Tonho.
Cem dias para a Copa
Por Aldo Rebelo
Este ano de 2014 é especial para o futebol. Em agosto, a seleção brasileira completa 100 anos. Em fevereiro, o futebol brasileiro fez 120 anos. Em junho/julho, o Brasil sedia a 20ª Copa do Mundo da FIFA. Será a segunda Copa no País, a quinta na América do Sul. Uruguai, Argentina e Chile também já receberam o torneio.
Sabe-se lá quando haverá outra oportunidade de ver todas as seleções campeãs mundiais disputando mais um título no país que jogou todas as copas, sediou uma e ganhou cinco. Para quem gosta de futebol, uma festa ímpar.
Em 1894, o jovem brasileiro Charles Miller – filho de um escocês empregado na São Paulo Railway Company, chamado John D`Silva Miller, e de uma brasileira de origem inglesa, chamada Carlota Fox – retornou ao Brasil depois de 10 anos estudando na Inglaterra. Nas terras da Rainha, praticara rugby, cricket e o football, jogado pelos operários ingleses nas tardes de sábado.
Na volta a São Paulo, Charles trouxe na bagagem duas bolas velhas, uma bomba para enchê-las, um par de chuteiras – naquele tempo, chamadas de botinas -, uniformes usados e um livrinho com as regras do jogo da bola. Quando aquelas bolas velhas rolaram, tocadas pelos pés dos ferroviários paulistanos, o football inventado pelos súditos da Rainha começou a se transformar em futebol e – modéstia a parte – passou a ser aperfeiçoado.
Convocada pela primeira vez em 20 de agosto de 1914, a seleção brasileira conquistou, um mês depois, um título internacional: a Copa Roca, criada para aproximar Brasil e Argentina. Derrotamos os vizinhos por 1 x 0 em Buenos Aires. Uma semana antes, tínhamos perdido um amistoso para a mesma Argentina por 3 x 0.
De lá para cá, ganhamos cinco Copas do Mundo, quatro Copas das Confederações e vencemos oito vezes a Copa América. Vitórias coletivas construídas a partir da arte dos pioneiros Friedenreich (El Tigre) da década de 1920; Fausto, a Maravilha Negra da primeira Copa, em 1930; Leônidas da Silva, o melhor da Copa de 1938, e consolidadas pelas gerações seguintes.
Depois da tragédia de 1950, quando perdemos a final para o Uruguai no Maracanã – então o maior estádio do mundo – tomado por quase 200 mil pessoas, vieram o Rei Pelé, Garrincha, Vavá, Zagallo, Didi, Zito, Rivelino, Zico, Falcão, Sócrates, Ademir da Guia, filho do Divino Domingos da Guia... E o Brasil se transformou no maior vencedor de Copas da FIFA.
Não há espaço, aqui, para relatar as façanhas individuais dos nossos craques. Mas duas delas servem para homenagear todas as outras: são brasileiros o maior jogador de todos os tempos – Pelé – e o maior artilheiro das Copas, Ronaldo, que marcou 15 gols em três torneios.
Não são poucas, portanto, as qualidades que credenciam o Brasil a, daqui a cem dias, abrir a 20ª Copa do Mundo de Futebol e dar início a mais uma grande festa do esporte que emociona bilhões de pessoas em todos os cantos da Terra. Nada mais justo então, que no ano do centenário da seleção, o futebol esteja na “casa” de onde se projetou para ser esse grande espetáculo que emociona e fascina o planeta.
O país-sede pode não vencer, necessariamente, a Copa do Mundo (sofremos desse mal em 1950), mas festeja, sempre, a conquista de um legado incomensurável. O megaevento esportivo mais cobiçado e acompanhado do planeta, disputado com unhas e dentes pelos países mais desenvolvidos, é um motor de progresso e farol de projeção geopolítica.
Como desejo, esperamos que ao soar o apito final no Maracanã, em 13 de julho de 2014, o Brasil seja campeão. Como realidade concreta e irreversível, ficará um resultado extraordinário para benefício do povo brasileiro. Os números são auspiciosos. O último Balanço da Copa, que tem como referência o mês de setembro, mostra que os investimentos públicos e privados já alcançam R$ 25,6 bilhões.
As consultorias Ernst &Young e Fundação Getúlio Vargas calculam que, entre 2010 e 2014, serão movimentados R$ 142,39 bilhões adicionais na economia nacional. Para cada R$ 1 aplicado pelo setor público, R$ 3,4 serão investidos pela iniciativa privada a partir das obras estruturantes.
Devem ser gerados 3,6 milhões de empregos – o equivalente à população do Uruguai. A arrecadação de impostos atingirá R$ 11 bilhões e a população vai auferir renda adicional de R$ 63,48 bilhões apenas nesse quadriênio.
Segundo prospecção da consultoria Value Partners, os investimentos vão agregar R$ 183,2 bilhões ao Produto Interno Bruto até 2019. Os efeitos na economia serão ainda mais fecundos se o Brasil ganhar a Copa. Estudo do pesquisador britânico John S. Irons, do “Center for American Progress”, indica que o torneio da FIFA “faz rolar a bola da economia” do país-anfitrião que levanta a taça. O PIB da Inglaterra, que cresceu 2% na Copa de 1966, aumentou para mais de 3% nos dois anos seguintes. Fenômeno idêntico ocorreu com a Argentina, sede e vencedora do torneio de 1978.
Afora os aspectos econômicos, a Copa do Mundo é, antes de tudo, uma contagiante festa esportiva que, ao realizar-se no País do Futebol, encontra o seu campo perfeito. O retumbante sucesso popular da Copa das Confederações foi uma prévia da jornada de 2014. Compreendendo sua importância social e lúdica, o povo brasileiro é a favor da Copa.
Como visto, a festa do futebol inova ou acelera obras de infraestrutura para usufruto perene do povo, traz turistas, melhorias na segurança, empregos, aumento capilarizado de negócios e consequente incremento do PIB. Quando a bola rolar, no dia 12 de junho, os fãs do futebol verão que o Brasil sabe realizar uma Copa do Mundo tanto quanto ganhá-la. (Fonte: aqui).
quarta-feira, 5 de março de 2014
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