sábado, 25 de novembro de 2017

CARTA AO PAI HENFIL

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Henfil (1944-1988) foi 'descoberto' pelo semanário mineiro Binômio, nos anos 60.  No Rio de Janeiro, iniciou sua trajetória como cartunista esportivo. Suas charges bombaram. Flamenguista roxo, lançou o personagem Urubu, representando o seu time. Outros: Cri-Cri (Botafogo), Pó-de-Arroz (Flu), Bacalhau (Vasco). N'O Pasquim, cujo número 1 é de junho de 1969, abriu o leque: política, comportamento, artes. O palco foi tomado por Graúna, Bode Orelana, Capitão Zeferino, Baixinhos (Baixinho e Cumprido), sem esquecer o Cabôco Mamadô, Ubaldo [o paranoico] e o Tamanduá, que chupava o cérebro de personalidades que louvavam os anos de chumbo ou se omitiam. Passou temporada nos EUA, onde percebeu que seu processo criativo e seus valores pouco ou nada tinham a ver com o american way of life. De lá, deu início à série "Cartas da Mãe", dona Maria, crônicas que eram publicadas em IstoÉ (quando a revista tinha posição editorial diferente da de hoje), discorrendo sobre temas os mais diversos, com ênfase nas mazelas tupiniquins. Escreveu "Henfil na China", interessante relato sobre particularidades chinesas, constatadas in loco. Mestre Henfil visitou Teresina algumas vezes, onde tivemos a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Grande Henfil!


Carta ao pai Henfil

Por Marcelo Auler

Quem é daquela época lembra. Semanalmente, entre 1977 e 1984, surgiam as Cartas da Mãe. De autoria do jornalista, desenhista, cartunista, cidadão brasileiro Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988), eram verdadeiras crônicas sobre a situação que o país vivia, em plena ditadura militar.
Publicadas em excelente fase da revista Istoé, as cartas eram dirigidas à dona Maria, que vivia em Belo Horizonte. Começaram quando Henfil morou por um longo período em Nova Iorque (EUA).
Ficaram famosas, não apenas por abordarem criticamente os dramas da política brasileira naqueles dias. Mas, principalmente, pelo humor mordaz do autor. Fazem parte da História do Brasil. Narram a uma parte da nossa História Contemporânea.
Ainda são atuais. Como nos comentários sobre a previdência social, por exemplo.
Trinta e três anos depois de “Cartas da Mãe” surgiu a “Carta ao Pai”.  Foi escrita no último dia 21 de novembro, quando Ivan, filho de Henfil, completou 47 anos.
Pode ter sido filha única, quem sabe? Mas vale o registro, até porque servirá para resgatarmos a memória de Henfil,  que jamais deve ser esquecido. Com ela, aproveitamos para resgatar alguns de seus trabalhos. Algo que Ivan vem fazendo através do Instituto Henfil.
Antigos, mas atualíssimos. Como se verifica nas charges reproduzidas abaixo, a começar pela citada por Ivan na “Carta ao Pai“. Ela se encaixam perfeitamente bem no atual momento político brasileiro, pós golpe do impeachment. Momento que, como lembra Ivan, seria prato cheio para a crítica mordaz de Henfil. 
(Para continuar, clique AQUI).
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Sugestão de leitura: "Com Henfil, HQ nunca foi tão brasileira" - aqui.

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Anésio Foleiss Filho, leitor do GGN (aqui), não se conteve:
"Fui um leitor assíduo de "O Pasquim". Henfil era obrigatório, extraordinário, criações fantásticas, profícuas de crítica social numa época de baionetas mal humoradas, sarcásticas, de fino humor sobre a alma humana e suas mazelas como essência. Henfil, talento puro, extra-corajoso em pleno regime militar, o que não era fácil; aliás, de risco acentuado por enfrentar a truculência daqueles dias sombrios. A história do regime militar não pode ser contada sem o "Fradinho" enfrentando com seu humor poderoso os "milicos" raivosos e armados até os dentes. Que falta faz Henfil!!! Imagine Temer e seus asseclas golpistas, com Moro, STF, Gilmar, Aécio, Serra, FHC... Meu Deus, que material fantástico para o Henfil que, infelizmente, não iremos ver. Aliás, essas figuras impolutas devem estar aliviadas, pois Henfil não as perdoaria, de forma alguma."

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