domingo, 18 de novembro de 2018

SOBRE O COMPROMETIMENTO DO MAIS MÉDICOS

(Foto: Google).
Dados e cálculos expostos pelo cronista e cineasta Sérgio Saraiva, titular de blog no site GGN, neste tempo de perplexidade e desalento diante do esfacelamento do Programa Mais Médicos:
"Um médico do Mais Médicos custa ao Governo Federal R$ 12 mil por mês.
No caso de um médico vindo de Cuba – cerca 50% dos médicos do Programa Mais Médicos são cubanos - esse valor é pago à OPAS, Organização Panamericana de Saúde, que é a entidade responsável pela contratação dos médicos desse país.
A OPAS repassa a maior parte desse valor a Cuba e o médico cubano no Brasil acaba por receber líquido apenas R$ 3.000,00. Mais a alimentação e a moradia, que são pagas pela prefeitura que receber o médico.
Para termos de comparação: o piso salarial dos professores brasileiros definido pelo MEC – Ministério da Educação - para uma jornada de 40 horas semanais para o ano de 2018 é de R$ 2.455,35. Mas, muitas prefeituras, ainda hoje, pagam menos que isso. Sobre esse valor, ainda incidirão os descontos de 7,5% correspondes ao IR – imposto de renda e 11% para Previdência Social. Assim, o professor receberá líquido algo próximo a R$ 2.022,00. E, por óbvio, paga ele mesmo o aluguel da sua casa e as contas do supermercado.
Em 2018, o salário mínimo no Brasil é de R$ 954,00. Pelos dados do CENSO 2010 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - 60% dos brasileiros vivem com um salário mínimo mensal ou menos.
Agora, sem dúvida, Cuba é um país pobre e sua população também. Em Cuba, o salário médio da população é equivalente a 20 dólares por mês - R$ 75,00 mensais. E um médico lá recebe o correspondente a 64 dólares por mês – R$ 250,00 mensais.
Conhecendo esses números, cabe então a pergunta: os médicos cubanos no Brasil trabalham realmente em um regime análogo ao da escravidão ou é necessário ensinar noções de proporção - matemática elementar - ao presidente?-  (Aqui).                                               ................
Certamente vale a pena acrescentar:
(a) Os médicos cubanos atuam em mais de sessenta países pelo mundo (eram 62 em 2016), em grande parte deles a custo zero para o país que recebe o apoio. É natural que as autoridades cubanas busquem formas de atenuar os custos, de modo a assegurar a presença em áreas mais carentes;
(b) No post "Entre a eleição e a posse" - aqui -, registramos:
"O Uol destacou, ontem, 'O prejuízo bilionário da saída do Mais Médicos para a 'medicina de exportação' de Cuba' - aquiDe fato, o prejuízo é expressivo: com o fim do acordo firmado na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff em 2013, Cuba vai perder US$ 332 milhões - ou R$ 1,1 bilhão -, por ano. Isso representa aproximadamente 3,3% do que Cuba arrecada com a exportação de serviços anualmente (US$ 11 bilhões). A exportação total de Cuba - representada por serviços e venda de açúcar, tabaco, rum e níquel - é de US$ 14 BI por ano. 
É grande, pois, a perda de Cuba. Mas, quanto o Brasil e o seu povo perdem em face do esfacelamento de um Programa tão importante como o Mais Médicos?".

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