segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

HIGGS AO LARGO DO SISTEMA

Patrick Chappatte e as colisões que mudaram o mundo.

Peter Higgs, o decifrador do Bóson.

Nobel de Física de 2013 diz que hoje não teria lugar na Academia

Peter Higgs, Prêmio Nobel de Física de 2013 junto com François Englert pela descoberta do bosão de Higgs, disse ao diário inglês The Guardian que hoje não conseguiria um emprego na Academia.

– Tão simples assim. Não creio que fosse considerado suficientemente produtivo – disse.

Higgs recebeu diversos prêmios, como a Medalha Dirac pelas contribuições à física teórica do Instituto de Física em 1997, o Prêmio High Energy and Particle Physics pela Sociedade Europeia de Física em 1997, o Prêmio Wolf de Física em 2004 e o Nobel de Física de 2013. Mas duvida que a descoberta que expôs num célebre artigo publicado em 1964 pudesse ter sido feita no clima que impera nas universidades de hoje, onde os investigadores têm de produzir papers uns atrás dos outros.

– É difícil imaginar como é que no ambiente atual (da universidade) eu teria paz e tranquilidade suficientes para fazer o que fiz em 1964 – afirmou.

Higgs diz que publicou menos de dez artigos depois da sua importante descoberta de 1964, e está convencido de que teria sido despedido se não tivesse sido nomeado para o Nobel, pela primeira vez, em 1980. O que aconteceu foi que a direção da Universidade de Edinburgh percebeu que o investigador poderia vir a ganhar o Prêmio Nobel, e se não ganhasse sempre poderiam ver-se livres dele. O cientista contou ao Guardian o embaraço que ele significava para o departamento quando circulava o pedido de lista de publicações dos cientistas do departamento naquele ano, e ele respondia:

– Nenhum.

O nome de Higgs foi dado à partícula cuja existência ele previu em 1964 e que só foi comprovada pelo acelerador de partículas LHC do Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN) em 2012. O físico só lamenta que o bosão tenha ficado conhecido como “a partícula de Deus”, pois teme que essa alcunha “reforce o pensamento confuso na cabeça das pessoas que já pensam de forma confusa. Se acreditam na história da criação em sete dias, serão inteligentes?”, questionou. (Fonte: aqui).

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Assim funciona o sistema: os rankings locais - e até mesmo o mundial - de universidades são estabelecidos basicamente a partir da quantidade de papers produzidos, cuja excelência é 'aferida' à vista do conceito do veículo (revista, portal...) em que publicados. Quanto melhor a posição no ranking, melhores as verbas. Daí a obsessão pela performance de cada um. Peter Higgs seria, de fato, um estranho no ninho.

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