A alfinetada de Janot e a reação de Gilmar
Do Jornal GGN
Depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, criticar a "inconveniência da Justiça Eleitoral" de querer ser "protagonista" do "espetáculo da democracia", em pedido de arquivamento da investigação de uma das empresas fornecedoras da campanha da presidente Dilma, o autor da empreitada Gilmar Mendes, ministro do STF e do TSE, disse que Janot deve se ater mais à PGR e não atuar "como advogado da presidente".
Gilmar Mendes rebateu o posicionamento do procurador-geral da República e disse estar convicto de que é preciso investigar a VTPB Serviços Gráficos e Mídia Exterior Ltda, que teria recebido R$ 22,9 milhões da campanha de Dilma por publicidade e materiais impressos.
"Continuo convencido da necessidade da investigação diante da relevância dos fatos, independente da questão eleitoral. (...) O procurador deveria se ater a cuidar da Procuradoria Geral da República e procurar não atuar como advogado da presidente Dilma", disse Gilmar.
No parecer, Janot disse ter receio da judicialização exagerada e defendeu que "os derrotados devem conhecer sua situação e se preparar para o próximo pleito".
E completou: "é em homenagem à sua excelência [Gilmar Mendes], portanto, que aduzimos outro fundamento para o arquivamento ora promovido: a inconveniência de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, protagonistas - exagerados - do espetáculo da democracia, para os quais a Constituição trouxe, como atores principais, os candidatos e os eleitores", disse.
O parecer de Rodrigo Janot data do dia 13 de agosto, mencionando que solicitou informações à gráfica, que enviou notas fiscais de serviços e modelos de santinhos e impressos, e concluiu que os argumentos de Gilmar Mendes "não apresentam consistência suficiente para autorizar, com justa causa, a adoção das sempre gravosas providências investigativas criminais".
Em resposta às ofensas de Gilmar, o MPF divulgou nota afirmando que o parecer do procurador "foi estritamente técnico" e que continua avaliando outras representações sobre a campanha de Dilma Rousseff. O órgão enfatizou, mais um vez, que "os fatos narrados não trazem indícios de que os serviços não tenham sido prestados pela gráfica, nem apontam majoração artificial de preços". (Fonte: aqui).
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Com que, então, o ministro, em flagrante ato de desrespeito à liturgia de seu cargo, afirma que o procurador-geral da República atua como advogado da presidente. Em contrapartida, há, certamente, quem também considere que o ministro age, digamos, fora da curva, para usar a expressão consagrada pelo ministro Barroso.
Clique aqui para ler "A estratégia sem consequências de Gilmar Mendes no TSE", por Silvana Battini, professora de Direito da Fundação Getúlio Vargas.
Clique aqui para ler "A estratégia sem consequências de Gilmar Mendes no TSE", por Silvana Battini, professora de Direito da Fundação Getúlio Vargas.
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