A mudança do dirigente da Secretaria de Comunicação da Presidência da República está causando um certo, digamos, nervosismo na grande imprensa, notadamente os prestadores de serviço que abocanham fatias expressivas. É que a Secom administra um orçamento alentado, e é quem estabelece a política de veiculação de anúncios e campanhas institucionais.
A Secom e o desassossego da mídia
Por Saul Leblon
O desassossego da emissão conservadora com a saída de Helena Chagas, da Secom, não diz algo apenas sobre a ex-ministra egressa das Organizações Globo, e que por mais de quatro anos esteve à frente do órgão que centraliza a comunicação e o orçamento de publicidade do governo federal.
O alarido em colunas e gargantas adestradas no varejo dos recados patronais expressa, ademais, o entendimento consuetudinário (costumeiro - nota do domacedo.blogspot) que as grandes corporações do setor nutrem em relação a essa pasta.
- Se é preciso mexer, que seja para nada mudar, adverte o ectoplasma dos interesses que se avocam a indivisa prerrogativa sobre a opinião pública nacional.
O dispositivo midiático relaciona-se com a Secom na mesma chave hierárquica através da qual o mercado financeiro busca impor sua soberano ao BC. Equivale ao tratamento dispensado pelos oligopólios regulados às agencias regulatórias, por reles capturadas.
Tudo se passa como se a esfera pública lhes devesse a fidelidade própria de uma extensão dos interesses privados.
Essa é a natureza dos recados disparados ao governo por ocasião da saída de Helena Chagas da Secom.
Equivale aos avisos intimidativos que gangues enviam à chegada de novos moradores no quarteirão.
Justiça seja feita, há coerência com o que se estampa e se emite a título de noticiário.
Importa, assim, discutir o outro lado.
O problema maior é a eficácia –razoavelmente alta—que esse comportamento tem obtido.
Há quem tema que o sucesso se repita agora, mergulhando-se a mudança na Secom em um formol de busca de indulgência composto de mais do mesmo.
Que um governo progressista, há mais de uma década à frente do Estado, não tenha formado ainda um consenso quanto a necessidade de tornar mais ecumênico o sistema de comunicação do país, configura um mistério que até mesmo os dilatados limites das alas moderadas da esquerda não conseguem mais aceitar.
Muito das hesitações petistas nessa esfera pode ser atribuída à percepção de uma correlação de forças adversa, que impõe a estrita seleção dos confrontos a enfrentar.
A avaliação teria excluído das prioridades do governo Dilma o projeto de regulação das comunicações audiovisuais preparado pelo ex-ministro Franklin Martins.
O texto dorme no berço esplêndido da gaveta do ministro Paulo Bernardo, mas embalado por ordens superiores.
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