terça-feira, 27 de outubro de 2015

SOBRE A OPERAÇÃO ZELOTES: ANÁLISES E REVELAÇÕES

"A busca feita pela Polícia Federal na empresa de Luis Cláudio Lula da Silva é a chegada a um objetivo longamente perseguido por adversários extremados do ex-presidente e mesmo por numerosa corrente de delegados da PF: os Lula da Silva sob investigações criminais. Se com motivação justificada ou não, toda informação por ora é precária, apesar da autorização judicial para a busca.
Qualquer que seja a resposta futura, uma certeza ficou estabelecida desde a chegada da PF, às 6 horas da manhã, à LFT Marketing Esportivo: a par do seu formalismo apenas policial/judicial, é um fato político. Importante. Além dos reflexos imediatos que possa gerar, tem propensão a projetar efeitos sobre o futuro da política brasileira. (Concordo com você: se há uma coisa que parece não ter futuro no Brasil, é a política. Mas terá que inventar algum.)
Fala-se muito na candidatura de Lula em 2018. Indício confiável, nesse sentido, nenhum. Agora, porém, dá-se o tipo do fato que empurra para definições os temperamentos, pessoais e políticos, como o de Lula: o explosivo contido à força, na sua percepção real ou elaborada de injustiças, e mágoas, e gana de dar sua resposta aos fatos devedores.
Caso não se mostre justificado o capítulo que a Polícia Federal iniciou com a operação na empresa de Luis Cláudio, a consequência mais provável é que Lula se lance à reconquista do poder. Com a determinação de quem vê uma só reparação à altura, vital mesmo. A realidade brasileira já está semeada para uma tal disposição.
A hipótese contrária, de implicação de Luis Cláudio com condutas criminais comprováveis, não teria efeito menos forte, embora oposto. Não é provável que sobrasse a Lula determinação para ter ainda um papel de relevo na política. E o PT sem Lula? Campo aberto para a ascensão dos seus adversários de sempre, depois de se devorarem no esforço comum de ver se algum deles adquire trejeitos de líder político.
Há o que apreciar, portanto. Mas não só dos atores citados. Os silenciados são, talvez, ainda mais interessantes. E a operação na empresa de Luis Claúdio abriu uma fresta na cortina que os protege.
A PF lá esteve como parte das investigações que se desenvolvem (?) em torno do poderoso sistema de corrupção há anos e anos vigente no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - Carf, a instância em que se decidem as pendências entre grandes devedores de impostos e a Receita Federal. Por motivos que dispensam referência, essas investigações não produzem em agentes e responsáveis a ânsia de vazamentos já conhecida. E o pouco que vaza pende muito mais para as gavetas do que para a divulgação. Parte da mesma operação, a busca na empresa de Luis Cláudio Lula da Silva pende, porém, para as impressoras, a tv, o rádio e a internet.
As investigações no Carf, chamadas de Operação Zelotes, tanto têm se ocupado de condutas de má-fé, como de questões polêmicas em que o apontado devedor ou não o é, ou é sem intenção. Há grandes meios de comunicação nas três situações. No seu caso, procedem todos para evitar noticiário escandaloso, comprometedor e talvez injusto. Poderiam fazer disso tanto um mea culpa, como um aprendizado, tardio embora."




(De Janio de Freitas, na Folha de São Paulo, coluna intitulada "Filho da política", reproduzida no Jornal GGN - aqui.
A propósito, convém destacar o que figura no blog O CAFEZINHO:
"Bomba! Os documentos secretos da Operação Zelotes!

Por Miguel do Rosário
Mais um furo histórico do Cafezinho!
Fontes do Cafezinho que detêm informações e documentos sigilosos sobre a Operação Zelotes estão chocadas com a armação midiático-policial montada para cima do filho de Lula.
A Zelotes envolve dezenas de empresas e figurões. É a nata do sistema bancário e midiático nacional. Largar esse osso para perseguir o filho de Lula é o cúmulo do mau caratismo!
Jamais a imprensa procurou obter, junto aos órgãos competentes, informações sobre esses suspeitos.
Milhares de repórteres, e nada!
Tão diferente da Lava Jato, onde as informações, também sigilosas, são vazadas praticamente online para a imprensa!
No Senado, foi montada uma CPI, sob presidência do PSDB, e nenhuma informação jamais vazou, apesar da importância capital dessa operação, que poderia se tornar o símbolo do combate à principal corrupção no país: a corrupção fiscal, que desvia mais de R$ 600 bilhões por ano dos cofres públicos!
Uma dessas fontes, revoltada com a pistolagem de setores da mídia e do Ministério Público, que parecem ter se tornado agentes políticos anti-PT ao invés de autênticos representantes do povo na luta contra a corrupção no país, passou-me um conjunto de documentos sigilosos da Polícia Federal, contendo os pedidos de prisão, de busca e apreensão, de bloqueio de contas.
Com esses documentos, a mídia não poderá mais seguir o seu jogo sujo de desviar o foco para o "filho de Lula", que não tem nada a ver com a história.
São 494 páginas! A imprensa, se estiver mesmo interessada, se quiser ao menos fingir que é imprensa, poderá se fartar!
Os leitores do Cafezinho - que são repórteres bem mais honestos e livres do que a nossa imprensa comercial - também podem ajudar, recortando partes específicas e trazendo para a área de comentários.
São bilhões de reais desviados, que envolvem sobretudo bancos e empresas de mídia, como a RBS, afiliada da Globo.
Usem a ferramenta de buscar e confiram: os documentos estão cheios de referências à RBS, ao banco Safra, ao Santander, ao Bradesco, à Gerdau.
Nada sobre o filho de Lula!
Enfiar o filho de Lula ou sua empresa nesse lamaçal é a mais sombria desonestidade jornalística.
Esta nova fase Operação Zelotes, me contam essas fontes, foi aberta como forma de tentar tirar do foco a incapacidade da PF e do MPF de prender os responsáveis pelos desvios no CARF, estimados pela PF em quase R$ 20 bilhões.
Segundo minhas fontes, e os documentos estão aí, as investigações da Zelotes levantaram os seguintes nomes, como suspeitos pelos desvios no CARF: Leonardo Siade Manzan, Maurício Taveira e Silva, Antônio Lisboa Cardoso, Mauro Marcondes Machado, Edison Pereira Rodrigues (ex-presidente do CARF nomeado por FHC), Meigan Sack Rodrigues (filha do Edison), Jorge Victor Rodrigues (caso Santander e Safra), Lutero Fernandes do Nascimento, Eduardo Cerqueira Leite (caso Bradesco), Jeferson Ribeiro Salazar (caso Santander), José Teriju Tamazato (caso Santander e Bradesco), Mário Pagnozzi Junior, João Inácio Puga (ex-diretor banco Safra), Wagner Pires de Oliveira (caso JS SAFRA), Jorge Celso Freire da Silva (caso Santander), José Ricardo da Silva (centro das investigações), João Batista Gruginski (caso Gerdau), Adriana Oliveira e Ribeiro (caso Gerdau), Silvio Guatura Romão, Ezequiel Antonio Cavallari, Alexandre Paes dos Santos (lobista).
Destes 21, só foi pedida a prisão de Alexandre Paes dos Santos, José Ricardo, Eduardo Valadão, Mauro Marcondes e Cristina Marcondes. Há um foragido." - Para continuar, clique AQUI).

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