domingo, 26 de novembro de 2017

DA PAIXÃO FELINA (PARTE I)


"Li o artigo ‘O maior injustiçado de todos os tempos’, de Janderson Lacerda, como uma peça em homenagem a uma paixão pessoal do autor. Todavia, a despeito do tom bem humorado, o artigo toca em um assunto dos mais espinhosos – a criação de gatos como animais de estimação. A rigor, dado o impacto negativo que os gatos podem ter sobre a fauna nativa de praticamente qualquer região do planeta, eles são vistos hoje como uma espécie invasora das mais terríveis. O problema é antigo, mas ganhou um novo patamar de discussão em anos recentes, como veremos a seguir.

Os felinos

O gato doméstico é um felino – um mamífero da família Felidae. Existem em todo o mundo umas 5,4 mil espécies viventes de mamíferos (classe Mammalia), das quais cerca de 290 integram a ordem Carnivora. Os integrantes dessa ordem se caracterizam, entre outras coisas, pela presença de um par de dentes cortantes (os chamados ‘dentes carniceiros’) em cada lado da boca. Apesar do nome, muitos mamíferos carnívoros exploram dietas onívoras ou mesmo vegetarianas, como é o caso do panda-gigante e do panda-vermelho.
O ramo ancestral que deu origem a todos os carnívoros viventes teria se dividido, logo no início de sua história evolutiva, há uns 50 milhões de anos, em duas grandes linhagens: os feliformes (latim, felis, gato + -formis, de aspecto semelhante a) e os caniformes (latim, canis, cão + -formis). Essas duas linhagens são habitualmente tratadas como subordens, Feliformia, abrigando pouco mais de 120 espécies, arranjadas sete famílias, incluindo Felidae (40 espécies); e Caniformia, abrigando outras 160 espécies. Os felinos se alimentam exclusivamente de ‘carne’, sendo chamados por isso de hipercarnívoros. (Entre os vestebrados, serpentes, gaviões e corujas também seriam exemplos de hipercarnívoros.)
Os felinos são habitualmente divididos em dois grupos informais, os ‘grandes gatos’ e os ‘pequenos gatos’. Os primeiros correspondem às quatro espécies do gênero Panthera (tigre, leão, onça-pintada, leopardo), além de outras quatro de tamanho intermediário, onça-parda (Puma concolor), guepardo (Acinonyx), leopardo-da-neve (Uncia) e leopardo-nebuloso (Neofelis). As demais espécies de felinos são coletivamente referidas como ‘pequenos gatos’.
A fauna brasileira abriga oito espécies nativas de felinos: Leopardus – gato-do-mato-grande, gato-do-mato-pequeno, gato-maracajá, gato-palheiro e jaguatirica; Panthera – onça-pintada (= jaguar, jaguaretê, onça-preta ou pantera); e Puma – onça-parda (= suçuarana) e o gato-mourisco. O gato doméstico, como se vê, não é um animal nativo do país. Trata-se, a rigor, de uma espécie exótica (não nativa) – para nós, brasileiros, o leão, o tigre e o guepardo seriam outros exemplos de animais exóticos.
A domesticação
Além do gato doméstico (Felis catus), hoje amplamente disseminado em todo o mundo, o gênero Felis abriga mais cinco ou seis espécies viventes, encontradas principalmente na África e na Ásia. Uma dessas espécies é o chamado gato-selvagem. Já foi costume distinguir entre o gato-selvagem europeu (F. silvestris) e o africano (F. libyca). Tal distinção, no entanto, caiu em desuso e os gatos-selvagens passaram a ser abrigados em uma única espécie (F. silvestris), esta subdividida em algumas subespécies. Análises recentes indicam que o gato doméstico descente de uma linhagem da subespécie F. s. libyca.
Até poucos anos atrás, era costume atribuir a domesticação do gato aos egípcios, um processo que teria ocorrido há cerca de 4 mil anos. Achados mais recentes, no entanto, mudaram o local e a época dessa história. Acredita-se hoje que o gato tenha sido domesticado (talvez mais de uma vez) no Oriente Médio, há cerca de 10 mil anos. Com a domesticação, veio a disseminação – e o gato ganhou o mundo...
Por volta do ano 500 a.C., já havia gatos domésticos na Grécia; no século 3 da era moderna, eles já haviam alcançado a Grã-Bretanha. Séculos depois, os colonizadores europeus se incumbiriam de espalhar o animal pelos demais continentes. Não havia gatos na América do Norte, quando os espanhóis lá chegaram, em 1492; assim como não havia gatos em território brasileiro, quando os portugueses aqui chegaram, em 1500. A Austrália, a Nova Zelândia e diversas ilhas próximas foram alguns dos últimos lugares a serem invadidos pelos gatos.
Na grande maioria dos casos, os felinos foram levados deliberadamente pelos colonizadores europeus, pois se tornou um costume mantê-los a bordo dos navios na expectativa de que pudessem dar conta dos roedores que proliferavam em meio aos alimentos estocados.
Gatos confinados, delinquentes e ferais
A introdução (deliberada ou não) de espécies exóticas tende a empobrecer as comunidades nativas e, nesse sentido, trata-se de uma séria ameaça à manutenção da biodiversidade em escala planetária. O rol de animais, plantas e micro-organismos exóticos disseminados pelo mundo é impressionante, ultrapassando a marca de 100 mil espécies. Claro que muitas delas, de um ponto de vista antropocêntrico, são benéficas, como é o caso do trigo e do gado bovino. Muitas outras, no entanto, são extremamente danosas, não apenas para as comunidades biológicas nativas, mas também para as próprias populações humanas. É o caso do caramujo-africano (Achatina fulica), originário do leste da África, e do mosquito-da-dengue (Stegomyia [= Aedesaegypti), originário da Ásia. Mas a lista também abriga diversos personagens insuspeitos, como o pinho-americano (Pinus elliottii), originário da América do Norte, e o personagem central deste artigo.
O gato doméstico é um animal exótico em todos os lugares onde vive. Trata-se, além disso, de uma espécie invasora – i.e., um organismo que prospera de modo acelerado nos hábitats que coloniza. O oportunismo é uma das razões do sucesso desses felinos, ajudando a explicar como eles se tornaram tão numerosos e disseminados, a ponto de se converterem em uma praga.
Ao longo do século 20, com a urbanização da humanidade, um número cada vez maior de gatos passou a viver dentro de casas e apartamentos. Nessas circunstâncias, os tutores de vez em quando precisam levá-los para um passeio. De fato, essa é uma atividade relativamente comum entre os tutores de cães, embora não tanto entre os tutores de gatos. Estes últimos tendem a compensar a falta de passeios deixando que os animais saiam de casa e entrem livremente. O grau de confinamento dos gatos criados por brasileiros é, ao que parece, bem inferior ao dos cães.
Para os propósitos deste artigo, podemos classificar os gatos domésticos em três categorias básicas: (1) confinados – são aqueles criados dentro de casa, sem livre-acesso ao exterior; (2) delinquentes – são aqueles cujos tutores permitem que eles saiam e entrem livremente; e (3) ferais – são aqueles que vivem na rua, com pouco ou nenhum contato com seres humanos. Os animais das categorias 1 e 2 formam o conjunto dos ‘gatos com tutores’, em contraposição aos sem tutores (3); os animais das categorias 2 e 3, por sua vez, formam o conjunto do ‘gatos criados soltos’, em contraposição aos que nunca saem sozinhos (1).
A população mundial de gatos
Quantos gatos existem em todo o mundo? Não é fácil responder a esta pergunta, mas não é nada impossível.
Em meados da década de 1980, a população mundial foi estimada em 400 milhões de indivíduos; a estimativa atual gira em torno de 600 milhões, talvez um pouco mais. Só nos Estados Unidos vivem mais de 100 milhões de gatos. No Brasil, com base em resultados parciais, é possível estimar que existam entre 6 e 12 milhões de gatos com tutores. O número de gatos ferais, contudo, é desconhecido, embora talvez não seja exagero afirmar que eles representem cerca de 50% de todo o contingente.
A maior parte da população mundial de gatos parece estar vivendo nas proximidades de assentamentos humanos (cidades, vilas, fazendas etc.), ainda que nem todos esses animais tenham tutores. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que 80-90 milhões de gatos tenham tutores, enquanto outros 30-80 milhões não têm. A maioria dos gatos com tutores vive em cidades, embora nem sempre a maior parte da população de gatos de um país viva em áreas urbanas e tenha um tutor. Um caso extremo parece ser a Austrália: no início da década passada, de uma população total estimada em 21 milhões de indivíduos, 3 milhões tinham tutores e viviam principalmente em cidades, enquanto 18 milhões não tinham tutores e vagavam pelo país, inclusive pelas regiões mais áridas do interior.
Apesar dessas diferenças na distribuição e abundância das populações de gatos de cada país, uma coisa parece certa: o contingente mundial continua crescendo.
Gatos que ajudam ratos
Quem convive com gatos nem sempre está ciente das interações que eles mantêm com outros animais. Não são poucos os tutores que criam esses felinos acreditando que eles podem afugentar ou mesmo controlar visitantes indesejáveis, como os ratos domésticos. É fato que os gatos podem abater várias espécies de roedores (mamíferos da ordem Rodentia), principalmente os de pequeno porte, mas será que isso indica que eles são capazes de exercer algum tipo de controle populacional, sobretudo no caso das espécies mais comuns de ratos domésticos?
Anos atrás, de acordo com o Ministério da Saúde, três das espécies mais comuns de roedores encontrados em cidades brasileiras eram a ratazana (Rattus norvegicus), o rato-de-telhado (R. rattus) e o camundongo (Mus musculus). As três espécies são originárias da Ásia e, a exemplo do gato, se converteram em invasores muito bem-sucedidos. Na falta de estudos locais a respeito das interações entre gatos e ratos, caberia examinar o que tem sido investigado em outros lugares. Na cidade de Baltimore (EUA), por exemplo, cujas populações de ratazanas vêm sendo monitoradas há décadas, descobriu-se que as chances de um indivíduo ser atacado e morto por um gato declinam bastante com a idade. Isso acontece porque os felinos concentram seus ataques nos estrados mais jovens (25-100 g de massa corpórea) da população de ratazanas, evitando os indivíduos mais velhos e maiores (> 200 g). Assim, à medida que crescem, os roedores se tornam ‘imunes’ a essa fonte de mortalidade. O impacto negativo dos gatos, portanto, tende a arrefecer, não tendo força suficiente para ‘controlar’ a população de ratazanas.
Quando se fala em gatos e ratos domésticos, há, na verdade, bons motivos para acreditar que esteja acontecendo exatamente o oposto: os primeiros, ao contrário do que o senso comum imagina, podem estar facilitando a vida dos últimos. Trata-se de um fenômeno ecológico mais amplo, de acordo com o qual predadores podem facilitar a proliferação de presas, assim como a presença de presas exóticas pode levar ao desaparecimento de presas nativas. No nosso caso em particular, o processo de facilitação decorre do comportamento de forrageio dos gatos, um carnívoro oportunista cujos ataques costumam se concentrar sobre as presas mais abundantes. Quando isso acontece, as presas exóticas (inicialmente pouco numerosas) tendem a proliferar com mais facilidade, a ponto de estabelecerem populações locais numericamente equivalentes ou superiores às populações nativas (inicialmente mais numerosas). Nesse contexto, se as presas exóticas forem competitivamente superiores, as nativas poderão ser levadas à extinção.
Mesmo na ausência de interações diretas entre elas, as presas exóticas ainda podem ter um impacto negativo sobre as presas nativas. Por exemplo, a presença de uma presa exótica pode sustentar um número extra de predadores e essa ‘superabundância’ pode ter um impacto devastador sobre as presas nativas. Algo semelhante a isso acontece quando os gatos criados soltos são alimentados por seres humanos. Com uma base de recursos adicionais ‘grátis’, a população de predadores não sofre os efeitos de uma ocasional escassez numérica de presas, mantendo uma taxa de ataques em níveis permanentemente elevados. As presas vão sucumbindo paulatinamente; a comunidade nativa é desmantelada e, por fim, os invasores tomam conta do lugar. Uma vez que a comunidade passa a ser dominada por espécies invasoras, a situação tende a perdurar, principalmente quando elas são tolerantes à presença de predadores exóticos, como é o caso do sistema envolvendo as ratazanas e os gatos. Seria uma ilusão, portanto, imaginar que a população de ratazanas de um lugar qualquer possa vir a ser controlada por gatos domésticos.
Problema antigo e universal
A presença de uma espécie invasora, notadamente no caso de predadores, pode ter um impacto negativo bastante significativo sobre a biota nativa. Isso inclui o declínio numérico de populações de presas, a simplificação de teias alimentares, o desmantelamento de comunidades locais e, em última análise, a perda de serviços dos ecossistemas. O gato doméstico tem tido um impacto bastante negativo sobre populações de presas nativas, em diferentes partes do mundo. Além de declínios numéricos, esses felinos já provocaram o completo desaparecimento de diversas espécies ou populações. Um exemplo famoso é o da chamada cotovia-da-ilha-stephens (Traversia lyalli), ave endêmica da ilha Stephens e de outras ilhas da Nova Zelândia, que foi rápida e inteiramente dizimada pela ação de uns poucos gatos.
Em 29/1/2013, o semanário eletrônico Nature Communications, irmão caçula da centenária revista científica Nature, publicou um artigo, ‘O impacto dos gatos domésticos criados soltos sobre a vida selvagem dos Estados Unidos’ (em tradução livre), de Scott R. Loss, Tom Will e Peter P. Marra. Os três pesquisadores estadunidenses lidam com o estudo e a conservação de aves e já haviam publicado antes um artigo de revisão tratando do impacto de atividades humanas sobre esses animais. De acordo com eles, nenhum outro fator antropogênico (e.g., colisões com prédios, janelas, veículos, torres de transmissão ou turbinas eólicas; envenenamento acidental ou deliberado; poluição) tem tido tanto impacto negativo sobre as aves como as mortes causadas por gatos domésticos. O problema não é novo, mas dada a abrangência da análise e a magnitude dos números que Loss e seus colegas divulgaram – bilhões de mortes por anos –, a notícia ganhou destaque...
A grande novidade trazida pelo artigo decorre de sua natureza abrangente: uma revisão que compila os resultados de pesquisas conduzidas por diversos cientistas, em diferentes lugares. Com base nisso, os autores construíram um modelo para descrever o que estaria ocorrendo nos Estados Unidos como um todo (excetuando-se apenas o Alasca e o Havaí). Todavia, embora eles tenham se debruçado sobre uma área geográfica específica, cabe ressaltar que o alcance de suas conclusões não se restringe a essa área. Gatos domésticos são encontrados em todo o mundo, até mesmo em ilhas remotas já abandonadas pelo ser humano. Em todos esses lugares, os hábitos alimentares desses felinos são essencialmente os mesmos, ainda que a identidade das presas abatidas possa variar de um lugar para outro. Em termos estritamente científicos, caberia agora descobrir até que ponto o modelo construído pelos pesquisadores estadunidenses se aplica em outras partes do mundo. E isso, claro, depende da realização de pesquisas adicionais.
Entre nós, pesquisas sobre a ecologia do gato doméstico ainda são raras e incipientes e pouco ou nada sabemos a respeito do impacto de carnívoros exóticos sobre a biota nativa. Nesse sentido, ouso dizer que os pesquisadores brasileiros deveriam buscar respostas mais precisas para três perguntas básicas: (i) quantos gatos (com ou sem tutores) existem no país?; (ii) onde eles estão?; e (iii) e o que eles estão fazendo? Até lá, penso que as conclusões obtidas por Loss e seus colegas poderiam ser adotadas por quem queira dimensionar o impacto negativo que os gatos criados soltos têm sobre a biota nativa.
Eis alguns números: gatos com tutores abatem em média de 3 a 13 aves e de 9 a 22 mamíferos a cada ano; e  gatos ferais abatem em média de 30 a 48 aves e de 177 a 300 mamíferos a cada ano. Combinando as duas categorias de presas, os números indicam que os gatos com tutoresabatem em média de 1 a 3 presas a cada mês, enquanto os gatos ferais abatem em média de 17 a 29 presas a cada mês. É importante notar que, embora aves e mamíferos correspondam à maioria das presas mortas, outros animais (e.g., répteis e anfíbios) também são abatidos em quantidades bastante significativas.
O que fazer?
Nos casos mais simples, a remoção dos gatos domésticos pode ser o suficiente para que as presas nativas se restabeleçam. Na verdade, a remoção física de gatos ferais vem sendo adotada com sucesso em diversas ilhas, de diferentes tamanhos, em diversas partes do mundo. Nos casos mais complexos, porém, a erradicação dos gatos por si só pode não ser o suficiente. Assim, quando gatos e ratos invasores proliferam conjuntamente, a restauração de comunidades nativas pode depender da remoção de ambos os invasores.
No plano estritamente científico, todos esses casos devem ser equacionados em dois níveis: o individual e o coletivo. No nível individual, cabe pensar no bem-estar dos animais envolvidos. No plano coletivo, porém, as decisões devem ser tomadas em função de argumentos apropriados para esse nível de análise. Por exemplo, diante das mortes de presas nativas causadas por gatos domésticos, muitos tutores argumentam que os animais estão apenas dando vazão aos seus “instintos mais fundamentais”. O argumento não está de todo errado, mas é completamente inapropriado para enfrentar a questão no plano coletivo.
Argumentos de natureza comportamental ou fisiológica – e.g., argumentos envolvendo coisas como ‘instinto’, dor, fome ou sofrimento em geral – são apropriados naquelas situações em que lidamos com organismos que estão sendo mantidos por nós em cativeiro. É o caso de animais que vivem confinados em zoológicos, em biotérios ou em fazendas. Em todos esses casos, cabe analisar a situação no plano individual – i.e., em termos de bem-estar dos animais envolvidos.
No plano coletivo, porém, o eixo central é outro: o impacto que a espécie invasora tem (ou pode vir a ter) sobre a dinâmica ecológica local. Vivendo na rua ou em suas excursões diárias, os gatos criados soltos estão interagindo com outros organismos, sejam eles nativos ou igualmente introduzidos. Nesse nível de análise, estamos lidando com comunidades (de presas, predadores etc.) e as decisões, portando, devem ser norteadas por argumentos de natureza ecológica. Permitir que um gato doméstico – ou qualquer outra espécie invasora – se alimente ou não de presas nativas é uma questão que deve ser resolvida com base em argumentos ecológicos.
Precisamos ter respostas para perguntas do tipo: o impacto da interação entre gatos domésticos e presas nativas é significativo? Comunidades ecológicas locais podem vir a ser desmanteladas? As conclusões apresentadas por Loss e seus colegas não apenas reforçam suspeitas antigas – sim, os gatos domésticos têm um tremendo impacto negativo sobre a biota nativa, e não apenas sobre uma ou outra população de presas – como também oferecem uma estimativa em larga escala para o tamanho do estrago. Com base no que já sabemos a respeito da ecologia do gato doméstico, parece seguro afirmar o seguinte: deixar que esses animais sejam criados soltos é uma permissividade cujos resultados podem ser desastrosos. Para equacionar e resolver um problema como esse, envolvendo a manutenção de ‘bens comuns’ (i.e., populações de aves e outras presas nativas), a paixão dos tutores pelos gatos precisará ser temperada com algumas pitadas de sabedoria."







(De Felipe A P L Costa, post intitulado "O impacto negativo de uma paixão", publicado no Jornal GGN. 


Ao que diria o outro: E pensar que os calmos, preguiçosos, serenos gatos nossos de cada dia chegariam a desejar, como nunca antes, uma vida de cão...

Mas, calma, aguardemos a parte II...

Em tempo: o autor informa: artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa, em 19/3/2013; para detalhes a respeito do livro mais recente do autor, O evolucionista voador & outros inventores da biologia moderna - 2017 -, inclusive sobre a aquisição por via postal, ver aqui ou aqui.)

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