segunda-feira, 28 de março de 2016

OS POBRES NA ALÇA DE MIRA DO GOLPE


Arrocho sobre os pobres. É essa a cara do "Brasil do Golpe"

Do blog de Fernando Brito

Ilustrada pela foto que vai acima e que dispensa comentários lombrosianos, o Estadão publica uma matéria com algumas linhas gerais do “programa econômico” do golpismo assanhado.
O porta-voz de Michel Temer, Moreira Franco – figura nefasta que dispensa apresentações aos cariocas e fluminenses e que não se elege nunca mais prefeito aqui em Niterói – confirma que as “ideias” econômicas são semelhantes  às das medidas “anunciadas por Armínio Fraga, no próprio Estadão, em setembro passado.
Como o jornal não as cita, cito eu:
  • Metas de saldo primário de 1%, 2% e 3% do PIB (para suportar o pagamento de juros mais altos, claro) para os próximos três anos, baseadas em premissas realistas e em receitas recorrentes (as metas atuais não estão sendo cumpridas e de qualquer forma são insuficientes).
  •  Aprovação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres (para gerações futuras) e reaprovação do fator previdenciário.
  •  Desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo (a vinculação é cara e regressiva).
  •  Introdução de um limite para a dívida bruta do governo federal como proporção do PIB.
  •  Reforma do PIS/Cofins e do ICMS já proposta, acrescida da unificação e simplificação das regras do ICMS (por muitas razões, inclusive a integração interna do País).
  •  Mudança das regras trabalhistas também na mesa (em que o negociado se sobrepõe à lei).
  •  Aumento da integração do Brasil ao mundo (um primeiro passo seria transformar o Mercosul em zona de livre-comércio).
  •  Discussão sobre o tamanho e as prioridades do Estado (requer limite ao crescimento do gasto, o que, por sua vez, demanda as reformas abaixo).
  •  Fim de todas as vinculações e adoção de um Orçamento base zero (sem prejuízo de espaços plurianuais, nunca permanentes).
  •  Meritocracia e a boa gestão no setor público.
  •  Revisão da cobertura da estabilidade do emprego no setor público.
  • Revisão do capítulo econômico da Constituição (adotar a economia de mercado. Qualquer interferência do Estado deverá ser justificada e seus resultados posteriormente avaliados).
De novo, Moreira acrescenta mais uma pérola: reestruturação do SUS. E você acha que é para melhorar e gastar mais com saúde pública? Pública, não, com as empresas de planos de saúde, feito a que comprou André Esteves – outro que soltaram rápido – e revendeu para os estrangeiros.
Resumindo: arrocho sobre os trabalhadores, pobres, idosos, adesão às regras comerciais dos EUA, fim da estabilidade e terceirização de serviços públicos e, claro, cortes nos gastos subsidiados do Governo: saúde, habitação, financiamentos educacionais e, sem estardalhaço, o próprio Bolsa-Família.
Contam com uma “folga” de tempo para fazê-lo, porque será inevitável que façam o que agora condenam, usar parte de nossas reservas cambiais para aliviar as pressões dos gastos e atender à fome de contrapartidas em projetos da base parlamentar a saciar.
Quem pensa que o golpismo vem apenas para atender aos apetites políticos, tire o contracheque da chuva.
Distribuição de renda, soberania econômica, desenvolvimento da infraestrutura serão coisas do passado, pior até que depois do golpe militar.
O único bom negócio que me ocorre para fazer no Brasil pós-golpe, se ele vier, além do alto mundo financeiro onde a gente só entra como vítima, será importar do Oriente Médio aqueles chicotes de autoflagelação e vender na Avenida Paulista para a classe média – a tola – que acha que está “salvando o Brasil” atirando-o aos lobos. (Aqui).
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Na lista dos beneficiários do golpe há que incluir também os que auferem SUPERSALÁRIOS, violentando o disposto no artigo 37 da CF relativamente ao teto de remuneração, atualmente em cerca de R$ 33 mil. Graças a benesses e penduricalhos imorais, servidores diversos recebem salários em torno de R$ 200 mil; haveria juízes recebendo algo como R$ 80 mil. Projeto de Lei impondo as correções devidas há tempos aguarda, sem perspectivas, votação na Câmara dos deputados, sob o silêncio conivente da grande mídia.
Quanto à anunciada pressão sobre os pobres, bem, limito-me a dizer: nenhuma surpresa.

Um comentário:

joao disse...

dodo
sempre
sempre do lado certo