sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O DOMÍNIO DO VOTO ANTISSISTEMA

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Alexandre Tambelli faz breve histórico sobre a realidade política vivenciada nos últimos tempos, reflete sobre as razões que conduziram à deterioração da realidade social entre a população e o governo, e especula sobre tendências que se apresentam a partir da divulgação das mais recentes pesquisas eleitorais (com uma ressalva relativamente à pesquisa Datafolha divulgada no dia 20).
(Em tempo: Sobre a mais recente pesquisa presidencial - realizada pela XP - e particularidades acerca das propostas de reforma da Previdência, clique AQUI).
(Em tempo II: O DataPoder 360 também divulgou pesquisa presidencial - AQUI -. Clique AQUI para conferir comentários sobre ela e outros assuntos, com Stoppa e Attuch).


Eleição 2018: a do voto antissistema 

Por Alexandre Tambelli

A eleição presidencial de 2018 tem por característica central ser um processo eleitoral marcado pelo voto antissistema. (Sobre a mais recente pesquisa presidencial - realizada pela XP - e particularidades acerca das propostas de reforma da Previdência, clique AQUI).

O Golpe de 2016 alçou ao Poder um Governo que em poucos meses se tornou rejeitado por mais de 90% da população brasileira e seus artífices políticos, no Judiciário, na PF e nos meios de comunicação, capitaneados pela Globo, foram juntamente com o Governo do Golpe perdendo a capacidade comunicacional e a possibilidade de falar para a Nação, com a confiança dela, confiança de que Temer estava indo pelo caminho certo.

Temos que entender que o Golpe fracassou, o Brasil não virou o oásis desenhado pela Globo & velha mídia e os golpistas na Política, e nem a corrupção acabou, como se desenhou via Lava-Jato e perseguição ao PT, ela cresceu, isto sim! E exponencialmente. A economia e o social afundaram-se com o Projeto de Estado mínimo e de implantação do ultra neoliberalismo; mesmo que a população não entenda tecnicamente os termos, ela sente o desastre do Governo Temer e suas propostas privatizantes e voltadas para o “mercado”.

Do desastre do Governo do Golpe o quadro eleitoral se movimentou para um voto de oposição ao Sistema, pensemos o Sistema como os mentores do Golpe de 2016: o Imperialismo, o Grande Capital Financeiro, as grandes corporações, boa parte do empresariado brasileiro top, o agronegócio e as mídias bilionárias capitaneadas pela Globo. E representadas as vontades socioeconômicas do Sistema através de brasileiros cooptados dentro dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, que passaram a agir em prol do Sistema e totalmente dissociados dos interesses do Brasil e da população brasileira.

Com poucos meses de Governo Temer se deu a dissociação entre Golpistas e eleitorado (população brasileira), não falam mais a mesma língua. Os anseios e as possibilidades dos brasileiros: emprego, salário, alimentação, consumo, Educação, Saúde, viagens e lazer, dentre outras coisas, foram se desfazendo rapidamente, e deteriorando a realidade social se deteriora a relação entre o Governo e a população.
Deste processo de deterioração imediata da Vida das pessoas Governo associado ao Sistema e seus porta-vozes midiáticos, mesmo que a população não compreenda as forças do Capital que nos controlam, perderam a opinião pública.
Os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são antissistema: Bolsonaro tem 28%, Haddad 19% e Ciro 11%, só aqui são 58% do eleitorado brasileiro em 20 de setembro. Colocando que Haddad ainda tem mais 20% do eleitorado para receber em 1° turno, chegando ao patamar de Lula em pesquisas de 40% dos votos dos brasileiros, o que já dará 78% do eleitorado que não segue o Golpe no voto.
Bolsonaro capitalizou o antissistema pela extrema-direita, é voto, também, de protesto: - contra tudo e todos os que estão ai! É a revolta em estado puro do antipetismo mais radical e do militarismo, do reacionarismo dos costumes, dos preconceitos e do extremismo religioso, é o desfecho da Lava-Jato e sua perseguição à Política, políticos e partidos políticos. Ciro pelo centro, é o candidato da novidade com racionalidade nas ideias, porém, impulsivo nos atos, Político afastado do Golpe de 2016. Haddad pela centro-esquerda e esquerda, é o candidato do Brasil de Lula, que dava certo, o do Bolso cheio, da maioria das esquerdas e um candidato centrado.
Observemos que Marina perdeu seu eleitorado ao adentrar no Golpe de 2016, via apoio, Golpe fracassado; por ter se associado no 2° turno de 2014 a Aécio contra Dilma, Aécio que se tornou o patinho feio nacional no tema corrupção e símbolo do Golpismo fracassado; e por não se apresentar como candidata de propostas plausíveis, mais preocupada em externar ressentimentos ao PT, Lula e Dilma, do que outra coisa.
Alckmin é o candidato do Golpe, os tucanos são Governo, têm ministérios e convenceram seus eleitores de que o Governo Temer seria a saída para o Brasil voltar a crescer e se desenvolver sem corrupção e não foi o que aconteceu. Ao ficarem no Governo até agora foram perdendo fôlego eleitoral e jogaram fora um eleitorado cativo no partido da ordem de no mínimo 30% de eleitores brasileiros, que abandonaram Temer rapidamente se tornando antissistema e anti-Temer. Hoje, Alckmin tem 1/5 do eleitorado tradicional do PSDB. PSDB que, em 2014, alcançou a marca considerável de 51 milhões de eleitores.
Juntando Alckmin + Amoedo, Álvaro Dias e Meireles, candidatos palatáveis ao Sistema, e temos menos de 15% do eleitorado brasileiro, ou seja, 85% dos brasileiros estão do outro lado do rubicão, navegando em outras águas, indo na direção oposta das candidaturas programadas para serem as apostas em 2018 do Sistema e seu Golpe fracassado de 2016.
Então, pelo exposto até agora, afirmamos que o vencedor da eleição de 2018 para Presidente será antissistema.
Bolsonaro tem programa de Governo na economia pró-Sistema, bem explorado este dado por Haddad no 2° turno, Haddad apontam pesquisas será seu adversário, pode desinflar, porque a despeito de todas as possibilidades de votos, dados por antipetismo, por campanha anticorrupção, por moralismos e conservadorismo nos costumes, por preconceitos e Fé religiosa extremada, este voto não é maioria significativa, penso eu, e o voto que mais conta no Brasil é o voto do Bolso cheio ou vazio.
Haddad tem tudo para vencer pelo seu Programa de Governo, que no 2° turno será melhor debatido, porque lá se torna um debate entre duas propostas e se esmiúça com mais qualidade o que cada candidato tem a oferecer para o BOLSO do eleitor.
Fazendo uma conta básica, hoje, temos + ou - 40% de eleitorado pró-PT de Lula fixos, 30% de antipetismo, que se mistura com o conservadorismo/reacionarismo e 30% entre aqueles desiludidos com a Política e os que podem ser capturados pelo Bolso. Se Haddad receber destes 30% restantes uma parcela igual de Bolsonaro já venceu a Eleição em 2° turno.
Bolsonaro tem 40% de intenção de votos no 2° turno, hoje, mas não quer dizer que manterá até lá estes 40%, é retrato do hoje, dissociado da discussão do seu programa de Governo e dos debates eleitorais mais produtivos, os do 2° turno, e a discussão do programa socioeconômico, educacional, cultural etc. do candidato. É voto, no hoje, capturado contra o Sistema, ou seja, um voto, não só do antipetismo doentio, mas, contra o Governo Temer e sua política econômico-social desastrosa. E Haddad ainda não computa metade dos votos que terá se mantiver o crescimento nas pesquisas de, ao menos, 1% ao dia. Bolsonaro que já vê Haddad empatado com ele no 2° turno.
Associando Bolsonaro a um Programa socioeconômico piorado de Temer ele perderá uma parcela do eleitorado ao seu lado hoje, porque o Bolso cheio ou vazio é quem decide a Eleição no Brasil.
Lembrando, a sociedade civil está em plena organização contra o candidato fascista; lembrando, ainda, que o antibolsonarismo é maior que o antipetismo e pode haver voto útil em Haddad contra Bolsonaro até no eleitorado mais à direita e em todo o centro.
De um voto anti-petista em 2016 chegamos ao voto antissistema e de retorno do petismo ao jogo eleitoral com chances enormes de vitória do mais forte adversário antissistema que temos, o PT de Lula, através de seu candidato Fernando Haddad e sua Vice do PCdoB, Manuela D´Ávila.
Último ponto. Seria possível um crescimento do PSDB na última semana do 1° turno dentro do eleitorado anti-petista, em um voto anti-Bolsonaro e pela possibilidade, em pesquisas, induzidas ou não, dos tucanos terem mais chances de derrotar o PT no 2° turno? Como vemos alertas de alguns estudiosos das eleições no Brasil? Do jeito que a separação tucanato e antipetismo se deu, o reencontro até pode se dar, mas, dividido: a extrema-direita ficará com Bolsonaro e a direita liberal indo na direção de Alckmin, se não acabar uma parte desta com Alckmin ou virar voto em Ciro ou branco ou nulo ou abstenções.
E Bolsonaro pode enfraquecer um pouco, não na proporção necessária para estar fora do 2°turno, afinal, a extrema-direita é mais coesa do que a direita liberal, espremida com o fortalecimento daquela. Extrema-direita que alcança, nas suas intenções de votos, partes da classe média-baixa e até dos pobres pelo conservadorismo nos costumes, na influência de programas como “Brasil Urgente” e no extremismo religioso.
P.S: Não me ative aos resultados (números) do último Datafolha, de 20 de setembro, porque me parece e li analistas eleitorais que concordam ele trabalhou os dados dentro da margem de erro por interesses eleitorais da contratante, a Rede Globo. É pouco realista tentar dizer que há empate técnico entre Haddad e Ciro.  -  (Aqui).

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