sexta-feira, 10 de junho de 2016

CENÁRIO MOVEDIÇO


"Cadeia no PMDB": Janot se assustou com os hunos

Por Romulus

Resumo:
Catch me if you can: ou Janot prende PMDB agora...
- Ou PMDB prende Janot depois (Tiago Nunes)
O timing da investida de Janot contra o PMDB causa estranheza. O PGR não espera sequer a conclusão da votação do golpe no Senado para sacar suas armas de destruição em massa: pedir a prisão preventiva do Presidente do Senado – em pleno exercício e sem flagrante (!), do ex-Presidente da República e do líder do governo no Senado nas três últimas administrações (FHC, Lula e Dilma), também em exercício do mandato.
Notemos, contudo, que PGR/MPF não deixam de investir concomitantemente contra Dilma, pois veem que ela vem crescendo na comparação com o golpe. Indicativos do duplo ataque? O vazamento da suposta delação de Marcelo Odebrecht envolvendo Dilma pessoalmente, o ridículo do cabeleireiro de Pasadena, etc.
Ou seja, claramente a PGR não quer nem Temer nem Dilma e tenta inviabilizar a ambos. E para já!
Por quê?
Minha hipótese é que isso se deve à marcha dos bárbaros nesse menos de um mês (!) de golpe. Ações como a intervenção pesada e o desmonte até em instituições unânimes, como Fórum Nacional de Educação (FNE), IPEA, CGU, EBC, etc., não deixaram dúvidas. Os procuradores já viram que não há – e não haverá – limite para os golpistas.
Para eles não há impedimento constitucional, legal, moral e - sobretudo - institucional.
O que fez o STF até hoje enquanto os hunos tratoravam órgãos de Estado?
Até agora apenas conceder uma liminar no caso da EBC – três semanas depois.
A mim parece que finalmente caiu a ficha na PGR:
Com Temer instalado definitivamente no cargo, ninguém segura. No dia seguinte à votação no Senado sai o pacotão para cortar as asas do MPF e da PF e colocar cabresto na Justiça.
Ora, não foi no dia 1 do interinato (!) que saiu a reforma administrativa de 180°?
Demorou um pouco, mas parece que a ficha caiu. O que haverá no seu saco – sem fundo – de maldades?
Como já notava ainda em março, “MPF e Polícia Federal não contavam com o cinismo do PMDB”:
Assim como não hesitará em votar impeachment sem crime de responsabilidade, terá o partido escrúpulos de votar no Senado afastamento de PGR? De colocar um interventor linha dura na PF? De aprovar emenda à Constituição colocando mais 4 ministros alinhados no STF?
Antes tarde do que nunca, não é mesmo, Janot?
Sentiu a água batendo nas canelas?
Como responder a isso?
Ora, com um ataque preventivo. O PGR acelerou a sua agenda em vários meses: os tiros no PMDB, que eram parte da fase 2, tiveram que se dar ainda antes de terminar a fase 1, a degola do PT e de Dilma.
Jogo arriscadíssimo.
Uma certa banda do PSDB sabe que também está na fila, nem que apenas para dar legitimidade e aparência de imparcialidade a essa Noite de São Bartolomeu política.
Janot tem bala na agulha para enfrentar quase toda a classe política de uma vez?
É bom que tenha muita, pois como nota o Nassif:
O episódio estimulará um pacto entre o Senado, o STF (Supremo Tribunal Federal) e demais lideranças políticas, visando conter os estragos da Lava Jato. Com essa frente, é possível que a própria Organização Globo caia na real.
Com o pacto, haverá dois cenários possíveis:
Cenário 1 – a renovação política com a antecipação das eleições.
(...)
Cenário 2 – o último vagido da república Velha.
Nesse caso o pacto tentaria anular gradativamente a Lava Jato poupando as velhas lideranças. 
* * *
E o que quer o partido dos concursados, pela mão do PGR, no lugar de Dilma e de Temer?
Provavelmente novas eleições, no que coincidem - mais uma vez! - com seus parceiros com sotaque:
Por Ciro d’Araújo
Há claros sinais de que os setores estrangeiros estão na realidade apoiando a solução "novas eleições" e apostando na vitória eleitoral do programa-que-nunca-ganhou e assim garantindo legitimidade política para sua execução contra um legislativo enfraquecido e desmoralizado.
Deve-se lembrar que The Economist pediu por renúncia, depois por novas eleições. NYT idem. FT e WSJ também têm ido nessa direção.  No âmbito nacional, a Folha tem ido nessa direção também.  E alguns expoentes dessa chamada terceira via, que, não surpreendentemente, prega uma "Nova Política". 
E a ideia de um PMDB neo-liberal implantando uma ponte para o futuro parece a eles tão irreal quanto os discursos do ministro Barbosa.  
Barbosa dizia tudo que o mercado queria ouvir.  Mas o mercado não ouvia, porque simplesmente não acreditava que ele era um deles.
O PMDB também não é um deles.  O projeto do Centrão é apenas um - o meu primeiro, e que se danem os ajustes que o mercado pede.  Essa semana no congresso já demonstrou isso cabalmente.  
Essa "nova política" implica eliminar não apenas o PT, mas toda liderança cleptocrata-patrimonial da antiga república, para o surgimento dessa nova classe política.
Vai além da privatização. É criar uma garantia de que o que aconteceu no setor elétrico (imposição de novos termos de concessão) jamais acontecerá novamente.
E, para isso, não apenas o PT deve pagar, mas toda a classe política.
Para os interesses estrangeiros, essa é uma lição institucional.
Aí me perguntam, falta combinar com os russos - o povo.
Por isso a outra peça que falta do xadrez é a eliminação da única candidatura atualmente capaz de talvez vencer esse projeto - Lula.
Uma semana atrás se dizia que havia duas operações prontas na PF. Uma com alvo a cúpula do PMDB.
Outra cujo apelido interno se chamava "Barba".
Qual seria o alvo dessa? (Fonte: aqui).

................
Janot se assustou com os hunos? Como assim? Basta acompanhar a mídia: a ousadia da PGR observa escala crescente, e o STF, ora, o STF... 
Título e ilustração, ao que parece, espelham equívocos. (Tudo isso, claro, até aqui).

Nenhum comentário: