Ganância, a mãe dos desastres ambientais
Refletindo sobre a tragédia patrocinada pela Samarco, identifiquei, sem surpresa, um ponto comum entre esse e outros grandes desastres mundiais. Vejamos:
PRELIMINARMENTE
Tragédia de Bhopal, Índia, dezembro de 1984: 40 toneladas de gases tóxicos vazaram na fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide. É considerado o pior desastre industrial ocorrido até hoje, quando mais de 500 mil pessoas, a sua maioria trabalhadores, foram expostas aos gases. O número total de mortes é controverso: houve num primeiro momento cerca de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras 10 mil ocorreram devido a doenças relacionadas à inalação do gás. A Union Carbide, empresa de pesticidas de origem americana, negou-se a fornecer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expostos. Cerca de 150 mil pessoas ainda sofrem com os efeitos do acidente e aproximadamente 50 mil pessoas estão incapacitadas para o trabalho, devido a problemas de saúde. As crianças que nascem na região filhas de pessoas afetadas pelos gases também apresentam problemas de saúde. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as agências de saúde da Índia ainda não conseguiram obter da Union Carbide e de seu novo dono, a Dow Química (Dow Chemicals), informações sobre a composição dos gases que vazaram e seus efeitos na saúde. Apesar deste quadro absurdo, a fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica enquanto que resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando solo e águas subterrâneas, dentro e no entorno da antiga fábrica. Hoje sabe-se que o composto químico era oisocianato de metila. (Fonte: wikipedia - AQUI).
A wikipedia prossegue em seu registro sobre o assunto, destacando, por exemplo, o empenho de cada um dos responsáveis pelo sinistro em tirar o corpo fora, tentando fugir ao dever de indenizar as famílias das milhares de vítimas fatais e indiretas. Então, surgem no texto os seguintes dizeres:
"Os sistemas de segurança da fábrica eram insuficientes, devido ao corte de despesas com segurança imposto pela matriz da empresa, nos EUA, que por sua vez acontece por causa do retorno esperado da indústria não ser suficiente."
Eis aí a causa comum: a ânsia pelo lucro, a ganância por dividendos mais gordos, que impõe corte radical e indiscriminado de custos.
O presidente da Samarco é um ex-estagiário cuja ascensão foi meteórica na estrutura da empresa. É bem provável que o sucesso fenomenal tenha sido produto do chamado 'estado de prontidão', ou seja, da desmedida disposição do jovem de estourar a boca do balão (que gíria!), de oferecer, a cada jornada, grana aos borbotões aos interessados, recebendo aplausos e, claro, excelentes bônus. Dessa forma, qualquer recomendação de despesa adicional com reforço de segurança foi liminarmente descartada: Pô, sem essa, vai comprometer o desempenho!
Talento é isso (se é que me entendem...). Não à toa, a Samarco abiscoitou cinco ambicionados prêmios de empresa do ano, homenagens oferecidas pela revista Exame, do grupo Abril.
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