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Por Antonio Mello:
Imagine você ser atacado e acusado por todos os lados e não poder se defender ou ao menos dar sua versão dos fatos. É o que está acontecendo com a Rússia neste momento na Europa, durante a guerra da Ucrânia.
Google e Meta (o nome que Facebook passou a adotar para esconder sua imagem queimada) bloquearam conteúdo das principais mídias russas em todo o continente europeu.
Toda a informação tem apenas um lado da história: os malvados russos invadiram a democrática Ucrânia, e seus bravos cidadãos (muitos deles assumidamente nazistas, mas, quem não tem defeitos?) estão sendo esmagados pelo ditador Putin.
Não importam as razões da Rússia para fazer o que fez e está fazendo, consumidores de notícias do continente europeu só têm notícias contra ela e seu presidente Putin.
A batalha informativa é um dos principais terrenos da guerra e nessa área o Ocidente está lutando sozinho contra um adversário emudecido.
Esse é o perigo de as pessoas se informarem apenas pelas mídias sociais, não buscarem fontes alternativas confiáveis ou, se possível, primárias de informação.
Não são apenas os algoritmos que determinam o que você pode ou não ver, ler, escutar. São as forças por trás de Google e Meta (Facebook) que determinam o que você pode saber, por exemplo, sobre a guerra da Ucrânia e para que lado deve torcer.
A agenda-setting, não apenas das Big Techs mas da mídia corporativa também, quer que você compre a versão ocidental da guerra, ao mesmo tempo em que esconde os crimes e a invasão de Israel na Palestina, e as sucessivas invasões e destruições dos Estados Unidos (no momento em ataques com drones na Somália) pelo planeta.
No Brasil, ainda é possível o acesso aos sites russos de notícias Sputnik e RT, que você deve acessar para ter informação dos dois lados da guerra. (...).
- ("Guerra na Ucrânia mostra como é perigoso ficarmos dependentes de Google e Meta [Facebook]" - No Blog do Mello - Aqui).
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O caso constitui exemplo eloquente de como funcionam a informação e a propaganda no âmbito internacional: agiu ao arrepio do Direito Internacional (invadindo um país autônomo), perdeu a credibilidade e o poder de fala. É o caso da Rússia de Putin, cujo poder de fala, aliás, já dependia basicamente da mídia do outro lado, tamanho o poderio desta.
A União Europeia e os EUA certamente não cogitavam apoiar a imediata inclusão do Ucrânia na OTAN. Depois da agressão da Rússia ao Direito Internacional, o Parlamento Europeu passou a propor o imediato acatamento da Ucrânia no âmbito da citada organização, o que fará (ou faria) o caldo entornar definitivamente.
Em resumo, tem-se no meio do salão um senhor saco de batatas - dotado de um monumental arsenal nuclear.
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