segunda-feira, 14 de março de 2022

RÚSSIA: OS DIAS DEPOIS DAS SANÇÕES

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Alex Solnik descreve as previsões de dez economistas russos sobre o impacto das sanções sobre o país e todos apontam para um futuro sombrio


Economia Russa Derrete

Alex Solnik, no 247:
Economistas, professores de Economia e empresários consultados pelo jornal “Novaye Izvestia” (“Novas Notícias”), de Moscou, fizeram previsões sombrias acerca do futuro da economia russa, abalada pelas sanções e pela fuga das empresas estrangeiras em protesto contra a invasão da Ucrânia. O tema está na reportagem intitulada “Nova realidade: o que acontecerá com o rublo e como sobreviver a tempos difíceis”, que está no ar no site do jornal. 

“O rublo continua sua rápida queda” dizem as economistas Yulia Suntsova e Natalya Segbil. “Os preços dos imóveis em Moscou, região de Moscou e nas grandes cidades atingiram seus máximos. Prevê-se aumento explosivo dos preços dos alimentos, medicamentos e bens de consumo, seguido de uma escassez. A inflação será a mais alta dos últimos vinte anos. Desemprego em massa não é negado nem mesmo no Kremlin. O isolacionismo não é, para dizer o mínimo, o melhor fator para a Economia”.

Os economistas Daria Antonova, Yulia Vymyatrina, Svetlana Lavrova e Dmytry Skogarensky, da Universidade Europeia de São Petersburgo, afirmam que “o Banco Central está tentando reduzir a demanda pelo rublo e aumentar a oferta de moeda estrangeira no país para estabilizar a taxa de câmbio”. 

O financista Igor Nikolaev não deixa por menos: “Quem tem depósito em rublos não pode dormir tranquilo. O dinheiro está se depreciando rapidamente. Tudo subiu de preço e vai subir ainda mais”.

Recomendações do empresário Dmitry Potapenko: “Não recomendo levar dinheiro ao banco. Você pode esquecer os investimentos. As ações do Sberbank caíram 99,7%. Gastar dinheiro só em comida e remédios. Jóias e antiguidades, como você se lembra, foram trocadas por pão em tempos de guerra”.

E adverte: “Acho que estamos muito perto da inadimplência”.Ouro é o investimento sugerido pelo economista Stepan Demura: “Não vejo ativo que cresça em preço pelo menos tão rapidamente quanto o rublo cairá”. O observador econômico Boris Grozovski discorda: “O ouro é um ativo em tempos de crise. Mas não é impecável. Pessoas que tentaram salvar suas fortunas através do ouro foram arruinadas por isso”.

Igor Lipsits, doutor em Economia e Professor da Escola Superior de Economia de Moscou aponta, com ironia, o futuro do país: “A Rússia está se transformando com incrível velocidade na Coreia do Norte 2 - um país que é economicamente dependente e, além disso, completamente dependente da benevolência da China”.

“Em breve o rublo se transformará em uma moeda inconversível ou limitadamente conversível”, prevê o economista Andrei Nechaev. “A inflação será de 20%, possivelmente mais” afirma o economista Abel Aganbegyan. 

“Se você mantiver rublos em casa, todos os meses perderá 2%. Portanto, faz sentido colocar no banco por um curto período. Espero que esse dinheiro não seja tirado de você”. “Há incerteza no país agora”, pondera Stepan Demura. “Se você tem uma dacha, plante batata, cenoura, repolho. Mas o pior é estar desempregado. Se houver uma oportunidade de encontrar um segundo emprego, não a recuse. A renda real cairá 10% a 15% em média”.

O economista compara a situação atual à de 1917: “De repente nos encontramos na Idade da Pedra. As pessoas comparam com os anos 90. Mas não. Em 1998 pelo menos alguma indústria estava viva e era autossuficiente. Agora, em termos de nível de desenvolvimento industrial, nem sei com o que comparar… provavelmente com os primeiros anos após o golpe de 1917. Haverá um grande aumento de desemprego. Especialmente nas grandes cidades”.  -  (Aqui).

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Faltou aprofundar o fator macroeconômico: a China (depois que Putin/Xi firmaram aliança durante os Jogos de Inverno, lembrando que o porta voz chinês declarou há pouco que a amizade Rússia-China é mais sólida do que pedra) e o BRICS (onde, claro, reina a própria China, liderando Índia, África do Sul e Brasil - de onde se conclui que Bolsonaro agiu corretamente as manifestar-se pessoalmente 'solidário' à Rússia, rica em trigo e fertilizantes, p. ex.).

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