sábado, 8 de outubro de 2011

LITERATURA FUTURA



"Não sou fanático por tecnologia. Tenho o mesmo telefone celular há anos e não pretendo trocá-lo. Escrevo em computador, como fiz antes com a máquina de escrever. É óbvio que as máquinas facilitam a finalização de um texto. Só que as coisas estão se transformando muito rapidamente para meu gosto. Não consigo achar graça em ler livros em formato eletrônico em e-reader. Outro dia passei em uma loja Apple com a forte disposição de comprar um iPad. Cheguei lá, vi tanta gente se acotovelando para ver como funcionava o aparelho e cheguei a testá-lo. Acabei desistindo. Não sei por que, mas o iPad não me convenceu, talvez porque pareça chato escrever nele, e ler nele é dispersivo. Quem vai conseguir ler um livro inteiro meu naquele tablet? É mais um totem do culto à tecnologia. Hoje, toda a cultura se encontra a nossa disposição. E isso me preocupa. A cultura literária como conhecemos vai acabar em 20 anos. Ela já está agonizando. Obras de ficção não despertam mais interesse dos jovens, e tenho a impressão de que não são mais lidas. Hoje, a atenção é voltada para o mais novo celular, o mais novo tablet. Daqui a poucas décadas, a relação do público e do escritor com a cultura será muito diferente. Não sei como será, mas os livros em papel vão acabar. Surgirá outro tipo de literatura, com recursos audiovisuais e o que mais inventarem."


(Philip Roth, escritor americano - 1933, Newark, NY -, em entrevista à revista Época.  Roth é o único autor vivo a merecer a edição de suas obras na editora The Library of America, dedicada a escritores consagrados.
Não sei como será a literatura no futuro, mas desconfio que os livros em papel sobreviverão, pelo menos para quem aprecia fazer anotações neles. Quanto às obras de ficção e o interesse dos jovens, recordo observação feita pelo poeta Drummond em crônica publicada em priscas eras no extinto Jornal do Brasil: no futuro - hoje, ou, digamos, 2020 -, as obras de ficção continuarão despertando interesse, desde que os textos sejam curtos, enxutos. Deve ser por aí, mesmo).

2 comentários:

JD. Netto disse...

Eu ainda resisto ao celular, passo muito tempo trabalhando na internet de onde faço tudo que me provém e tem dado certo. Depois, me irritava muito ao ligar do Cel. da minha mulher e escutar um computador dizer que minha urgência estava indo pra Caixa Postal! Segundo, me toma muito tempo. Terceiro, tem jeito de coleira eletrônica.
Quem quiser falar comigo, não demora nada, me localiza.

Dodó Macedo disse...

Meu celular é bem peba. Nem mensagem eu sei formatar, tampouco me interesso.
Já sobre computador manjo o essencialíssimo. Qualquer 'saída da rotina' me deixa em sinuca.
Tecnologia é bicho chato.