terça-feira, 1 de outubro de 2013

SOBRE PÉROLAS FACEBOOKIANAS


"Meus amigos, minhas amigas do Facebook,

Shakespeare não escreveu textos de auto-ajuda. Ele não tinha talento para isso - só para peças de teatro imorredouras e poemas geniais.

Fernando Pessoa assinava como Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Ramos e outros menos votados. Definitivamente, Paulo Coelho não é mais um heterônimo do poeta luso.

Cecília Meireles morreu há quase 50 anos e, portanto, não pode mais se defender. Deixem-na em paz.

Drummond costumava escrever em versos livres, sem métrica, sem rima, sem um ritmo muito evidente. Parece fácil cometer um poeminha qualquer e fingir que é dele. Não tente. Você não vai conseguir.

Se não tiver uma suave ironia e um ceticismo benigno, não é Mário Quintana.

Clarice Lispector não publicou poesia.

Luis Fernando Verissimo tem um humor sutil, que pede sorriso, não gargalhada.

A Fundação José Saramago se dá ao trabalho de esclarecer se esta ou aquela citação é de fato do escritor português. Mas nem precisava.

Jorge Luis Borges nunca era piegas. Nunca mesmo.

Ninguém sabe tudo. Ser ignorante não é desdouro. Mas não precisa exibir a própria incultura em público como se fosse um galardão.


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(De Joel Bueno, titular do blog Reflexões Irrelevantes - aqui -, a propósito de 'citações' e 'referências' inseridas no Facebook, atribuídas a personalidades diversas).

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