os papéis dos vilões - saem os russos, chineses, iranianos, norte-coreanos e muçulmanos, e entram os esquerdistas brasileiros, esses seres corruptos até a medula. 
É um enredo que dá sono, de tão batido.  -  (Aqui).

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