sexta-feira, 12 de junho de 2015

QUANDO ALCEU ENGATINHOU


Alceu Valença explica por que engatinhou no palco do Prêmio da Música

O cantor e compositor pernambucano Alceu Valença chamou a atenção na noite de quarta-feira 10 ao entrar engatinhando, no auge de seus 68 anos, no palco do Prêmio da Música Brasileira, que aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ele foi premiado em duas categorias: melhor cantor regional e melhor álbum de MPB.

Em um relato emocionado no Facebook, ele explica o motivo: lembrou-se de sua infância e de sua primeira apresentação no palco, aos cinco anos, em São Bento do Uma, no agreste pernambucano. Na ocasião, ele cantou É Frevo, Meu Bem, de Capiba, e perdeu o festival infantil para um garoto que interpretou a espanhola Granada.

"Ainda me recordo de ver papai, mamãe e titia Ademilda na plateia. As luzes da ribalta me hipnotizaram e eu, perdedor do festival, quis chamar a atenção da minha família. Enquanto Miquelito recebia merecidamente a comenda, eu dava dezenas de cambalhotas no palco para delírio e risadas do público", relata.

Em entrevista ao Diário de Pernambuco, ele também comentou a peripécia: "Aquilo dali foi uma lembrança de São Bento do Una, do primeiro em show que participei, um concurso de música. Eu tinha 5 anos. Depois de perder, comecei a embolar no chão. Eu já tinha me deitado nos bastidores. Quando saiu o prêmio, andei como cavalo doido, cavalo de pau. Lembrei da minha tia, minha mãe, que estavam no Cineteatro Rex, em São Bento do Una".

Leia abaixo a íntegra de seu depoimento:

Ontem à tarde, lembrei-me da primeira vez que subi ao palco. Eu tinha 5 anos e participei de um festival de música infantil no Cine Teatro Rex em São Bento do Una. Subi numa cadeira, cantei É Frevo, Meu Bem de Capiba e perdi o concurso para um garoto que interpretou a espanhola Granada. Ainda me recordo de ver papai, mamãe e titia Ademilda na plateia. As luzes da ribalta me hipnotizaram e eu, perdedor do festival, quis chamar a atenção da minha família. Enquanto Miquelito recebia merecidamente a comenda, eu dava dezenas de cambalhotas no palco para delírio e risadas do público.

Ontem à noite, as portas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro abriram-se para o Prêmio da Música Brasileira. Eu concorri em duas categorias: melhor cantor regional e melhor álbum de MPB. O clima ali não era de disputa e sim de comunhão em torno da diversidade da nossa música. Abracei Melodia, que há muito não via! Falei com Gilberto Gil, sorridente e gentil. Sentei-me perto de Martinho da Vila, que estava ao lado da adorável Mart'nália, sua filha. Acenei para Erasmo Carlos e sorri para Beth Carvalho sentada numa frisa. Lucy Alves, Jorge Vercílio, Gabi Amarantos, Daúde, Elba Ramalho, abraços, abraços, abraços.

Maria Bethânia, a homenageada, como uma diva, entrou em cena. Começou a premiação e de repente ouvi o meu nome como vencedor na categoria cantor regional. O menino de São Bento acordou dentro de mim. Subi ao palco e, impelido pela loucura da criança, me agachei e andei de quatro pés. O Municipal estava tão cheio quanto o Cine e Teatro Rex e eu, dessa vez, era vencedor com o meu regionalismo que na infância me tirara o prêmio.

Retorno ao meu lugar na plateia e assisto ao desfile de grandes astros da nossa música na homenagem à Bethânia: Lenine, Caetano, Chico Cesar, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto. (Fonte: aqui).

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Alceu é fera da MPB, e uma de suas marcas é a descontração. Parabéns pela premiação, cabra do coração bobo!

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