quarta-feira, 4 de maio de 2016

SOBRE AS MULHERES NA COMISSÃO ESPECIAL DO IMPEACHMENT NO SENADO


(...)
Mulheres arrasam na Comissão do Impeachment no Senado

Por Romulus

(...) Troquei alguns tweets com Nassif e outros logo após o fim da sessão do Senado na sexta-feira. Neles observei como, na média, o desempenho dAs SenadorAs é MUITO superior ao dOs SenadorEs.


E isso independentemente de serem contra ou a favor do golpe, de direita ou de esquerda:
- Gleisi Hoffmann
- Vanessa Grazziotin – olha ela aqui de novo!
- Rose de Freitas
- Simone Tebet
Essas com argumentação técnica na ponta da língua. Não com notas de assessores decoradas (que vergonha alheia de alguns ali por isso...), e sim porque realmente dominam os assuntos de que estão falando. Além disso, não incorrem tão facilmente nos exageros retóricos dos Senadores homens. Penso que por estilo mas também porque o conteúdo – sólido – se sobrepõe à tentação de carregar na retórica e acabar ofuscando a mensagem.
- Mesmo a Sen. Fátima Bezerra – com intervenções mais políticas e mais “para a plateia” – foi muito superior à média dos seus pares homens com a mesma proposta. Não nos enganemos: intervenções dessa natureza têm o seu espaço em sessões desse tipo. São tão necessárias quanto os ataques técnicos.

Bônus (e que bônus!):
- Katia Abreu.
- Sim, está licenciada do mandato de Senadora mas foi eleita para a mesma legislatura.
- Kátia casou uma apresentação tecnicamente solidíssima com uma retórica impecável. Emotiva no tom certo para passar sinceridade.

Bônus do bônus:
- Como bem anotou o Nassif: postura da Ministra Katia Abreu foi prova definitiva de que caráter independe de coloração ideológica.
- Que caráter! Que dignidade.
- A chamada que ela deu depois da gracinha infeliz do Sen. Caiado mostrou toda a sua autoridade moral e calou-o imediatamente.
- Pena que não havia taça de vinho em sua mão. Caiado mereceu ser “refrescado” como Serra o fora em outra ocasião.

E o que isso nos mostra?
- Na política – como em todas as demais profissões – não basta à mulher ser tão boa quanto o homem. Ela tem que ser - não um pouco, mas - muito superior ao homem para:
(1) chegar ao mesmo lugar,
(2) manter-se nele e
(3) destacar-se ali.
- Vejam que as Senadoras foram escolhidas por suas bancadas para representá-las nessa Comissão.
- Comissão de suma importância.
- Evidentemente ganharam a confiança de seus pares não pela graça natural das mulheres mas pela competência que demonstraram previamente no Senado.
- E não decepcionaram!

Mulheres, parabéns! Golpistas ou democratas, vocês estão muito mais bem representadas que nós homens no Senado.
Fiquem felizes com isso, mas fiquem também tristes. Pois lá, no Senado, o machismo do mercado de trabalho também está presente.
Aliás, isso me dá uma ideia. Acabo de estabelecer um novo termômetro para o avanço da igualdade de gênero no país:
- Estaremos próximos da maturidade quando mais da metade da mesa diretora do Senado – a Câmara alta, sênior, do Parlamento – for ocupada por mulheres.
- Ora, não provaram sua superioridade no Senado? Então a igualdade de oportunidades para homens e mulheres deverá refletir-se necessariamente em ocuparem a maioria da mesa diretora!
- Maioria eleita por seus pares, com o devido reconhecimento do valor das Senadoras pelos Senadores.
- Viva a meritocracia, não?
- Enquanto for menos do que isso, o machismo também está refletido no Senado.

P.S.: ausência que se faz notar na Comissão do Senado e na minha lista de destaques femininos:
- Marta Suplicy.
- Irônico para uma sexóloga tão identificada no passado com a luta pela igualdade de gênero.
O que lhe faltou para que tivesse a confiança de sua bancada? 
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(Fonte: AQUI).
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Vale a pena ler o post completo. Para tanto, clique no 'aqui' acima.
Sobre a senadora Vanessa Grazziotin, este blog traz recentíssimos posts, cuidando de questões de ordem por ela levantadas, como, p. ex., se vê AQUI
Que as senadoras da Comissão Especial coordenem as ações conducentes à apresentação de consulta/recurso ao Supremo Tribunal Federal acerca das flagrantes incongruências constitucionais de que padece o processo de impeachment em curso! 

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ADENDO - Em 05.05: 

Réquiem de Atualização (quarta-feira - 4/5/16):
O post a seguir foi escrito na segunda-feira à noite. Tudo continua extremamente atual, contudo.
Apenas duas coisas a acrescentar:
(1) A tábua de salvação da Sen. Vanessa, como esperado, foi recusada e derrotada em votação na comissão ontem; e
(2) Janot, em resposta à clara vitória técnico-jurídica na comissão* saiu-se com o seu Tsunami de denúncias no STF.
Uma vez mais volto à frase de meu amigo Ciro:
Não suponha malícia onde burrice explicaria. Pois malícia existe sim, mas burrice abunda.
(1) A bancada do golpe comprovou sua validade mais uma vez; e
(2) Janot e a PGR – mais do que ninguém até agora – a comprovou mais uma vez.
Por que Janot/PGR/MPF?
Pensava eu que a única pessoa com visão de estratégia tosca fosse Moro e os pitbulls do MPF em Curitiba.
- Que nada! Janot é tão tosco quanto!
O que ele ganhou com esse movimento de ontem?
(i) Não só Lula mas todo o PT sendo empurrado por ele para o tudo ou nada, pois não tem mais nada a perder;
(ii) Colocou os ministros do STF do bloco “em cima do muro” em posição dificílima:
- Se lavarem as mãos estarão não só convalidando o golpe na Constituição mas também o genocídio dos membros de todo um partido político e, grosso modo, da esquerda.
Que visão tem Janot, hein?
Que belo enxadrista (!)
- Só que ao contrário e ao cubo!
Uma vez mais a frase de Ciro:
Não suponha malícia onde burrice explicaria. Pois malícia existe sim, mas burrice abunda.
Respondendo à minha própria pergunta final no post:
Sim, a resposta nesse caso foi a prevalência da estatística. A abundância da burrice venceu a escassez de malícia em Brasília.
Pobre Brasil!

*Para comentários sobre todas as apresentações e intervenções nas duas sessões técnicas da comissão do impeachment no Senado vá à minha timeline no Twitter (@rommulus_), onde comentei tudo ao vivo.
Talvez em momento futuro eu consolide toda essa análise no Twitter em um post-resumo das sessões, se o tempo – e o descompasso do fuso-horário - me permitirem.
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(Fonte: AQUI).

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