sexta-feira, 26 de junho de 2015

LAVA JATO: ALGO DE NOVO NO FRONT (OU NÃO)


"Imperdível a coluna de hoje do inefável Reinaldo Azevedo, jóia da coroa da inteligência nacional, na Folha.

Sapateia sobre a exegese “legal” do Juiz  Sérgio Moro, que diz não entender a “gramática da lei”:

“Transcrevo o Artigo 312 do Código de Processo Penal: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”.
 
“Esse “quando” é uma conjunção subordinativa com cara de temporal, mas que é condicional, substituível por “caso” e por “se”. Quando houver (“se houver”, “caso haja”) a prova ou indício suficiente de autoria, então a preventiva pode ser decretada para assegurar uma que seja daquelas quatro exigências. Se soltos, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo incidem em uma que seja das quatro causas? É claro que não! As prisões são insustentáveis, como eram as dos demais empreiteiros, que ficaram cinco meses em cana.”
 
E, de quebra, chama o Tribunal Regional Federal e o Supremo Tribunal Federal e a OAB de covardes:

“Se os tribunais se acovardaram, eu não.”
 
“Cadê a OAB? Está com medo?”
 
Moro, de arbitrário e mal-intencionado:

“Quero ser regido por legislação conhecida, mesmo que não goste dela, não pelo arbítrio, ainda que de bem-intencionados, se é que isso existe.”
 
E a nossa “imprensa livre” não escapa, no episódio ridículo do “bilhete-bomba” que ia destruir o e-mail da Odebrecht bem ali no meio dos autos do processo:

“A imprensa vai mal nessas horas. Deu curso à história do balacobaco de que Marcelo Odebrecht entregou nas mãos de um policial federal bilhete endereçado a seus advogados recomendando-lhes a destruição de provas. Você faria isso? Por que ele o faria? Mais: a acusação busca incriminar os advogados e agride o direito de defesa –que não pertence só a empreiteiros, mas também a pedreiros.”
 
Num linguajar de fazer jus ao seu tempo de Libelu, “Tio Rei” investe contra o comportamento de moro e da Justiça com uma fúria semelhante à do seu leitor/colaborador Maurício Thomaz, o autor do “habes corpus à revelia” de Lula.

Não quer dizer nada?

Ora, ora, Reinaldo Azevedo não está na Veja e na Folha como corneteiro da direita se não serve, ainda que da forma canino-caricata que ele próprio assume – “o rottweiler amoroso” – para interpretar pensamentos e estratégias que não são só seus.

Terça-feira, escrevi aqui que o Dr. Moro cogitava recuar por perceber que estava “passando do ponto” reservado a seu papel.

Lembro que, conversando por telefone, Paulo Henrique Amorim deu uma boa risada quando eu lembrei de um bordão antigo como eu: “assim, sim, mas assim também não!” 

Hoje, até o título da coluna de Reinaldo mostra isso: “Assim não, Moro!”.

Parece que teremos sextas-feiras mais calmas."






(De Fernando Brito, em seu blog, post intitulado "Nem o 'ministro' Reinaldo Azevedo aguenta o Sergio Moro!" - aqui.

A maioria dos comentários ao post é bem interessante; vale a pena dar uma olhada. Ora, ora, desde quando a realidade 'lavajatável' vem sendo pontilhada por excessos? Desde quando MPF, PF e demais protagonistas estão a brilhar na fogueira das vaidades? Desde quando se está a constatar o medo de instâncias diversas ao crivo da mídia? Por que só agora esse começo de virada do articulista Azevedo? Talvez - ou certamente - porque o objetivo-mor já foi há tempos alcançado: a desmoralização do PT. Pra que ficar coonestando tudo, se expondo tanto, depois dessa baita conquista, não é mesmo?

Em tempo: Fernando Brito observa que o linguajar de Reinaldo "faz jus a seu tempo de Libelu". Libelu identifica a organização Liberdade e Luta, de que o articulista teria sido integrante nos anos de chumbo).

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