domingo, 2 de fevereiro de 2014

O BEIJO GAY


O beijo gay

Por Marcelo Migliaccio, titular do blog RioAcima

Gays se beijam desde a Antiguidade. A TV só admitiu isso mais de 2 mil anos depois. Os evangélicos estão irados, porque nunca aceitarão a realidade. Agora, os jornais, revistas e sites que pertencem ao mesmo grupo econômico da emissora enaltecem a exibição do selinho (com os atores visivelmente constrangidos) na novela das oito. O autor foi colocado um degrau acima de Deus na rasgação de seda global. E para mim, todo o autor de novela é um carrasco, já que não gosto de ver.

Quando tem mulher na minha casa acabo vendo novela. Se eu deixar, elas assistem às três, mas eu instituí a regra de "escolha apenas uma para ver". A última que acompanhei com gosto foi Estúpido Cupido, de 1976, com 13 anos, confesso, eu era um panaca. Mas a novela ambientada na década de 60 me encantou. Corri na Sears pra comprar o LP logo que saiu. Antes dela, aos seis anos, tinha visto, maravilhado, a primeira versão de Irmãos Coragem, que era tosca ao extremo. Hoje não consigo assistir a mais de suas cenas, mas acabei vendo alguns capítulos de Amor à Vida. O forte foram as boas atuações de Mateus Solano, intérprete de um dos gays, e Tata Werneck. Poderiam ter ido além se o texto fosse melhor, mas é novela, né? Agora, o maior desafio nas carreiras de ambos será fugir dos estereótipos que a TV adora pregar na testa dos atores. No mais, achei  a novela tediosa como todas as outras (fora Estúpido Cupido e Irmãos Coragem). Se estivesse sozinho, teria mudado de canal para ver o Show da Fé, na Band, juro.

A melhor coisa da TV aberta hoje é o botão que desliga.

Bom, o que me chamou a atenção na novela foi a quantidade de vilões. Quando eu era pequeno as novelas tinham um vilão. Hoje, têm dez. Sinal dos tempos…

Outra coisa que notei é que as mulheres agora logo partem para o tapa. Inclusive as heroínas da trama. Imagine se a Regina Duarte, a mocinha do meu tempo de criança, iria sair no braço com uma rival. Imagine a namoradinha do Brasil rolando pelo chão numa cena de pugilato. Essa onda deve ser merchandising subliminar do UFC feminino, a nova sensação em lutas ao lado das academias de pancadaria para crianças com menos de dez anos de idade. Fim dos tempos...

Mas, voltando aos gays, o beijo foi enviezado _ um dos atores colocou a boca para cima e o outro, para baixo, mais um pouco e um beijaria o nariz do outro. Língua, nem morta, santa! Percebi também que eles foram os protagonistas da trama. Acho que foi a primeira novela gay da História, título que, para mim, não significa nada, a não ser pelo mérito de mostrar o quanto a TV demora para aceitar o mundo real. No Brasil, levou cinco décadas para admitir o amor homossexual.  Vamos ver quantos séculos levará para descobrir o jornalismo imparcial. (Fonte: aqui).

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Aqui, "O beijo do Félix e o preconceito", no blog de Altamiro Borges.

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Há décadas não acompanho novelas. Opção pessoal. Nada contra. 


Joel Bueno.

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