O ex-presidente Lula telefonou ontem, 18, para o garçom José Catalão, que servia café no Palácio do Planalto há mais de oito anos e foi demitido pelo presidente interino Michel Temer, sob a "acusação" de ser "petista".
"Ô meu querido, liguei para prestar minha solidariedade, você sempre foi um funcionário exemplar, que alegrava muito o palácio. É uma pena que um governo provisório aja como um governo definitivo para demitir funcionários como você", disse Lula.
Segundo o Brasil 247, aqui, Zé Catalão, emocionado, contou a Lula que já está procurando um novo emprego.
Igualmente sensibilizado, o jornalista Fernando Brito puxa - aqui - pela memória:
"Três vezes estive no governo. Duas, com Brizola, bem junto do centro do poder.
A única vez que vi crueldades deste tipo foi quando entregamos o governo a Moreira Franco, em 1987.
Sabia que iriam entrar querendo sangue e chamei um fotógrafo, querida pessoa, o Luizinho, a quem perguntei se não desejava ser transferido para bem longe, onde o ódio não o alcançasse.
Luizinho era vítima do incêndio do Circo Americano, uma tragédia que matou muita gente em Niterói, e, 1961, brincalhão como ele era todo o tempo, mostrou o braço muito disforme pelo fogo – o que nunca o impediu de ser ótimo fotógrafo, um dos melhores da equipe – e caçoou: Brito, não se preocupa comigo, qualquer coisa eu grito dizendo que o Moreira está perseguindo os deficientes (ele usou outra palavra, hoje politicamente incorreta).
Perseguiu. Luizinho se foi há quatro anos, mas deixou-se ficar, para mim e para outros colaboradores de Brizola, como símbolo do respeito com que eram tratados os servidores, sobretudo os mais modestos.
Prazer em fazer o mal, o sadismo da vingança contra os humildes.
Gente ruim não pode fazer coisas boas."
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