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Quem poderia imaginar que logo após uma pandemia monumental como a da Covid - que aliás ameaça recrudescer - o mundo iria amargar situação tão vexatória em face do conflito Rússia x Ucrânia? E o pior é que, como afirma o prof. Reginaldo Nasser, diante do agravamento dos choques internos na Ucrânia e das consequências já contabilizadas, "vai ser difícil sair dessa" (o professor citado acrescenta - Aqui -: "A Ucrânia poderá se transformar num Afeganistão do meio da Europa"). Não à toa, a OCDE sustenta que o PIB mundial vai sofrer queda substancial, sendo que o da Rússia, segundo Nasser, já tem como certa, até agora, uma queda de 8 a 10% no corrente ano.
Ambos os países produzem commodities vitais para o mundo. Daí...
Apesar de responder por aproximadamente 1,5% do PIB global, russos exercem grande impacto sobre os preços de energia e de alimentos
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As análises em torno da guerra entre Rússia e Ucrânia têm abordado as questões políticas com alguma frequência, mas o impacto das sanções decretadas pelos países ocidentais não tem sido abordado com a atenção necessária.
“O que é curioso dessa história toda é que os grandes defensores das sanções, que são as grandes potências ocidentais, são também em geral, estruturalmente, os grandes defensores da globalização”, explica Bruno de Conti, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON) da Unicamp à TV GGN 20 horas desta quarta-feira (16/03 - Aqui).
Em entrevista aos jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler, Bruno de Conti ressalta que só agora os países ocidentais “estão percebendo que não é possível fazer sanções específicas para a Rússia sem rebater no restante do mundo – esse é o lado paradoxal da história toda”.
Bruno ressalta que, embora a economia russa tenha uma participação pequena em relação ao PIB global (entre 1,5% e 1,7%), “no grau atual de integração entre os países o efeito é imediato sobre o mundo todo, e com algumas particularidades”.
A questão mais evidente tem sido vista nos preços, principalmente em um cenário de inflação global elevada por conta da pandemia de covid-19 e a quebra das cadeias globais de valor ao longo dos últimos dois anos.
“(Essa quebra de cadeia) em si – já gerou elevação de preços de insumos pelo mundo, e agora isso vem como um novo choque sobre os preços em primeiro lugar. E aí, enfim, de forma disseminada”, diz o pesquisador, ressaltando que um dos elementos-chave é a questão do custo da energia, como petróleo e gás.
“A volatilidade dos preços das commodities em si já provoca problemas de planejamento, e, claro – há volatilidade com tendência crescente em diversas commodities (…)”, afirma Bruno de Conti, lembrando que os preços de energia afetam toda a cadeia de transportes – não só o frete rodoviário, como também o frete marítimo e o frete aéreo.
“Quando sobem os preços de alguns bens – muito se falou no Brasil, uns cinco anos atrás, sobre a inflação do tomate – convenhamos que a inflação do tomate não é tão grave, você não come o tomate e pronto. Agora, com energia não é assim – subiu o preço de gás e petróleo, isso tem um peso de irradiação por toda a economia global que não é pequeno. Certamente, esse é o componente principal”, diz Bruno de Conti.
“Também, do ponto de vista dos preços, tem outros minérios, como alumínio, níquel (…) e preços agrícolas, aí diretamente pelo trigo e milho, enfim, que Rússia e Ucrânia são grandes produtores, mas também pelos fertilizantes (…)” - (Jornal GGN - Aqui).
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