sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
PARCIALIDADE ENERGIZADA
O escândalo da importação de energia
Por Fernando Brito
A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai.
Está.
Exatos 90 megawatt, ontem.
O equivalente a estrondosos 0,12% dos 73.780 MW consumidos ontem no país.
Uma quantidade, como se vê, ridícula, embora, nesta seca, qualquer 10 mil réis sejam úteis.
Irrelevante, sob qualquer aspecto.
Mas o Brasil importava energia antes?
Sim, e muito mais.
Peguei, ao acaso, um dia de 2002, na crise energética tucana.
Importamos 673 MW da Argentina e do Paraguai no mesmo dia 21 de janeiro de 2002.
Ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente 15 vezes mais.
(Sim, porque o consumo – e a produção – de energia mais que dobraram de Fernando Henrique para cá, embora a população tenha crescido pouco mais de 20%).
Não me recordo de qualquer escândalo por isso.
Até porque, de lá para cá, importamos ou exportamos energia (e, aí, até 1.000 MW) conforme as disponibilidades da região sul do Brasil e dos países vizinhos.
Mas, agora, qualquer defeito local, a maioria das distribuidoras de energia, vai virar “prova” de que estamos na iminência de um baita apagão.
O jornalismo, no Brasil, é a política. (Fonte: aqui).
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O jornalismo, no Brasil, é a política. Claro. Alardeando a perspectiva de apagão, o jornalismo mata dois coelhos: um, a inibição de novos investimentos - com a consequente estagnação da economia - e o desvio de atenção da precariedade do abastecimento d'água em SP, decorrente, em grande parte, da omissão do governo estadual.
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