que envergonha o mundo
Mais um gênio da raça
Por Mino Carta
A Fifa é uma das várias máfias que infestam o mundo, desde 1974, quando João Havelange assumiu a presidência da entidade. Do conhecimento do próprio até nos domínios minerais. Já escrevi, sem receio de errar, que no comando da Fifa, em lugar de Havelange antes, de Blatter depois, poderiam ter chamado, em busca dos mesmos resultados, Totò Riina e Bernardo Provenzano.
Houve inúmeros jornalistas mundo afora para denunciar tramoias e roubos e federações de países de boas tradições futebolísticas que tentaram, por ocasião de eleições, colocar na presidência da Fifa alguém menos vocacionado para o papel de capo di tutti i capi. Não houve jeito, os chefões souberam como se garantir no poder de um sistema pretensamente democrático. A ONU reúne representantes de 193 países, a Fifa 209. A periferia também vota.
No Brasil, muito pouco se fez, pouco demais décadas a fio, para atingir os responsáveis pela degradação progressiva do esporte mais amado, contra a corrupção desbordante e acintosa. Na mídia, vozes isoladas, a começar por Juca Kfouri, em papel impresso, no rádio e na tevê. Alguns blogueiros, por exemplo, Luiz Carlos Azenha, autor, juntamente com três colegas, de um livro a respeito do assunto, O Lado Sujo do Futebol. Ou Paulo Henrique Amorim.
Como dizia Vittorio Gassman, modestamente também eu por onde passei. Desde seu tempo de semanal, CartaCapital não esmoreceu na exposição de uma situação que envergonha o mundo enquanto o Brasil silencia. Nem se fale do próprio Estado brasileiro, nas suas principais instâncias. Refiro-me aos poderes da República e aos instrumentos de que dispõem para agir. Nem se fale dos ministros do Esporte a se sucederem na demonstração da sua inércia, quando não da conivência. Além do mais, a Globo está envolvida no esquema, e a Globo, a gente sabe, recebe dos graúdos nativos genuflexões e curvaturas.
Move-se o FBI no combate à lavagem de dinheiro. Admitamos, porém, que Havelange soube apontar outros caminhos. Entre suas obras-primas, o acordo selado com o ditador argentino Videla para permitir a vitória dos nossos vizinhos no Mundial de 1978: recordam o 6 a 0 de Argentina vs. Peru? Ou, em contrapartida, a expulsão de Maradona em 1994 por manjadíssimo uso de cocaína quando os argentinos pintavam como campeões. Levar Blatter à presidência foi outro lance magistral daquele brasileiro decisivo, e Blatter logo provou seu talento ao comandar o roubo de 2002, que eliminou Itália, Espanha e Portugal para favorecer Japão e Coreia do Sul, votos certos a favor da bandalheira. (Fonte: CartaCapital, aqui).
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Totò Riina e Bernardo Provenzano foram dois notórios 'capos' da máfia italiana.
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