sexta-feira, 7 de agosto de 2020

NINGUÉM SAI ILESO DE PARACUELLOS, HQ DA COMIX ZONE

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"Em diversos momentos, a leitura nos faz colocar em suas páginas nossos filhos ou nós mesmos quando crianças, o que transforma a dor daquelas crianças de 70 anos atrás em nossa própria dor."
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Lá para 2060 certamente ainda teremos HQs - e autores como Carlos Giménez. Como relatarão os artistas de então, hoje crianças, as estultices em série perpetradas por 'líderes' míopes que marcaram a sua infância?


Por Rogério Faria


Paracuellos é uma obra em quadrinhos que fala diretamente com a criança dentro da gente. E não é um diálogo fácil, mas uma conversa dolorosa, que deixará sequelas pelo resto da vida.
Nela, o autor espanhol Carlos Giménez narra sua experiência num abrigo social do governo Espanhol na ditadura franquista por volta da década de 1950. Esses abrigos, para crianças órfãs e pobres, eram um ambiente intensamente opressor, com total escassez de recursos e forte influência militar de um lado e da igreja católica de outro. Os relatos trazidos são impactantes, de tortura, física ou psicológica, fome, perdas, solidão, desesperança, mas tudo por uma ótica própria de uma criança. É isso que faz com que seus personagens, em traços altamente expressivos, nos cativem e, por incrível que pareça, nos arranquem sorrisos, às vezes constrangidos, nas situações mais terríveis.
Carlos Giménez. (Espanha).
Não tem como sair ileso de um contato com Paracuellos. Em diversos momentos, a leitura nos faz colocar em suas páginas nossos filhos ou nós mesmos quando crianças, o que transforma a dor daquelas crianças de 70 anos atrás em nossa própria dor.
A obra ganhou diversos prêmios europeus, entre eles o Melhor Álbum do Festival de Angoulême em 1981. Paracuellos é um lançamento da editora Comix Zone, tem 208 páginas, prefácio de Pedro Bouça e pode ser adquirida clicando aqui.  -  (Aqui).

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