Supremo levou uma bofetada de Jucá. Ou o prende, ou se enterra no golpe sem exceções
Por Fernando Brito
O que há de diferente nas gravações comprometedoras de Romero Jucá e Delcídio do Amaral?
A de Jucá é incomparavelmente mais grave e comprometedora.
Delcídio queria obter uma liberdade condicional para Nestor Cerveró, a fim de que ele não fizesse ou fosse econômico numa delação premiada para, depois, ajudá-lo a fugir.
Por maior que fosse o crime, ele se circunscreve em “cantar” ministros do Supremo para libertarem um homem e, assim, evitar as acusações que ele pudesse fazer a alguns, em especial ao próprio Delcídio.
Jucá diz ter feito o mesmo “diálogo” que Delcídio diz que fez ou arranjou que se fizesse, com ministros.
Mas não foi para soltar um acusado, foi para dar um golpe de Estado que livrasse todos os acusados ou investigados do PMDB e do PSDB que estão na fila.
E para que o furor moralizante se contentasse com os que já abocanhou e os mastigasse.
Jucá disse claramente que era preciso fazer com que Dilma caísse para que parasse tudo.
"Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, diz Jucá, um dos articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária “uma coisa política e rápida”.(…)
Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O senador relatou ainda que havia mantido conversas com “ministros do Supremo”, os quais não nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.
Jucá afirmou que tem “poucos caras ali [no STF]” aos quais não tem acesso, e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a quem classificou de “um cara fechado”.
Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O senador relatou ainda que havia mantido conversas com “ministros do Supremo”, os quais não nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.
Jucá afirmou que tem “poucos caras ali [no STF]” aos quais não tem acesso, e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a quem classificou de “um cara fechado”.
Portanto, só quem ficou de fora, nas palavras de Jucá, foi Teori. O resto dos ministros está sob suspeita (para não dizer que alguns “sob certeza”) de que estavam na tramoia.
O STF levou uma bofetada.
É como se dissessem que o Excelentíssimo Dr. Ministro é um fdp.
O que vai fazer, solicitar à Procuradoria que “vá lá em casa e veja o que mamãe anda fazendo?”
Os ministros que não estiverem nessa trampa vão aceitar este conceito?
Não há desculpa para uma reação minimamente diferente da que tiveram com Delcídio, onde o processo se atropelou e mandaram prender em flagrante, porque havia, no plano, a “continuidade delitiva”.
E o plano do golpe, não está em pleno curso?
Como é que Ricardo Lewandowski vai presidir o julgamento de Dilma no Senado se Jucá não o excluiu da lista dos que teriam topado o “pacto para frear a Lava Jato” onde está?
Se a bancada do PT não fosse moloide, estaria protocolando agora um requerimento na Comissão de Ética do Senado, porque a declaração foi dada com Jucá exercendo o cargo de Senador, antes de virar ministro.
Se é que vai continuar, porque Temer talvez não possa resistir à pressão para largar seu aliado na beira da estrada. (Jucá, licenciado, foi exonerado).
Se não o fizer, e já, estará assumindo quase que formalmente o que todo mundo sabe que fazia: agir em conluio do Romero Jucá para derrubar o Governo.
Jucá revelou os intestinos dos arranjos das tais “instituições”.
E o conteúdo deles corresponde ao continente. (Aqui).
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Por volta do meio dia de ontem, quando participava de um evento organizado pela revista Veja, o ministro Barroso apressou-se em garantir a total impossibilidade de alguém conseguir influenciar o STF, sob qualquer pretexto. O ministro parou por aí.
Ocorre que, segundo a gravação, o que Jucá fez foi afirmar haver conversado com ministros, e que teria recebido, de um ou mais, impressões sobre o caminho para, digamos, 'acalmar' a Lava Jato, consistindo uma delas em que somente com o afastamento "dela" - Dilma Rousseff - é que se lograria alcançar o objetivo.
Não parece, assim, relevante saber se Jucá julgava possível ou não influenciar o STF; o que interessa é dizer que o senador teria, segundo ele próprio confessa, colhido de "alguns ministros" da Alta Corte opinião/orientação sobre 'o caminho das pedras' para a superação do 'problema', como se ministro do STF fosse conselheiro/orientador jurídico de investigado, réu ou quem quer que seja.
É para lá de evidente a tentativa de enxovalhamento do Supremo, e diante disso não pode o STF limitar-se a reagir como fez o ministro Barroso. A exemplo do observado relativamente ao desmoralizado Delcídio, punição exemplar JÁ!
(Sérgio Machado, interlocutor do senador Jucá no capítulo acima, teria acertado delação premiada - e mantido/gravado conversas individuais com Renan Calheiros e José Sarney, nas quais a Lava Jato mereceu atenção. Daí o 'capítulo único, ou não´...).
(Sérgio Machado, interlocutor do senador Jucá no capítulo acima, teria acertado delação premiada - e mantido/gravado conversas individuais com Renan Calheiros e José Sarney, nas quais a Lava Jato mereceu atenção. Daí o 'capítulo único, ou não´...).
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