quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

FINANÇAS PESSOAIS: DE OLHO NO DESPERDÍCIO


Finanças pessoais: A regra dos dois zeros

Por César Tibúrcio

Semana passada nós mostramos a “regra dos 70”, onde indicamos uma forma fácil de calcular em quanto tempo um investimento irá dobrar de valor. Esta semana iremos mostrar outra regra fácil para que o leitor evite os cálculos complexos da matemática financeira, sem perder muita precisão: a regra dos dois zeros.

Esta regra é muito útil quando desejamos saber o impacto de uma despesa mensal durante um longo período de tempo. Tente imaginar uma despesa que todo mês você tem e que poderia não existir. Algumas destas despesas existem porque você tem preguiça de cancelar o pagamento (a assinatura do TV a cabo, por exemplo); outras porque você consegue obter prazer (fumar dois maços de cigarros por dia é um caso); e existem aquelas que você paga para tentar forçar um hábito, como é o caso da pessoa que faz o pagamento da mensalidade da academia de ginástica para tentar reduzir o sedentarismo.

Vamos imaginar que você pague R$200 com da TV por assinatura. Entretanto, há muito tempo você quase não usufrui dos filmes, documentários ou notícias da sua televisão por falta de tempo. Qual o impacto desta pequena despesa no seu orçamento? Para responder a esta questão basta aplicar a regra dos dois zeros. Ela funciona de maneira bem simples: coloque dois zeros após o valor da sua despesa mensal. Assim, o s R$200 fica R$ 200 00 ou vinte mil reais. Ou seja, se você todo mês gasta duzentos reais com uma despesa de que você não está usufruindo, isto corresponde, no longo prazo, a vinte mil reais.

Faça você mesmo o teste com alguma despesa inútil mensal que você tenha. Pode ser jogar na loteria esportiva toda semana, comprar livros que poderia pegar emprestado na biblioteca ou comprar a camisa de um time de futebol. O efeito no longo prazo é facilmente obtido com a regra dos dois zeros.

Como funciona? A fórmula é derivada da matemática financeira e conhecida como perpetuidade. Quando temos uma despesa que se repete durante um longo período de tempo, o valor presente é obtido dividindo o fluxo de caixa pela taxa de juros. O que a matemática financeira chama de “perpetuidade” ou “um longo período de tempo” pode ser algo em torno de cinco a dez anos. Assim, o valor presente do pagamento de duzentos reais todo mês é obtido dividindo os duzentos pela taxa de juros. Como os juros no Brasil são tradicionalmente elevados, podemos imaginar uma taxa de 1% ao mês como o custo de oportunidade. Assim, ao dividir duzentos por um por cento temos: $200 / 1% ou $200 / 0,01. Isto corresponde a colocar dois zeros na parte de cima da expressão. (Fonte: aqui).

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Seria de bom tom que países em geral também fizessem uso da regrinha. Imaginemos o estrago causado às finanças públicas em face de dispêndios desnecessários, fraudes perpetradas em regime continuado, privilégios perpétuos oferecidos a servidores, sonegações fiscais...

(Valeria também estabelecer comparações entre valores públicos. Recentemente, alguém afirmou considerar exagerado o percentual de 13% sobre o piso salarial dos professores, que passa a ser de R$ 1.917,00. Ao que um dos interlocutores pertinentemente contestou: Que nada! Isso representa tão somente a metade do auxílio-moradia pago a diversas autoridades nacionais, benefício isento de imposto de renda e que contempla quem mora em casa alugada ou própria!
Em 10 anos, quanto representará a diferença entre o piso dos professores e o citado auxílio?).

Nota; Há controvérsias quanto a se considerar inúteis certas despesas mencionadas pelo articulista.Pra ficar em dois casos: Um joguinho de loteria faz bem, comprar camisa do time do coração, idem. Em economia, tem o tal "preço sombra": o 'valor embutido' de um bem, que seria o seu valor 'verdadeiro'. Quanto vale vivenciar a expectativa do resultado de uma loteria? Quanto vale a satisfação de envergar a camisa do meu time? Quanto vale ter em minha estante o clássico literário que de certa forma me marcou? 
O que não se admite, claro, é o esbanjamento, a esbórnia financeira, o gasto alucinado. A arte da coisa reside nesse requisito.

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