No ano passado, o procurador Carlos Fernando Lima, um dos líderes da Lava Jato, declarou que ao longo de sua participação na citada operação concentrou-se unicamente em seu trabalho, afastando, portanto (conclusão nossa), qualquer preocupação de cunho geopolítico ou macroeconômico relativamente aos interesses do Brasil. Em outras palavras, se o enquadramento de dirigentes empresariais implicou a queda ou até a ruína das empresas respectivas, paciência. É como se empregos, impostos, exportações, interesse estratégico global para o País não passassem de aspectos irrelevantes, de meros figurantes. O procurador, aliás, deixou clara a sua miopia ao se manifestar contrariamente à celebração de acordos de leniência, medida inspirada no mesmo espírito que deu origem à recuperação judicial (antiga concordata). Por isso é que defendemos que a formação de operadores do Direito - promotores, procuradores, juízes, advogados... - inclua a disciplina "noções básicas de macroeconomia e geopolítica", algo assim, na grade disciplinar obrigatória, com presença assegurada em concursos públicos.
Ou seria razoável atribuir unicamente à corrupção tresloucada de Cabral e asseclas o quadro de desalento econômico e social reinante no estado do Rio de Janeiro?
Petrobras perdeu R$ 160 bi em 4 anos de Lava Jato
Do Brasil 247
Desde 2014, quando se iniciou a operação Lava Jato, até este ano, a Petrobras já registrou uma redução no seu patrimônio de R$ 160 bilhões. A baixa gigantesca é capa do jornal Valor Econômico desta sexta-feira, 16.
Em 2017, a petroleira brasileira teve seu quarto prejuízo anual consecutivo, quando registrou perdas de R$ 466 milhões. Novamente, os resultados foram pressionados por efeitos não recorrentes, com destaque para o provisionamento de R$ 11,2 bilhões para pagar investidores dos Estados Unidos, sem ter sido condenada.
"Cerca de R$ 120 bilhões dessas perdas decorrem do que os contadores chamam de redução dos ativos ao valor recuperável, 'impairment' no termo em inglês. O esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato foi responsável por parte dessas baixas", diz a reportagem de Rodrigo Polito, Juliana Schincariol, Camila Maia e Renato Rostás, do Valor.
O valor de mercado da companhia hoje é de R$ 292,4 bilhões e seu patrimônio líquido vale R$ 269,6 bilhões. Em 2013, antes da Lava-Jato, o patrimônio líquido era de R$ 350 bilhões.
A dívida líquida da companhia somava R$ 280,7 bilhões no fim de 2017 - no 3º trimestre de 2015, chegou a R$ 402 bilhões. - (AQUI).
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"...A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que os resultados da Petrobras em 2017, anunciados nesta quinta-feira, 15, comprovam que a empresa "está retrocedendo a passos largos e comprometendo cada vez mais o seu futuro". "Ao contrário do que Pedro Parente afirmou, o prejuízo de R$ 446 milhões que a companhia registrou não teve como principal causa despesas extraordinárias efetuadas nos últimos meses do ano, como o pagamento de R$ 11,198 bilhões aos acionistas norte-americanos beneficiados pelo questionável 'acordo' que atendeu, principalmente, aos interesses dos fundos abutres".
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"...A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que os resultados da Petrobras em 2017, anunciados nesta quinta-feira, 15, comprovam que a empresa "está retrocedendo a passos largos e comprometendo cada vez mais o seu futuro". "Ao contrário do que Pedro Parente afirmou, o prejuízo de R$ 446 milhões que a companhia registrou não teve como principal causa despesas extraordinárias efetuadas nos últimos meses do ano, como o pagamento de R$ 11,198 bilhões aos acionistas norte-americanos beneficiados pelo questionável 'acordo' que atendeu, principalmente, aos interesses dos fundos abutres".
"O balanço reflete os problemas de gestão da Petrobrás", afirmou o economista Eduardo Pinto, um dos pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), durante Análise Crítica dos resultados da empresa, realizada nesta quinta, em parceria com a Carta Capital, e transmitida ao vivo pela Web TV da revista e pelo Facebook da FUP.
De acordo com a federação, "o desmonte do parque de refino e as privatizações estão fazendo a Petrobrás perder mercado, o que reflete diretamente na sua capacidade de gerar receitas, alertaram os economistas". "Os números da empresa falam por si só. O lucro operacional do refino despencou 42% em 2017. A produção de derivados caiu 5% e as vendas despencaram 6%, apesar do país ter registrado aumento de 1% no consumo de derivados. A geração de caixa no refino, no transporte e na comercialização de derivados caiu R$ 18,9 bilhões. Ou seja, enquanto a gestão Pedro Parente desmonta o setor de refino e a logística da empresa, as importadoras de derivados fazem a festa".
Segundo o economista Rodrigo Leão, coordenador do INEEP, "em curto e médio prazo, a Petrobrás caminha para se tornar uma empresa que só produz no pré-sal e que só exporta petróleo, abrindo mão de outros segmentos, na direção inversa das grandes empresas do setor".
Em 2017, a Petrobras aumentou em 23% a exportação de óleo cru, mas os resultados da empresa apontam que, apesar do aumento de mais de 15% dos preços internacionais do barril de petróleo, as exportações não compensaram as perdas amargadas com o refino e a quebra da integração da companhia. "Exportamos petróleo cru e aumentamos as importações de derivados. A gestão Pedro Parente está tornando o país dependente do mercado internacional", criticou Rodrigo.
Outro indicador ressaltado pelos pesquisadores do INEEP foi a estagnação da produção de petróleo, mesmo com o aumento da produtividade do pré-sal. Entre 2016 e 2017, a Petrobrás registrou queda de 1% na produção de petróleo e gás natural, principalmente em função da venda de ativos e da redução de investimentos em campos maduros. Na Bacia de Campos, por exemplo, houve uma redução de 14% na produção, que caiu de 1,66 milhões de barris diários de petróleo para 1,43 milhões de barris.
"A Petrobrás está sendo gerida como uma empresa que não pensa em longo prazo e isso é um suicídio para as empresas de petróleo", criticou o coordenador da FUP, José Maria Rangel, ressaltando que, com a abertura da exploração do pré-sal, a estatal brasileira corre o risco também de perder o protagonismo na exploração e produção de petróleo.
"O Brasil caminha a passos largos para voltar a ser um ator secundário no setor de óleo e gás. Se não estancarmos essa sangria, o país vai passar por um processo de desindustrialização profundo", alertou José Maria lembrando que a Petrobrás já chegou a responder por 13% do PIB nacional e teve a capacidade de desenvolver todas as regiões do país, gerando empregos e renda no Brasil e não no exterior, como está acontecendo agora."
("FUP: resultados da Petrobras refletem desmonte da empresa" - Aqui).
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