sábado, 30 de janeiro de 2016

SOBRE O CASO DO IATE


O 'iate' do Lula e o jornalismo 'sem noção'

Por Fernando Brito

Folha hoje se supera.
Apresenta como “prova” da ligação de Lula com o sítio que ele nunca negou frequentar, em Atibaia, um barco comprado por D. Mariza, sua mulher e mandado entregar lá.
A “embarcação”, como se vê no próprio jornal,  é um bote de lata comprado por R$ 4.100.
Presta para navegar num laguinho, com a mulher, dois amigos e o isopor, se ninguém fizer muita gracinha de se pigar em pé, fazendo graça.
É o “iate do Lula”, quase igual ao Lady Laura do Roberto Carlos e só um pouco mais modesto do que as dúzias de lanchas que você vê em qualquer destes iate clubes que existem em qualquer cidade praiana.
A pergunta, óbvia, é: e daí que o Lula frequente o sítio? E daí que sua mulher tenha comprado um bote, sequer a motor, para pescar umas tilápias, agora que já não podem, como nos velhos tempos, fazer isso na represa Billings?
Qual é a prova de que a reforma do sítio foi paga pela Odebrecht (segundo a Folha) ou pela OAS (segundo a Veja)?
E se o Lula frequentasse a mansão de um banqueiro? E se vivesse nos iates – os de verdade – da elite rica do país?
O que o barquinho mixuruca prova a não ser a absoluta modéstia do sujeito que, quatro anos atrás, escandalizava essa gente carregando um isopor para a praia?
Os jornais, a meganhagem e a turma do judiciário – que já não se separam nisso – estão dedicados a destruir o “perigo lulista”.
Esqueçam o barquinho: o que eles querem é ter de novo o leme do transatlântico.
Perderam até a noção do ridículo, convencidos de que já não há resistência a ele nas mentes lavadas do país.
E acabam revelando que, em suas mentes,  o grande pecado  de Lula, que ganha em  palestras pagas o suficiente para comprar uma “porquera” daquelas por minuto que passe falando, ou para alugar uma cobertura na Côte D’Azur do Guarujá,  é continuar pensando como pobre:  querendo comprar apartamento em pombal e barquinho de lata para ficar de caniço, dando banho em minhoca.
É que ter nascido pobre é um crime que até se perdoa, imperdoável mesmo é continuar se identificando com eles. (Fonte: aqui).
................
De fato, o furor contra o 'perigo lulista' mobiliza diversas 'frentes' e parece não ter limites. 
Lida a 'manchete' no 'home' do Uol, o leitor vai à matéria e depara com a foto do 'iate' - de alumínio, sem motor, como acima reproduzida - do Lula. Como diria a turma d'O Pasquim, 'Cáspite'. Seria perfeitamente compreensível se um leitor ironizasse: "Tás brincando, Folha!..." 

....
Nota: Voltando a esse caso notabilíssimo: Há pouco, o Jornal Nacional repercutiu a 'denúncia' da Folha, acima tratada, mas, estrategicamente, para evitar ridículo maior ainda, deixou de exibir a foto do tal iate, quero dizer, barco de alumínio, sem motor. (Como diria Paulo Francis, ao tempo do 'Diário da Corte': "Pfiu").

Nenhum comentário: