Do Jornal GGN
Pelo menos quatro testemunhas das audiências do processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convocadas pelos procuradores da força-tarefa, evidenciaram a existência de acordos em andamento ou tentativas do governo norte-americano de se apoiar em delatores da Lava Jato para processar a Petrobras.
Para o historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, os investigadores da Petrobras "seguramente têm consciência do que fazem". "E, ao que tudo indica, o desmantelamento das empresas brasileiras e a danificação da economia do país constituem o alvo oculto da Operação Lava Jato", afirmou, em entrevista ao GGN.
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O depoimento mais contundente:
Paulo Roberto Costa confirmou à defesa de Lula que, sim, fechou um acordo de colaboração com órgãos norte-americanos, com o auxílio da Procuradoria-Geral da República. Costa confirmou que houve duas reuniões com autoridades dos Estados Unidos e do Brasil, em conjunto. (Nota deste blog: as intervenções dos advogados de defesa do ex-presidente ocorreram por ocasião do interrogatório, pelo juiz Sérgio Moro, das testemunhas de acusação - Costa é uma delas - elencadas pela PGR).
"Gostaria de saber se o senhor está colaborando com algum órgão americano em relação aos fatos discutidos nesta ação", afirmou (o advogado) Zanin. "Foi assinado um documento de colaboração com o aval da Procuradoria-Geral da República, mas eu não posso entrar em detalhes, porque é sigiloso", disse Costa.
O ex-executivo da Petrobras foi o que trouxe mais detalhes sobre a atuação do Ministério Público Federal (MPF) junto a delatores da Operação Lava Jato para colaborar com o Departamento de Justiça e a Polícia Federal norte-americana FBI em investigação contra a estatal: (Nota deste blog: a Petrobras, que opera na bolsa de Wall Street desde os anos 90, responde por ações judiciais nos EUA, interpostas por investidores individuais e fundos diversos, inclusive de pensão):
Cristiano Zanin: O senhor pode dizer quantas vezes o senhor viajou aos Estados Unidos para fazer esse acordo?
Paulo Roberto Costa: Nenhuma.
Cristiano Zanin: O acordo foi feito no Brasil?
Paulo Roberto Costa: O acordo foi feito no Brasil.
Cristiano Zanin: Como esse processo ocorreu, em língua portuguesa, inglesa, ou ambas?
Paulo Roberto Costa: Ambas.
Cristiano Zanin: Além do advogado do senhor e dos órgãos americanos, evidentemente, participou mais algum agente público brasileiro?
Paulo Roberto Costa: Das reuniões, sim.
Cristiano Zanin: O senhor pode declinar quem são essas pessoas?
Paulo Roberto Costa: Nome não tenho no momento.
Cristiano Zanin: Sabe declinar o cargo que elas exercem?
Paulo Roberto Costa: Pessoas ligadas à Procuradoria.
Cristiano Zanin: De Brasília ou de Curitiba?
Paulo Roberto Costa: Eu acredito que é de Brasília.
Cristiano Zanin: Quantas reuniões foram?
Paulo Roberto Costa: Acho que foram duas reuniões, uma ou duas.
Cristiano Zanin: Já se encerrou a colaboração ou continua em curso?
Paulo Roberto Costa: Como foi dito aqui, se assinou o documento, para no momento apropriado se aprofundar, é um documento muito genérico, vai se aprofundar no momento adequado.
Questionado sobre o acordo fechado pelo ex-diretor da Petrobras com as as investigações da Promotoria de Justiça norte-americana, enviando documentos e prestando depoimentos em ações daquele país contra a estatal brasileira, Luiz Alberto Moniz Bandeira fez uma reflexão inversa: "se ele fosse cidadão americano e estivesse a colaborar com a Polícia Federal e o Ministério da Justiça do Brasil, contra uma empresa estatal ou mesmo privada dos Estados Unidos, lá seria provavelmente execrado".
"E, no Brasil de outrora, Calabar foi enforcado por haver colaborado com as forças de ocupação da Holanda. Judas, por haver colaborado com os romanos e traído o Cristo, condenou-se a si próprio. E enforcou-se. Não sou a favor da pena de morte, mas tal cooperação se reveste de um caráter antinacional e teria de ser punida", continuou.
O historiador destacou que Costa e outros delatores da força-tarefa de Sérgio Moro não são os primeiros a colaborar com o país norte-americano. "Em 1964 uma fração das Forças Armadas, em conexão com os Estados Unidos, derrubou o governo constitucional do presidente João Goulart. E, atualmente, são os responsáveis pela Operação Lava Jato, que contribuíram para o golpe do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, efetuado pelo Congresso, com a conivência de ministros de tribunais superiores e o respaldo da mídia corporativa", concluiu. (A matéria completa está Aqui).
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Clique AQUI para ler "A cooperação da Lava Jato com a justiça americana" - 'Lava Jato deve esclarecer suspeita sobre cooperação com EUA', de Kennedy Alencar.
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Clique AQUI para ler "A cooperação da Lava Jato com a justiça americana" - 'Lava Jato deve esclarecer suspeita sobre cooperação com EUA', de Kennedy Alencar.
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